Muitas informações partilhadas nas redes sociais atingiram um grau dogmático tão arrogante e violento, que no mínimo causa perplexidade até no mais fiel dos crentes
Por Pe. Ulysses da Silva, C.Ss.R. Em Artigos

Um ano mais humano ou mais digital?

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Alguns profetas da era digital e, mais especificamente, da inteligência artificial estão anunciando que, em mais algumas décadas, chegará ao fim a história da raça humana, porque o homem será transformado em algoritmos, alimentados por potentíssimos computadores. Nosso livre arbítrio, já tão limitado, deixará de existir totalmente. Nossas decisões "livres" brotarão de mensagens inseridas em nosso cérebro como se fossem nossos sentimentos e nossas ideias. Por mais absurdo que possa parecer esse tipo de previsão científica, tenho a impressão de que já temos alguns sinais assustadores disso, quando constatamos o estrago que algumas redes sociais têm provocado em indivíduos, em grupos de pessoas e em todo o mundo.

Parece que para muitos de nossa geração atual sua consciência humana está sendo dominada por algoritmos, tal a força condicionante das redes sociais sobre o modo de pensar e de sentir. Nota-se uma inversão total de valores e uma polarização emocional estúpida, capaz de provocar ódio e anátemas mútuos, comandados de fora para dentro por grupos que usam e abusam da tecnologia. Comparado a uma droga virtual, que vicia e viraliza, esse tipo de comunicação está corroendo a capacidade de pensar de milhões de pessoas e interferindo negativamente nas relações familiares, sociais e religiosas. É o que vemos acontecer no mundo das ideologias da política mundial, da política brasileira e até das grandes religiões, como o islamismo e o cristianismo. Muitas informações partilhadas nas redes sociais atingiram um grau dogmático tão arrogante e violento, que no mínimo causa perplexidade até no mais fiel dos crentes. Hoje, não são poucos os católicos que se dividem em partidos fanáticos e se insurgem contra o Papa e os bispos, porque determinados produtores de "Fake News" conseguiram torná-los dependentes de seu bombardeio ideológico sectário.

Leia MaisAno Novo: a Paz é possívelEstamos iniciando um novo ano. Nossos votos, mais do que “muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender”, deveriam se transformar em uma súplica insistente ao Espírito Santo para que nos guie de novo pelo caminho do bom senso, da fidelidade a nosso "Credo" e da comunhão de Igreja.

Que seja um ano de reconciliação fraterna, em que os valores do mandamento do amor, da união na família e na Igreja soem mais alto do que a verborreia das redes sociais. É urgente que o amor a Jesus Cristo e a fidelidade a seu Evangelho e à Igreja nos façam renunciar a uma polarização negativa. Precisamos voltar à virtude do diálogo direto, que, mesmo em questões de confronto de ideias, nos faz crescer no amor, no respeito mútuo e na solidariedade para as causas mais importantes. Antes que o ano avance por trilhas perigosas, devemos renovar nossa resposta à questão de Jesus: “De que adianta ganhar o mundo inteiro, se vier a perder sua vida?” (Mc 8,36). De que adianta ganhar o mundo inteiro em acessos midiáticos, se servem apenas para insuflar descontentamento e ódio, provocar revoltas e criar divisões entre nós? Para aqueles que se preocupam com a salvação e com a vida eterna, é muito mais sábio deletar o quanto antes esse tipo de comunicação.

Para nossa geração, ainda é tempo de não se deixar reduzir a algoritmos manipulados pelo que há de pior na evolução humana. Se temos de evoluir, que seja em direção ao Reino de paz e de justiça que Jesus anunciou e pelo qual sacrificou sua vida. Só Ele ressuscitou e só Ele pode nos garantir a participação em sua Páscoa, salvando nossa vida para que se torne eterna.

Escrito por
Pe. Ulysses da Silva, C.Ss.R. (Aquivo redentorista)
Pe. Ulysses da Silva, C.Ss.R.

Missionário Redentorista e membro da Academia Marial de Aparecida

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