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Academia Marial de Aparecida completa 30 anos

Quando, no Santuário Nacional de Aparecida, o Congresso Eucarístico Nacional foi aberto, naquele 16 de julho de 1985, os brasileiros ganharam de presente um espaço totalmente dedicado ao estudo da Mariologia. Nascia a Academia Marial.

Academia porque visa formar pessoas especializadas e Marial porque é restrita à figura de Maria.

Em 30 anos cresce, entre seus associados, uma espiritualidade transformadora, cada vez mais amorosa à Virgem Maria e que leva a vida cristã ao conhecimento da fé.

A Academia Marial é um lugar onde aqueles que se envolvem aperfeiçoam seus estudos, entrando no mistério do amor de Deus para com a humanidade e conhecendo Maria como alguém que vai nos ensinando a viver a fé. “A Academia desenvolve a formação dos cristãos para que conheçam melhor a pessoa e a missão da Mãe de Jesus na história da salvação, esclarecendo a sua presença nos dogmas, na liturgia e nos diversos títulos. Promove diálogo ecumênico e inter-religioso para estudar e aprofundar o mistério, o significado e o papel de Maria na Igreja e na vida pessoal de cada um”, afirma o ex-diretor da Academia, padre Ademir Bernardelli.

Há que se revelar que a Academia não é um meio de divulgação mariana apenas para intelectuais e acadêmicos, mas também para o povo, pois a propagação não é limitada e rompe barreiras, seja ao se divulgar uma catequese, ou quando se publicam artigos em jornais, revistas etc.

Padre Ademir, que foi diretor no ano de 2009, destaca o papel da Academia em 30 anos de história como um grande veículo de divulgação mariana para todo o país. “Tem o papel de divulgador da fé, em seus estudos, congressos, exposições, como também por meio de tantos associados. A Academia ganhou seu espaço e é conhecida até mesmo fora do Brasil. Dá-nos ainda mais um grande orgulho saber que estamos caminhando e divulgando o papel de Maria na obra e cooperação da Redenção.”

Na avaliação do também ex-diretor da Academia entre 2006 e 2008, padre Vicente André, a existência da Academia Marial de Aparecida tem sido uma grande fonte da Espiritualidade Mariana. “Dessa fonte jorra o amor de Cristo a todos os que participam, direta ou indiretamente, da reflexão mariológica, pois, a reflexão aprimora o conhecimento e a experiência devocional fortalece o vínculo da fé, promovendo e dinamizando a comunhão com Cristo, que dá vida a toda a Igreja.”

O arcebispo de Pouso Alegre (MG), dom José Luiz Majella Delgado, era padre entre 2003 e 2005, época em que foi diretor da academia. Ele conta a experiência que teve na ocasião. “Foi um privilégio o tempo vivido na Academia Marial. Muitos encontros, estudos e uma oportunidade de criar um trabalho tendo como foco a evangelização a partir do jeito de ser de Maria, a primeira discípula de Jesus. Os três anos vividos na Academia Marial proporcionaram aprofundamento de estudos e reflexão da teologia mariana; conhecimento mais amplo sobre a devoção do povo à Nossa Senhora; oportunizou a criação e interação com grupos de pessoas que vivem uma sólida consciência de Maria Santíssima, segundo a Doutrina da Igreja; favoreceu a maneira de evangelizar os romeiros no Santuário Nacional com uma cultura mariana numa perspectiva de um encontro pessoal com Jesus Cristo. Com os associados da Academia, difundimos conhecimento e buscamos encontrar caminhos sobre uma nova maneira de aprender a amar Maria, a Mãe de Jesus”, detalha.

Desafios, experiência e crescimento

Apesar de estar em pleno crescimento em participação de associados e grande notoriedade, com um número recorde de 400 associados, a Academia passou também por momentos desafiadores. No início, a difusão da mariologia era mais lenta, menos pessoas estavam envolvidas e a Academia ainda não estava organizado da maneira que é hoje.

Entre 2000 e 2001, padre Ferdinando Mancilio foi o diretor. Ele partilha um pouco sobre as dificuldades de uma época de transição. “Eu e o padre Eugênio Bisinoto pegamos um período de transição. Depois de uma fase com uma linha diferente de atuação que durou cerca de 15 anos, o padre Eugênio conseguiu reorganizar a Academia e reestruturar a questão dos associados. Foi nesse período que começamos a sonhar em fazer congressos”, explica padre Ferdinando.

Ele cita a criação de um grupo pensante dentro de uma linha mariológica que contava com participações do teólogo, filósofo e escritor Clodovis Boff e também da professora Lina Boff. “Conseguimos trabalhar, mas não conseguimos organizar, por causa da disponibilidade dessas pessoas, diante dos trabalhos que eles tinham. O Clodovis, por exemplo, ficava seis meses no Brasil e seis meses em Roma, dando aula, então ficaria difícil fazer um grupo para sentar e traçar metas. Não consegui porque fiquei apenas dois anos”.

Padre Ferdinando destaca principalmente o período em que o missionário redentorista padre Antonio Clayton de Sant’Anna esteve na diretoria, de 2010 a 2015. “Tudo se concretizou com a organização dos simpósios e dos congressos, e padre Clayton conseguiu com êxito esse trabalho, que é admirável. Circunstâncias e a realidade do momento em que estive na diretoria não permitiram que se fizessem grandes coisas, embora houvesse o desejo de fazer”.

