Intercâmbio de experiências, cultura e diversidade são três pontos fortes que podem definir bem o 4º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação (Pascom), realizado no Centro de Eventos padre Vítor Coelho de Almeida, no Santuário Nacional de Aparecida, entre os dias 24 a 27 de julho.
Foto de: Jornal Santuário
Padre Antônio Spadaro reforçou que
a melhor comunicação é o testemunho.
Desta vez, o tema que norteou as reflexões foi Comunicação, desafios e possibilidades para evangelizar na era da cultura digital. O encontro quis motivar a discussão da mídia e da comunicação na Igreja Católica e recebeu aproximadamente 900 comunicadores católicos de todo o Brasil.
Também foi realizado, ao mesmo tempo, o 2º Seminário Nacional de Jovens Comunicadores. Os dois eventos foram promovidos pelas Comissões Episcopais para a Comunicação e Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e trouxeram grandes nomes da comunicação na Igreja como, por exemplo, o doutor em ciências da comunicação, Elson Faxina, a assessora da comissão episcopal pastoral para comunicação da CNBB, Ir. Élide Fogolari, o mestre em ciências da comunicação Moisés Sbardelotto, o doutor em teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, mestre em comunicação social e professor na Universidade Gregoriana de Roma, padre Antônio Spadaro, SJ, entre outros.
Na cerimônia de abertura, o bispo auxiliar de Aparecida, dom Darci José Nicioli, fez um discurso de acolhida aos participantes. “Nosso encontro tem o privilégio de receber especialistas e pesquisadores do Brasil e do exterior. Sintam-se todos acolhidos no Santuário Nacional, que é morada de Deus, casa de Maria e lugar de encontro de irmãos”, disse o bispo.
Dom Darci também falou que o encontro oferece reflexões de forma prática, para melhor articular, animar e motivar a Pascom da Igreja do Brasil, tendo presente a cultura gerada pelas novas tecnologias. “São momentos de vivência e aprofundamento do tema proposto. A 4ª edição está celebrando uma conquista importante para a nossa Igreja, a publicação do Diretório da Comunicação que vem pautar a vida e a prática de comunicação de toda a Igreja. É instrumento imprescindível para todos os agentes de Pascom”, salientou.
O bispo auxiliar de Aparecida também ressaltou o crescimento do número de participantes, que desde o primeiro encontro saltou de 140 inscritos em 2008, para 400 em 2010, 600 em 2012 e mais de 900 em 2014.
O arcebispo de Campo Grande (MS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, disse que a adesão confirma o que Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil se propõe: criar uma cultura da comunicação na Igreja no Brasil. “Assumimos a consciência de que vivemos, como disse o Papa emérito Bento XVI, num continente digital, passamos a entender que a Internet não é um mero instrumento, mas uma ambiência na qual as novas gerações são formadas. Mais uma vez precisamos adequar a linguagem do Evangelho anunciado para que ele seja interessante e inteligível às novas gerações, sobretudo dos nativos digitais.
Foto de: Jornal Santuário
Elson Faxina: 'Criamos um novo tipo de
ser humano que não quer ser massa, ele
não quer ser número, ele quer ser
protagonista'.
O bispo referencial para a juventude e bispo auxiliar de Campo Grande, dom Eduardo Pinheiro da Silva, lembrou que o encontro aconteceu justamente na semana de aniversário da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). “Investir na criatividade e no potencial da juventude é investir no Evangelho. Mais do que nunca, a Igreja precisa dos jovens para que ela possa cumprir um contexto de cultura midiática e a sua missão de anunciar com eficácia a palavra de Deus”, falou dom Eduardo.
Momento marcante
Padre Antônio Spadaro, SJ levantou aplausos dos participantes pelo grande entusiasmo e contribuição. Teve direito até a Selfie coletivo com os participantes.
Ele foi claro nas suas declarações de que somos sempre muito atingidos pela tecnologia. “Nós somos atingidos pela tecnologia e ela nos parece bela, nova, moderna, mas a internet não é a tecnologia, não são os computadores, os tabletes, os telefones, pois a tecnologia são as pessoas e as pessoas são a internet.”
