Por Allan Ribeiro Em Jornal Santuário

Empresário vende casa e compra hotel para ajudar imigrantes

Imagine deixar quase tudo para viver junto a pessoas que pouco se conhece. Pode parecer estranho ou até mesmo loucura para muitos, mas para o empresário Luis Claudio Corsini, 39 anos, é sinônimo de amor ao próximo. E, diante das dificuldades enfrentadas pelos imigrantes no país, o mineiro não cruzou os braços. Logo resolveu se solidarizar. Vendeu a própria residência e adquiriu um hotel desativado na cidade em Esmeralda (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte, para dar muito mais do que um abrigo, uma nova perspectiva de vida aos estrangeiros.

Foto de: Arquivo Pessoal

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Carlos Eduardo, à esquerda, e Luis Claudio, à direita, junto a um grupo de imigrantes acolhido pela casa

 

A ideia surgiu do desejo do próprio empresário em dedicar a vida às obras sociais. Em outubro, ele adquiriu o imóvel. Ao todo, são 40 quartos com capacidade para 160 imigrantes. Outras 24 acomodações são direcionadas às famílias de voluntários e a outro projeto de reintegração terapêutica.

“Adquirir o hotel desativado, usando a casa foi um sinal de Deus na minha vida. Nos últimos 4 anos tive diversas revelações que fizeram uma grande mudança de curso na minha vida. Tais mudanças me tornaram melhor, passei a ter compaixão e claramente mudanças de valores éticos e de princípios.Minha mudança está prevista para este mês e tenho muita expectativa nessa nova etapa da minha vida”, afirma o empresário que irá se mudar com a esposa para o imóvel.

Ao lado do amigo missionário, Carlos Eduardo Braga Menezes, 35 anos, o empresário coordena a Casa de Apoio ao Imigrante e Refugiado. O espaço teve como inspiração um projeto semelhante, organizado no estado do Amazonas. Foi em Manaus (AM) que o amigo do empresário desenvolveu um trabalho parecido com haitianos. A partir daí veio a ideia de aplicar o mesmo modelo em Minas.

Hoje, o principal objetivo do projeto é acolher e também promover o imigrante no mercado de trabalho. No abrigo eles recebem suporte de moradia, alimentação, curso de português, regularização de documentação, qualificação para atuarem na construção civil, encaminhamento para as empresas parceiras do projeto, entre outros auxílios.

Cercado por uma extensa área verde, a casa tem diversas áreas comuns, uma cozinha com capacidade para preparar refeições para cerca de 100 pessoas e uma piscina. A ideia do projeto é que alguns dos imigrantes e refugiados possam trabalhar até mesmo na cozinha da casa ou na limpeza das áreas comuns.

Atualmente, 20 pessoas vivem no abrigo. Não há um tempo estipulado para permanência. Uma análise é feita de acordo com as necessidades de cada um, buscando sempre o que é melhor para o refugiado ou imigrante. Mais de 65 imigrantes passaram pelo local ao longo dos três meses de funcionamento. Hoje, todos os ex-moradores da casa estão empregados e vivem em bairros da região metropolitana.

O perfil do público atendido pela casa é predominantemente haitiano, mas o local já acolheu imigrantes de outras nacionalidades como espanhóis, cubanos, venezuelanos. Depois do terremoto de 2010 no Haiti, que deixou mais de 200 mil mortos e afetou a vida de outros 3 milhões, mais de 65 mil pessoas abandonaram o país mais pobre das Américas com destino ao Brasil. Trouxeram na bagagem a esperança de encontrar novas oportunidades e desbravarem um futuro melhor. A região Sudeste é o principal destino final dos migrantes. O Brasil abriga 1,8 milhões de imigrantes regulares, segundo dados da Polícia Federal, o que representa 0,9% da população do país. Esse fluxo tem se acentuado ao logo dos últimos anos.

Diante de histórias singulares, alguns personagens se ressaltam. Luis Claudio lembra emocionado de um casal de haitianos com idade avançada que havia deixado os três filhos no país de origem. Sem trabalho há mais de um ano no Brasil, os dois conseguiram emprego, intermédio da casa de apoio, como caseiros em um sítio da região. “Foi muito emocionante vê-los com uma nova perspectiva de vida e a gratidão e carinho com que manifestaram seu agradecimento”, afirma.

Foto de: Arquivo Pessoal

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Casa desenvolve diversas atividades para inserir imigrantes na sociedade

 

Mas os desafios do dia a dia da casa são enormes. Hoje, a maior dificuldade é o pagamento de despesas operacionais como a conta de energia e compra de gás – os gastos mais expressivos do abrigo.

O mineiro conta que toda essa história de um empresário conduzindo o projeto pode levar as pessoas a presumirem que ele seja um sujeito abastado financeiramente, mas a realidade é outra e a casa conta com a solidariedade de outras pessoas. “Coloquei tudo o que tenho para me dedicar a essa causa e passei a ter menos bens materiais para buscar algo que não podemos ver com nossos olhos. Tenho depositado minha total confiança em Deus mesmo nos momentos de maior dificuldade”, expressa.

A casa conta com uma equipe de voluntários e missionários. Atualmente 7 pessoas atuam especificamente para o projeto com imigrantes. Para garantir a manutenção do projeto, os idealizadores buscam voluntários para ensinar português, para ajudar no trabalho da casa, além de parcerias com empresas privadas.

As empresas e os voluntários que quiserem ajudar o projeto podem entrar em contato pelo telefone: (31) 99196-9884.

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