Por Eduardo Gois Em Notícias Atualizada em 18 MAR 2019 - 11H03

4º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação reúne cerca de 900 pessoas

Intercâmbio de experiências, cultura e diversidade são três pontos fortes que podem definir bem o 4º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação (Pascom), realizado no Centro de Eventos padre Vítor Coelho de Almeida, no Santuário Nacional de Aparecida, entre os dias 24 a 27 de julho.

Foto de: Jornal Santuário

Padre Antonio Spadaro credito Jornal Santuário

Padre Antônio Spadaro reforçou que
a melhor comunicação é o testemunho.

Desta vez, o tema que norteou as reflexões foi Comunicação, desafios e possibilidades para evangelizar na era da cultura digital. O encontro quis motivar a discussão da mídia e da comunicação na Igreja Católica e recebeu aproximadamente 900 comunicadores católicos de todo o Brasil.

Também foi realizado, ao mesmo tempo, o 2º Seminário Nacional de Jovens Comunicadores. Os dois eventos foram promovidos pelas Comissões Episcopais para a Comunicação e Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e trouxeram grandes nomes da comunicação na Igreja como, por exemplo, o doutor em ciências da comunicação, Elson Faxina, a assessora da comissão episcopal pastoral para comunicação da CNBB, Ir. Élide Fogolari, o mestre em ciências da comunicação Moisés Sbardelotto, o doutor em teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, mestre em comunicação social e professor na Universidade Gregoriana de Roma, padre Antônio Spadaro, SJ, entre outros.

Na cerimônia de abertura, o bispo auxiliar de Aparecida, dom Darci José Nicioli, fez um discurso de acolhida aos participantes. “Nosso encontro tem o privilégio de receber especialistas e pesquisadores do Brasil e do exterior. Sintam-se todos acolhidos no Santuário Nacional, que é morada de Deus, casa de Maria e lugar de encontro de irmãos”, disse o bispo.

Dom Darci também falou que o encontro oferece reflexões de forma prática, para melhor articular, animar e motivar a Pascom da Igreja do Brasil, tendo presente a cultura gerada pelas novas tecnologias. “São momentos de vivência e aprofundamento do tema proposto. A 4ª edição está celebrando uma conquista importante para a nossa Igreja, a publicação do Diretório da Comunicação que vem pautar a vida e a prática de comunicação de toda a Igreja. É instrumento imprescindível para todos os agentes de Pascom”, salientou.

O bispo auxiliar de Aparecida também ressaltou o crescimento do número de participantes, que desde o primeiro encontro saltou de 140 inscritos em 2008, para 400 em 2010, 600 em 2012 e mais de 900 em 2014.

O arcebispo de Campo Grande (MS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, disse que a adesão confirma o que Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil se propõe: criar uma cultura da comunicação na Igreja no Brasil. “Assumimos a consciência de que vivemos, como disse o Papa emérito Bento XVI, num continente digital, passamos a entender que a Internet não é um mero instrumento, mas uma ambiência na qual as novas gerações são formadas. Mais uma vez precisamos adequar a linguagem do Evangelho anunciado para que ele seja interessante e inteligível às novas gerações, sobretudo dos nativos digitais.

Foto de: Jornal Santuário

Elson Faxina Credito Jornal Santuário

Elson Faxina: 'Criamos um novo tipo de
ser humano que não quer ser massa,  ele
não quer ser número, ele quer ser
protagonista'.

O bispo referencial para a juventude e bispo auxiliar de Campo Grande, dom Eduardo Pinheiro da Silva, lembrou que o encontro aconteceu justamente na semana de aniversário da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). “Investir na criatividade e no potencial da juventude é investir no Evangelho. Mais do que nunca, a Igreja precisa dos jovens para que ela possa cumprir um contexto de cultura midiática e a sua missão de anunciar com eficácia a palavra de Deus”, falou dom Eduardo.

Momento marcante

Padre Antônio Spadaro, SJ levantou aplausos dos participantes pelo grande entusiasmo e contribuição. Teve direito até a Selfie coletivo com os participantes.

Ele foi claro nas suas declarações de que somos sempre muito atingidos pela tecnologia. “Nós somos atingidos pela tecnologia e ela nos parece bela, nova, moderna, mas a internet não é a tecnologia, não são os computadores, os tabletes, os telefones, pois a tecnologia são as pessoas e as pessoas são a internet.”