Segundo padre Ferdinando, a inexperiência em conduzir um organismo de tamanha responsabilidade foi um desafio interessante. “Eu peguei a direção por uma circunstância pastoral dentro do santuário. Temos de aceitar desafios, pois quando você sabe fazer não há desafio; temos de aceitar sermos desafiados para crescer; o aprendizado é dolorido porque preocupa, mas é bom. Por várias vezes pensei: não sei como vou fazer, mas sei que vou fazer. Depois acabava tudo dando certo. Foi uma experiência positiva. O querer mesmo sem saber”, partilha.

Sonhos concretizados

Sem dúvida alguma é notório o desenvolvimento, crescimento e o reconhecimento da Academia nos últimos cinco anos. Padre Antonio Clayton de Sant’Anna destaca eventos importantes nesse período de consolidação dos objetivos. “Creio que entre os momentos mais importantes estão o Congresso Mariológico e a Assembleia dos Associados, mas nesses cinco anos ocorreram outros fatos interessantes para a vida do Santuário e, obviamente, para a vida da Academia”, relembra o padre.

Padre Clayton reforça que também a participação e a colaboração de pessoas e organismos, como o padre Alexandre Awi Mello, padre Joãozinho, irmão Afonso Murad, a doutora Vera Bombonato e a Faculdade Dehoniana de Taubaté (SP) contribuíram muito para o desenvolvimento. “São pequenos eventos que, ao longo desses anos, foram dando mais volume de presença à Academia no Santuário. Ela está nesses 30 anos de existência assumindo a feição importante para a pastoral em conjunto com o Santuário”.

Visibilidade

O Santuário é a sede da academia. Isso de fato dá visibilidade ao organismo. Para padre Clayton, é difícil ter uma agremiação religiosa com esse propósito no Brasil. “Que eu saiba não há outra academia Marial. Têm as congregações marianas, os grupos, o terço”, explica.

Na avaliação de padre Ferdinando, é muito justo a academia estar sediada no Santuário, primeiro pelo dado histórico, pela história da Imagem, depois pela própria missão da academia que é a reflexão eclesiológica e pastoral dentro da dimensão mariana na Igreja. Outro ponto é que o Santuário tem uma estrutura física que se permite ter uma academia. “O fato histórico, a realidade administrativa e de espaço justificam a Academia estar no Santuário”, opina padre Ferdinando.

Padre Ademir também partilha da mesma opinião. “Nada mais que justo estar no coração da Igreja, pois o Santuário é dedicado à pessoa e ao culto mariano, no qual se fala, vive a fé e se divulga a Palavra de Deus. Ela é Maria, a primeira peregrina do Pai, que nos leva e nos aponta ao seu Filho Jesus, que é o centro de nossa vida cristã. O papel de Maria aqui é como uma pequenina seta a nos guiar no caminho.”

Por outro lado, ainda há que se divulgar cada vez mais. De acordo com padre Ademir, apesar de a Academia contar com inúmeros colaboradores e associados que ajudam na missão, fazendo pesquisas, escrevendo artigos, livros, poemas, poesias e enriquecendo cada vez mais os estudos mariológicos, é preciso divulgar ainda mais o seu papel na Igreja, para que as Faculdades e Universidades católicas do país possam conhecê-la e assim fazer com que se divulgue ainda mais, abrindo oportunidade para que os clérigos que estão se formando tenham um conhecimento ainda mais eficaz do cumprimento da missão de Maria na obra da Salvação. “Isso faz com que a Academia se torne cada vez mais um veículo comunicador da fé mariana”, indica o padre.

Padre Clayton acrescenta o apelo de que a academia não seja uma entidade só burocrática, intelectualizada, mas que seja uma opção de atuação pastoral. “Gostaria de agradecer à Editora e à Gráfica Santuário que, por meio do Jornal Santuário, já fazem isso. Tenho certeza que muitas pessoas leem os artigos que saem no Jornal Santuário.”

Um pouco mais de história

O documento de instituição da Academia Marial de Aparecida diz: “Por mercê de Deus, lavrou-se o decreto de criação da Academia Marial em Aparecida, assinado aos 16 de julho de 1985, promulgado no dia 21, datas da abertura e encerramento do XI Congresso Eucarístico Nacional, realizado em Aparecida (SP).

Firmaram o pergaminho histórico, como primeiros membros e paraninfos da instituição, o arcebispo metropolitano de Aparecida, dom Geraldo Maria de Moraes Penido, o núncio apostólico no Brasil, dom Carlo Furno, e o cardeal dom Sebastião Baggio, camerlengo da Santa Igreja de Roma e Legado Pontifício, às solenidades do Congresso Eucarístico. Pelo mesmo documento deu-se a nomeação e posse do primeiro presidente da Academia, Cônego João Correa Machado, que, imediatamente endereçou ao Santo Padre, o Papa João Paulo II, o testemunho e juramento, de incondicional obediência e filial afeto, expressando-se Totus Tuus”.

O dia foi escolhido por três motivos: Homenagear o Papa Pio V, que na mesma data, em 1930, fez a proclamação de Nossa Senhora oficialmente com o título de Aparecida e Padroeira do Brasil, homenagear Monte Carmelo, que nasceu em 1890, no mesmo dia, e registrar a inspiração ocorrida em 16 de julho de 1979 de um dia se criar a Academia Marial.

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