Por Miguel Júnior Em Artigos

Sobre brancos e nulos

Se há um povo que não sabe votar, esse é o brasileiro. A cada eleição, percebemos o quão ínfima é a capacidade de escolha de um modo geral. Acreditar nas promessas – esta palavra, agora, foi trocada por “compromissos” –, aceitar favores, votar no candidato que disse oferecer emprego para um próximo, tentar eleger um membro da família por status etc., são as causas mais corriqueiras para se alçar um incompetente ao poder.

O fruto da incompetência no voto é o mar de lama no qual vivemos, repleto de corrupção, apadrinhamento político e, principalmente, superpovoado por indivíduos com má intenção. Política é sinônimo de organização, o que não ocorre muito por aqui. Fomos reconhecidos internacionalmente por não cumprirmos os compromissos antes formalizados – vide Copa do Mundo. Até hoje há obras inacabadas.

Outro ponto a ser discutido é a serventia dos votos brancos e nulos. Muitos creem que contribuindo com os nulos e brancos, caso se ultrapasse 50%, outra eleição poderá ser convocada. É um erro. O voto em branco é aquele no qual o eleitor expressa seu contentamento com qualquer candidato que vier a ganhar. Representa a satisfação de ver qualquer candidato no poder, ou seja, é o mesmo que entrar numa festa sem saber de quem, o que está sendo servido e qual o traje a se usar. O que importa é só a diversão.

O voto nulo representa o contrário: demonstra que o eleitor não concordou com as propostas de nenhum candidato. Votar nulo é dizer que não aceita as propostas de qualquer cidadão propenso a ocupar um cargo eletivo. É uma forma de protestar. Cá para nós, é bem melhor do que votar em palhaços, analfabetos e incompetentes.

Nenhum dos dois tipos de votos é considerado válido. Dessa forma, quanto mais nulos e brancos houver, menos votos válidos serão contabilizados. Segundo o advogado eleitoral José Alexandre Machado, “quanto maior o número de votos nulos e brancos, menor a necessidade de votos válidos para eleger um candidato. Por exemplo: no caso de 10.000 eleitores, se nenhum votar em branco ou nulo, todos os votos serão válidos. O candidato vencedor será aquele que receber 50% dos votos mais 1, isto é, 5.001 votos. No entanto, se entre esses 10.000 eleitores, 50 votarem em branco ou anularem, haverá 9.950 votos válidos. Assim, o candidato será eleito se alcançar 4.976 votos.”

Portanto, amigo(a) eleitor(a), precisamos pensar muito para oferecer nosso voto a alguém. É importante que tenhamos consciência nos segundos destinados a nossa escola. Nosso país não precisa mais de homens que passem em branco ou que sejam nulos no que se propuseram a fazer.

Miguel Júnior é mestre em Linguística, jornalista e professor universitário

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Miguel Júnior
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