Medicina e Religiosidade: uma mistura que pode dar certo
Imagem: Shutterstock
Tenho observado, em minha prática clínica, que a confiança estabelecida entre médico e paciente é uma das coisas mais importantes para o bom êxito do tratamento. Tal opinião está em concordância com a de diversos autores mencionados na obra Saúde e Oração: A busca da cura e do autoconhecimento pela fé, da Editora Santuário. Muitos cientistas acreditam que a verdadeira essência da Medicina é o cuidado com o doente, ao consolá-lo, quando necessário, ao respeitar seus limites e ao criar um verdadeiro ritual durante a consulta.
Há trabalhos científicos demonstrando que uma das maneiras de aumentar a confiança do enfermo em relação a seu médico é a abordagem de aspectos da religiosidade do primeiro pelo último. O paciente se sente mais próximo do médico ao ser questionado sobre sua religião. Ele percebe o interesse pela sua pessoa, pela sua vida, quebrando o gelo no relacionamento.
Muitas vezes, os profissionais de saúde não se sentem à vontade para abordar esse tipo de assunto no atendimento aos doentes. É importante cercar-se de alguns cuidados, procurando conhecer previamente o ambiente em que será desenvolvido o trabalho, bem como respeitar as crenças do indivíduo, mantendo-se neutro ao assisti-lo.
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Mas, afinal, por que rezar pelos doentes? A utilização da prática religiosa no tratamento de doenças é um assunto que divide opiniões. A teoria de que a oração deve ser empregada na terapêutica complementar não é unânime. Existem seus opositores, tanto no meio científico quanto entre os leigos.
Encerrando essa temática, coloco aqui a observação de que o mais importante, quando Jesus curava os doentes, não era o milagre em si, mas a maneira como Ele os tratava, ou seja, o carinho e a atenção com que se dirigia a eles. Ele libertou o cego de sua cegueira, o paralítico de sua imobilidade, o leproso de seu isolamento imposto pela sociedade excludente da época. Ele punha as mãos sobre e também “nos” doentes, demonstrando por eles compaixão, ternura e solidariedade. Ele conquistava a confiança daquelas pessoas fazendo com que elas assumissem também a responsabilidade de sua cura: “Vai, toma tua cama e anda” (Mc 2,11).
Valdelene Nunes de Andrade Pereira
Médica e autora do livro “Medicina e Espiritualidade”, lançado pela Editora Santuário
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