Segundo Spadaro, o Papa Francisco, em sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2014, disse que a rede digital, pode ser um lugar rico de humanidade, não só uma rede de fios, mas uma rede de pessoas. Para ele é errado pensar na internet como simplesmente o computador ou tablete. “São pessoas humanas conectadas”, falou.

Padre Antônio Spadaro também explicou que a Internet não é a ferramenta da evangelização, porque internet não é instrumento, mas sim um ambiente.

Foto de: Jornal Santuário

Moises Sbardelotto Foto Jornal Santuário

Moiséis Sbardelotto apresentou o
Diretório de Comunicação.

Também foi apresentado que não há uma diferenciação do ambiente virtual e real. Para ele ambos são reais. “A internet é um tecido de conexões das experiências humanas. O desafio desse ambiente é muito grande, porque é exatamente o desafio da vida”, afirmou.

Ele citou o Papa Francisco antes de tornar-se pontífice. “O cardeal Bergoglio, em 2002, disse que a internet põe a Igreja diante de uma nova cultura, novos desafios que implicam uma nova energia e uma nova imaginação para proclamar o Evangelho de Cristo.”

Outro ponto importante discutido é que a evangelização não é a transmissão da fé, mas o testemunho da fé.

Intimidade com Deus

O envolvimento pessoal é a própria raiz do testemunho como comunicador que transmite a confiança, demonstra a segurança. De acordo com Spadaro, Bento XVI disse, em 2013, que o testemunho cristão não se faz com o bombardeamento de mensagens religiosas, mas com a vontade de doar-se aos outros, através da disponibilidade, paciência e respeito, no caminho da busca pela verdade. “Nós devemos saber nos inserir no diálogo com as pessoas, para que se possa compreender suas expectativas, suas dúvidas e também suas esperanças. Dialogar significa estar convencido que o outro tem algo de bom a dizer, significa renunciar a pretensão de que as próprias ideias sejam únicas e absolutas”, explicou.

A mensagem que também foi proposta por Spadaro é que Evangelizar em rede não significa apenas fazer, mas antes disso escutar. “A Igreja está na rede primeiramente para escutar aquilo que os homens têm a nos dizer. Acolher bem também é evangelizar e ao acolher alguém também seremos Cristo, portanto não são chamados a serem simplesmente transmissores da palavra de Deus, pois são chamados a ser Cristo no ambiente digital.”

Dentro deste contexto, padre Spadaro afirma que quem é chamado a evangelizar, não é chamado a pregar no sentido mais radical da palavra, mas desenvolver relações e colocar o Evangelho em conexão com as pessoas. “Se um conteúdo não gera relações, paixão, diálogo, não vale nada.”

 

4º Encontro Nacional da Pastoral da Comunicação

Diretamente de Roma, por meio de videoconferência, o presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, dom Claudio Maria Celli, recordou aos participantes que a Igreja cresce por meio da atração fraterna, do testemunho. Segundo dom Celli, este é o tema forte da teia comunicativa da Igreja.

Ao pensar na dimensão da comunicação da Igreja, a assessora nacional da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, Ir. Élide Maria Fogolari, analisou a evolução do encontro, que começou com 140 pessoas na primeira edição e viu o número de participantes aumentar a cada ano. “Avalio a partir desse crescimento de participantes que a comunicação está se articulando de forma consciente, profunda e profissional na Igreja do Brasil. Podemos dizer que a comunicação está se concretizando e estamos conseguindo criar a cultura da comunicação que já começa a fazer parte dos valores e da vida e da dinâmica da Igreja”, avalia.

Para o assessor nacional da comissão para a comunicação da CNBB, padre Clovis Andrade de Melo, o maior fruto do encontro é perceber que os participantes saem entusiasmados e conscientes da importância da missão de evangelização no ambiente digital. “Diante das reflexões, desfez-se a ideia de estar em várias redes sociais e entendeu-se que é preciso ser presença de testemunho e coerência no ambiente digital, que isso sim faz a diferença. Não basta colocar conteúdo, é a presença do cristão que testemunha com exemplo e atitude que ganha força maior”.

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