Movimentos, propostas, opiniões, o Brasil passa por um momento interessante da democracia no que se refere a desafios, por um lado temos cidadãos mais conscientes, por outro parece que a corrupção nunca foi tão escancarada como agora. São diversas as alternativas e propostas de Reforma Política, inclusive uma delas foi elaborada pela própria Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a qual, já foi mencionada e detalhada outras vezes aqui no JS.
Na prática, as propostas que estão sendo votadas na atualidade não necessariamente obedecem a uma proposta ou outra das diversas iniciativas e frentes de reforma, mas sim a pontos que a Comissão Especial da Câmara dos Deputados entendeu como pertinentes.
Apesar de terem votado os pontos mais polêmicos da reforma política, os deputados ainda precisam apreciar mais propostas sobre temas que não foram concluídos; cabe a população esperar para ver.
Aproveitando a efervescência do momento, o JS conversou com consultor empresarial e porta-voz do movimento Acorda Brasil Roberto Amatuzzi.
Jornal Santuário de Aparecida – Explique o que é o Movimento Liberal Acorda Brasil
Foto de: Arquivo Pessoal
"Acreditamos que essa geração de brasileiros será
a geração mais politizada de nossa história, portanto
o momento é positivo para promover mudanças profundas"
Roberto Amatuzzi – O movimento teve sua origem nos movimentos de rua que ganharam força no final de 2014. Todos os integrantes estavam de uma maneira ou de outra envolvidos com algum grupo. No entanto houve uma percepção comum de que a rua não dialogava com os poderes políticos capazes de fazer mudanças. Portanto, o movimento resolveu focar em ações de articulação com políticos, traduzindo os anseios das ruas.
Já no final do ano passado, desenvolvemos um plano de governo que aborda vários aspectos da função do Estado. Recentemente protocolamos nossa proposta de reforma política no Senado, tal qual um partido político o faria. Nesse quesito nos destacamos dos demais movimentos que ainda estão com uma pauta de reivindicações limitada.
JS – Onde está, quantas pessoas atuam no movimento e quais são as propostas?
Roberto Amatuzzi – Somos 15 pessoas no núcleo de São Paulo e mais 70 ativistas simpatizantes e temos mais de 200 mil seguidores no Facebook. Nossas propostas abrangem reforma política, reformas tributárias, reformas da economia e do Estado. Todas nossas sugestões de reformas estão em nosso site acordabrasil.org.
JS – O movimento tem ligação com algum partido político?
Roberto Amatuzzi – Não, mas temos alguns integrantes que são filiados a alguns partidos, mas a maioria não tem filiação. Vamos deixar claro que, ao contrário de alguns movimentos de rua, nosso movimento busca apoio de todos os partidos e quer valorizar os partidos e os políticos como ferramenta de mudança efetiva. Sabemos melhor do que ninguém que bater panela e fazer manifestação tem suas limitações.
JS – Qual sua opinião sobre o que já foi votado até o momento?
Roberto Amatuzzi – No geral muito pouco foi votado na direção que queremos. O cerne do problema é a centralização do poder e com relação a isso pouco mudou. Ao contrário, como não existe oposição efetiva, algumas medidas mais centralizadoras foram criadas. O poder da União tem de ser limitado. O que muitos não entendem é que as necessidades básicas dos contribuintes nunca serão atendidas, enquanto Brasília saqueia o contribuinte local e não faz reinvestimento do tributo arrecadado. Também não há crescimento econômico com regulamentação e tributação em excesso.
JS – A população tem uma consciência desse momento na política? Procura-se aprofundar nas ideias e propostas?
Roberto Amatuzzi – Entre os movimentos de rua há uma massa crítica de pessoas que começam a se perguntar qual o próximo passo. Somente quem tem visão de Estado e plano de governo começa a ver as várias necessidades de reformas em nosso sistema. Essas pessoas já engajadas começaram a nos dar credibilidade. Eventualmente captaremos mais adeptos do público em geral. Mas acreditamos que essa geração de brasileiros será a geração mais politizada de nossa história, portanto, o momento é positivo para promover mudanças profundas.
JS – Como avalia essa época da democracia brasileira?
Roberto Amatuzzi – A nossa democracia vive um grande desafio. Por um lado, há mais pessoas alfabetizadas e com mais acesso a informação que gerações passadas. Por outro lado, há muito controle dos meios de comunicação e desinformação organizada pelo governo. O embate destes dois aspectos causou uma desconfiança geral em todas instituições democráticas. Vimos vários simpatizantes de nossa base aderirem a movimentos mais radicais. Nós estamos fazendo nosso dever de casa e queremos criar as pontes. Falta o governo responder.
JS – O Brasil pagará no futuro por ser omisso às necessidades?
Roberto Amatuzzi – O Brasil já paga hoje esse custo e, no futuro, se não houver mudanças, a situação será de deterioração. Há pouco tempo flertávamos com o fato de que poderíamos nos tornar um país de primeiro mundo, inseridos na comunidade global de cabeça erguida. Hoje a expectativa é de nos enterrarmos mais uma vez na mediocridade.
JS – Na sua opinião nossa democracia ainda é forte?
Roberto Amatuzzi – Nossa democracia é forte. O constante em nossa evolução como país tem sido a participação popular. No Brasil a sociedade civil acordou e, agora com movimentos como o nosso, começa a se articular para propor reformas e militar com objetivos isentos de ideologia.
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