Um período de quatro semanas que marca a espera pelo nascimento de Jesus Cristo e que leva todo fiel a um processo de conversão pessoal.
Assim pode ser definido o tempo do Advento, que se iniciou neste domingo (29) e prossegue até as vésperas do Natal.
De acordo com o reitor do Santuário Nacional de Aparecida, padre João Batista de Almeida, o Advento é um tempo de esperança. “É a espera pelo nascimento que vai acontecer”, explica, lembrando que toda a Liturgia aponta para um processo de conversão.
Foto de: Santuário Nacional

Advento foi aberto ontem (29), com celebração eucarística na Basílica
O também sacerdote redentorista, padre Domingos Sávio da Silva, ressalta que a palavra “advento” significa vinda e, no caso dos cristãos, significa a vinda de Jesus Cristo.
Nesse período os cristãos acreditam e procuram viver a alegria de um Deus que vem até as pessoas e encarna-se no meio delas “É o tempo em que nós celebramos a vinda de Deus para o nosso meio, para ser um dos nossos”, resume.
Em Aparecida (SP), muitos romeiros aproveitam a oportunidade para vivenciar o tempo do Advento no Santuário Nacional. Por isso, o mês de dezembro é tradicionalmente um período de grande visitação. “Geralmente, é um mês que tem muita gente, nos três primeiros finais de semana, sobretudo”, explica padre João Batista.
A projeção é que entre 500 e 700 mil pessoas visitem o Santuário durante o tempo do Advento. O reitor alerta, porém, que não é possível fazer uma expectativa precisa, tendo em vista a situação econômica do país.
Programação
No sábado (28), como parte da programação preparatória para o Advento, o Santuário promoveu missas especiais a partir do meio dia. Logo após a missa das 20 horas, o público prestigiou a inauguração do Natal Iluminado, seguindo em procissão para a bênção do presépio, que deve receber intensa visitação durante o período que antecede o Natal.
A programação litúrgica do Advento foi oficialmente neste domingo (29), com a celebração eucarística das 8 horas, marcando também o início de um novo ano litúrgico, o Ano C.
Foto de: Deniele Simões / JS

Padre João Batista, reitor do Santuário
Nacional, ressalta que liturgia do Advento
aponta para processo de conversão
Padre Domingos ressalta que, sob aspecto litúrgico, alguns detalhes importantes marcam a abertura do Advento, como a mudança da cor nas celebrações. “Os paramentos, normalmente, durante o Tempo Comum, são verdes. No tempo do Advento, passamos a usar os roxos, que dão ideia de conversão”, explica.
Na visão do sacerdote, trata-se de um tempo em que Deus, de modo especial, faz um apelo de conversão, acima de tudo para que as pessoas acolham Cristo em suas vidas.
Outra prática litúrgica que caracteriza o Advento, segundo o missionário, é a Coroa do Advento, em que são acesas velas nas cores branca, vermelha, roxa e verde, a cada domingo, fazendo uma analogia à luz divina.
“No primeiro domingo acende-se a primeira vela, no segundo a segunda e assim por diante, como que mostrando que Deus está em nosso meio e, à medida que avançamos, Ele deve estar crescendo sempre mais em nossas vidas”, justifica.
Leituras e reflexões
Padre João Batista complementa lembrando que o Advento é uma época muito semelhante à Quaresma. “Só que é um tempo um pouco mais curto e brando”, diz.
Isso acontece não só no tocante às cores dos paramentos e à Coroa, mas principalmente no que diz respeito às leituras bíblicas e à liturgia, que conclamam “à conversão e à preparação para a chegada do Messias”.
Padre Domingos lembra que as primeiras leituras do Advento são quase que 100% baseadas no livro do profeta Isaías. “Os profetas eram aqueles que liam por dentro, geralmente, a realidade muito ruim e anunciavam dias melhores, de conversão e Isaías é o profeta da esperança”, ressalta.
De acordo com o sacerdote, as leituras recordam a primeira vinda de Deus, há 2015 anos, quando Cristo encarnou-se entre os humanos, mas também apontam para o renascimento.
Foto de: Eduardo Gois / JS

