Por Leandro Villela de Azevedo Em Artigos

Professores escravos

Outubro, além de ser mês de eleição, também é mês dos professores!

Já parabenizou o seu professor? Você é professor? Acha que professor anda meio desvalorizado nos dias de hoje?

Você, professor, já se sentiu escravo de sua escola ou de seus alunos? Você, aluno, já pensou em como pareceria maravilhoso ter o seu professor como seu escravo? Essa estranha realidade, que talvez possa ser muito semelhante ao que vemos ocorrer em algumas escolas, não é apenas moderna. Na antiguidade clássica já havíamos vivido importantes épocas em que professores eram escravos de seus alunos.

Como isso é possível? Por volta dos séculos III a I antes de Cristo, em Roma, era praticamente consenso que os melhores professores vinham da Grécia, que era considerada o berço da filosofia e do conhecimento racional. Entretanto, no final desse período Roma vem a conquistar a Grécia e trazê-la para dentro de seu império. Como de costume, os romanos quando conquistavam faziam escravos. E entre os gregos os melhores escravos eram professores. Assim sendo, muitas famílias romanas de épocas próximas ao nascimento de Jesus poderiam gabar-se de terem adquirido escravos gregos para garantir a educação de seus filhos. O próprio termo “pedagogo” utilizado para definir os professores hoje em dia é formado por “pede” que significa criança (como em pediatra) e “gogo” que significa “aquele que leva, que mostra o caminho”. Muitos acreditam que o “levar” era o sentido figurado de “conduzir o pensamento”, mas não sabem que o significado original da palavra era realmente “o escravo que leva a criança” nome usado pelos gregos aos “escravos babás”.

Mas antes que os alunos malcriados se animem com a ideia de ter um professor escravo, esses gregos que eram “comprados” para serem professores dos filhos dos ricos romanos, em geral, tinham autoridade completa sobre a criança, aplicavam castigos físicos e eram a maior autoridade exceto a do próprio pai. Professores escravos da Roma antiga eram mais respeitados no geral do que os nossos professores livres da atualidade. Se bobear até em termos de salários esses escravos tinham suas vantagens. É claro que sendo escravos não tinham salário, mas moravam nas mansões dos seus alunos podendo usufruir de tudo o que houvesse de melhor lá como se fossem membros da própria família. E agora, o que acha da ideia de um professor escravo?

Leandro Villela de Azevedo é professor de História, graduado pela Universidade de São Paulo (USP)

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Leandro Villela de Azevedo

Professor de História, graduado pela Universidade de São Paulo (USP)

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