Por Miguel Júnior Em Artigos

Tempestade sem bonança

Dizer que o Brasil passa por uma crise brava é chover no molhado; já caiu no uso comum. Não bastassem os achaques vindos do exterior, confirmando a fragilidade da economia brasileira, ainda nos assustamos com a divulgação da inflação média do mês de março, muito além do esperado pelos órgãos do Governo. A principal causa, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi o aumento exorbitante da energia elétrica.

Apesar desse amplo aspecto negativo que paira sobre nós, parece ilusória a posição brasileira no ranking de potências econômicas: sétimo lugar. Uma verdadeira potência! Outro lugar-comum é que o Brasil é um país de proporções continentais, bonito por natureza e composto por um povo trabalhador. Tudo correto, a não ser pelo fato disso tornar-se desculpa pelas adversidades e contratempos pelos quais passamos agora.

Temos medo; e isso está no fato de que não podemos confiar no futuro, já que as incertezas político-econômicas são a causa maior para que percamos o chão. Trabalhar, pagar impostos sem ter nada em troca; absolutamente nada. Vivemos inseguros, solitários num mundo obscuro no qual, talvez, desconfiemos da própria sombra. Em quem confiar?

Quando se trata de crise econômica outros problemas surgem, como a violência. É evidente que os índices de crimes não partem apenas disso, mas faltando oferta de empregos, aumenta-se a marginalidade, assim tornamos o ambiente mais inóspito. Somos alvos fáceis.

Nos últimos anos, acostumamo-nos a ter dinheiro no bolso, comprar o que necessitávamos, viajar, ter o conforto real proveniente dos nossos esforços. Agora, nosso suor não é mais capaz de acompanhar esse trilhar da vida. Não nos acostumamos mal. Apenas tivemos aquilo que minimamente era justo. Com tais crises, precisamos controlar a situação financeira e maquiar o estresse por não ter o que precisamos.

Porém, não precisamos apenas do conforto, mas, sim, de uma paz que parece não existir. A calmaria não está próxima nem mesmo a luz no fim do túnel apareceu de relance. Há muita tempestade por vir. Passaremos por terremotos nunca dantes sentidos. As contendas serão épicas. Quem sofrerá, mais uma vez, será o lado mais fraco: nós.

Miguel Júnior é mestre em Linguística, jornalista e professor universitário

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Miguel Júnior
Miguel Júnior

Mestre em Linguística, jornalista e professor universitário

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