Somente profundas transformações em aspectos estruturais da relação economia-sociedade podem efetivar a construção de um novo modelo econômico com característica de justiça social.
Uma dessas transformações tem ponto de partida e de chegada: são as pessoas, por meio de forte mobilização e ativo poder de articulação (ponto de partida) entre si, que devem começar a realizar a transformação para uma modelo de economia mais solidário (ponto de chegada) possa se efetivar.
É forçoso atentar para o seguinte: elaborar modelos econômicos especificamente centrados na valorização das pessoas e dos grupos sociais, cuja temática de cooperação promova embasamento às ações, tanto dos próprios indivíduos, quanto dos agentes executores de políticas públicas, é tarefa árdua; porém, é construtivamente exequível.
É exequível a partir do momento em que tomamos ciência que esse modelo aqui sugerido aponta para uma situação em que haja desenvolvimento de todos e para todos. Um modelo que seja essencialmente de total inclusão, de incorporação, de partilha, de cooperação.
Como fazer isso? Paul Singer em A economia solidária no Brasil apresenta sete passos para o alcance desse modelo: 1. A autogestão para a solidariedade; 2. O fortalecimento das iniciativas econômicas cooperativadas e associativas; 3. O desenvolvimento de redes de apoio mútuo, de intercâmbios diversos; 4. A criação de formas alternativas de crédito e poupança; 5. O desenvolvimento de capacidades técnicas e científicas por meio de pesquisas e técnicas cada vez mais adequadas à satisfação das necessidades e aspirações humanas; 6. O desenvolvimento da capacidade de identificação dos potenciais e dos limites da natureza e o condicionamento do crescimento econômico a tais limites; 7. A criação de novos espaços sociais através da constituição de Conselhos, Assembleias e Fóruns permanentes.
A matriz de construção desse modelo faz ressaltar as diferenças entre dois capitais que têm a finalidade suprema de dar suporte ao próprio modelo: o social e o humano.
Diferenças entre ambos: 1. capital social engloba a participação de grupos sociais nas relações que envolvem a cooperação e a confiança entre as pessoas; 2. capital humano se relaciona com o fortalecimento das competências e habilidades das pessoas.
Marcus Eduardo de Oliveira é economista especializado em Política Internacional
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