Por Roberto Girola Em Artigos

Psicoterapia inadequada

Psicoterapia inadequada pode ter quais consequências?

O processo psicoterapêutico – estou me limitando aqui à psicanálise, que é minha área de atuação – é sem dúvida delicado e exige que o profissional o conduza não apenas com competência técnica, mas também com uma predisposição pessoal para a arte do “cuidar”, que lhe permita ter “empatia” com os seus pacientes e a capacidade de acolhê-los adequadamente.

Isto contudo não é suficiente. Para que o processo seja minimamente adequado, a tradição psicanalítica vê a atuação do analista apoiada em um tripé, que envolve o conhecimento teórico, a análise pessoal e, pelo menos inicialmente, a supervisão de um colega mais experiente.

O conhecimento teórico é essencial para uma primeira aproximação da complexa trama do psiquismo e, em particular, do funcionamento do inconsciente, evitando improvisações cujo efeito pode ser negativo em termos terapêuticos.

A análise pessoal garante que o futuro terapeuta entre em contato com o próprio mundo interno, ajudando-o a perceber a atuação do inconsciente na sua história pessoal. Isto faz com que ele se familiarize com o funcionamento do inconsciente, além de evitar que “projete” no paciente seus problemas pessoais ou seus afetos. Por exemplo, se um analista estiver lidando com problemas pessoais não analisados com seu casamento, poderá projetá-los no paciente, atacando inconscientemente o casamento dele.

Mais ainda, se por um lado é essencial para o processo terapêutico o fenômeno que Freud chamava de transferência, ou seja, a comunicação afetiva do paciente com seu analista, não há dúvida que este ingrediente fundamental pode também estragar o prato se não for manejado com cuidado pelo analista, levando, por exemplo, o paciente à dependência afetiva do analista, ou a esforços de “sedução” do analista em relação ao paciente para não perdê-lo.

Finalmente, a supervisão garante que o analista iniciante evite erros na condução do processo e o alerta sobre eventuais aspectos do seu psiquismo que interferem na análise do paciente.

Roberto Girola é psicanalista e terapeuta familiar

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Roberto Girola
Roberto Girola

Psicanalista e terapeuta familiar

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