Segundo Spadaro, o Papa Francisco, em sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2014, disse que a rede digital, pode ser um lugar rico de humanidade, não só uma rede de fios, mas uma rede de pessoas. Para ele é errado pensar na internet como simplesmente o computador ou tablete. “São pessoas humanas conectadas”, falou.
Padre Antônio Spadaro também explicou que a Internet não é a ferramenta da evangelização, porque internet não é instrumento, mas sim um ambiente.
Foto de: Jornal Santuário
Moiséis Sbardelotto apresentou o
Diretório de Comunicação.
Também foi apresentado que não há uma diferenciação do ambiente virtual e real. Para ele ambos são reais. “A internet é um tecido de conexões das experiências humanas. O desafio desse ambiente é muito grande, porque é exatamente o desafio da vida”, afirmou.
Ele citou o Papa Francisco antes de tornar-se pontífice. “O cardeal Bergoglio, em 2002, disse que a internet põe a Igreja diante de uma nova cultura, novos desafios que implicam uma nova energia e uma nova imaginação para proclamar o Evangelho de Cristo.”
Outro ponto importante discutido é que a evangelização não é a transmissão da fé, mas o testemunho da fé.
Intimidade com Deus
O envolvimento pessoal é a própria raiz do testemunho como comunicador que transmite a confiança, demonstra a segurança. De acordo com Spadaro, Bento XVI disse, em 2013, que o testemunho cristão não se faz com o bombardeamento de mensagens religiosas, mas com a vontade de doar-se aos outros, através da disponibilidade, paciência e respeito, no caminho da busca pela verdade. “Nós devemos saber nos inserir no diálogo com as pessoas, para que se possa compreender suas expectativas, suas dúvidas e também suas esperanças. Dialogar significa estar convencido que o outro tem algo de bom a dizer, significa renunciar a pretensão de que as próprias ideias sejam únicas e absolutas”, explicou.
A mensagem que também foi proposta por Spadaro é que Evangelizar em rede não significa apenas fazer, mas antes disso escutar. “A Igreja está na rede primeiramente para escutar aquilo que os homens têm a nos dizer. Acolher bem também é evangelizar e ao acolher alguém também seremos Cristo, portanto não são chamados a serem simplesmente transmissores da palavra de Deus, pois são chamados a ser Cristo no ambiente digital.”
Dentro deste contexto, padre Spadaro afirma que quem é chamado a evangelizar, não é chamado a pregar no sentido mais radical da palavra, mas desenvolver relações e colocar o Evangelho em conexão com as pessoas. “Se um conteúdo não gera relações, paixão, diálogo, não vale nada.”
Diretamente de Roma, por meio de videoconferência, o presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, dom Claudio Maria Celli, recordou aos participantes que a Igreja cresce por meio da atração fraterna, do testemunho. Segundo dom Celli, este é o tema forte da teia comunicativa da Igreja.
Ao pensar na dimensão da comunicação da Igreja, a assessora nacional da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, Ir. Élide Maria Fogolari, analisou a evolução do encontro, que começou com 140 pessoas na primeira edição e viu o número de participantes aumentar a cada ano. “Avalio a partir desse crescimento de participantes que a comunicação está se articulando de forma consciente, profunda e profissional na Igreja do Brasil. Podemos dizer que a comunicação está se concretizando e estamos conseguindo criar a cultura da comunicação que já começa a fazer parte dos valores e da vida e da dinâmica da Igreja”, avalia.
Para o assessor nacional da comissão para a comunicação da CNBB, padre Clovis Andrade de Melo, o maior fruto do encontro é perceber que os participantes saem entusiasmados e conscientes da importância da missão de evangelização no ambiente digital. “Diante das reflexões, desfez-se a ideia de estar em várias redes sociais e entendeu-se que é preciso ser presença de testemunho e coerência no ambiente digital, que isso sim faz a diferença. Não basta colocar conteúdo, é a presença do cristão que testemunha com exemplo e atitude que ganha força maior”.
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