Segundo padre Domingos Sávio, assim como
na Quaresma, época é marcada pela cor roxa
nos paramentos litúrgicos
“Em vista daquilo que Deus sempre sonhou e continua sonhando para nós, com a vinda, o nascimento do seu filho, podemos dizer que precisamos estar sempre como que nascendo”, explica.
Nesse sentido, o Advento atenta para a segunda vinda de Jesus, que pode ser traduzida no final dos tempos ou, para os fiéis, de um modo geral, com a morte e o encontro definitivo com Deus.
“O Advento lembra isso também: a primeira vinda e a segunda. Mas, principalmente, nos lembra esse período em que nós estamos entre as duas vindas, que é um tempo de nós estarmos, cada vez mais, acolhendo essa luz nessa vida, que Deus nos envia com o nascimento do seu Filho entre nós”, finaliza.
Coroa do Advento remete à luz divina
O roxo é a cor predominante dos paramentos litúrgicos durante o Advento, assim como na Quaresma.
Se no tempo quaresmal a penitência indica o caminho para o renascimento de Cristo, no Advento a palavra é a esperança pela Sua chegada. “Nesse tempo, nós usamos o roxo nesse sentido de conversão”, justifica padre Domingos.
Uma das práticas que marcam o período é a Coroa do Advento, em alusão à luz que representa Jesus. “O povo que estava nas trevas viu uma grande luz e essa grande luz é um menino que nos foi dado, o que, para nós, é exatamente Jesus”, justifica.
O missionário redentorista, padre Evaldo César de Souza, recorda que a origem da Coroa do Advento remete aos povos da Alemanha que, durante a escuridão do inverno faziam a união de luzes ao redor das folhas verdes, na expectativa da primavera, como renovação da natureza.
“A origem desse costume é pagã e os cristãos assimilaram essas tradições, marcando a espera do Natal – nascimento de Jesus, luz do mundo – com a confecção de uma coroa luminosa, nos mesmos moldes das antigas tradições germânicas”, escreve padre Evaldo em artigo veiculado no portal A12.com.
No início do século 20, os católicos adotaram o costume de colocar a Coroa nas suas Igrejas e casas. A prática foi introduzida no Brasil por missionários de origem alemã e também por brasileiros que conheceram a Coroa na Alemanha.
Foto de: Assessoria de Imprensa / Santuário Nacional

Cor das velas pode variar, mas roxo é uma das tonalidades predominantes, seguindo os paramentos
litúrgicos
A Coroa tem alguns elementos essenciais: deve ser feita de forma circular (como uma guirlanda), com ramos verdes e utilizar-se de velas coloridas.
A cor das velas pode variar. Algumas comunidades usam as vermelhas, que significam amor. No Brasil, o costume é usar velas coloridas, representando o Ano Litúrgico: roxa, verde, vermelha e branca.
Há comunidades que usam as cores dos Domingos do Advento, com três velas roxas e uma rosa. Também existe uma outra variação, em que são utilizadas apenas velas roxas, brancas, amarelas, douradas ou prateadas.
Independentemente da cor utilizada, o mais importante é que, à medida em as velas são acesas, a luz intensifica-se, até chegar à luz plena da grande festa da Luz, que proclama Jesus Cristo como Salvador.
Significado das quatro velas
1ª: Vigilância na espera da vinda do Senhor.
2ª: Conversão do coração e a reconciliação com os irmãos.
3ª: Testemunho de Maria, a Mãe de Salvador.
4ª: O anúncio do nascimento de Jesus, feito a José e Maria.
Recomendações
É preciso manter os elementos essenciais, a forma circular, o verde e as quatro velas. Não é recomendável o uso de folhagem artificial.
A sequência para o acendimento das velas deve seguir a cronologia de um relógio: primeiro acendemos a vela que indicaria “12h” depois, a velas das “3h” em seguida, a vela representativa das “6h” e, por último, a vela das “9h”.
(*) Com informações da diocese de São José dos Campos (SP)
Foto de: Matheus Marcon / Santuário Nacional

Abertura da Porta Santa acontecerá no tempo do Advento, com cerimônia em 13 de dezembro, às 8 horas
Ano da Misericórdia realça período do Advento
O Santuário Nacional estará em consonância com toda a Igreja Católica e celebrará o Advento com muita esperança.
Segundo padre Domingos Sávio, este ano o período terá uma cor ainda mais bonita, porque abrigará a abertura do Ano Jubilar da Misericórdia.
O Papa Francisco convocou o Ano da Misericórdia para que a Igreja evidencie a missão de ser testemunha da misericórdia. O período vai de 8 de dezembro de 2015 a 20 de novembro de 2016.
Segundo o Pontífice, esse é um caminho que começa com uma conversão espiritual e todo cristão deve fazê-lo. A iniciativa será norteada pelo lema Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso (Lc 6-36).
No Vaticano, Francisco fará a abertura oficial no dia 8 de dezembro. Ele repetirá o gesto no 13, na diocese pela qual é responsável, em São João do Latrão, na Itália.
O dia 13, um domingo, também é a data escolhida para a abertura em todas as igrejas católicas ao redor do mundo e, no Santuário Nacional, não será diferente.
A chamada Porta Santa será às 8 horas, na celebração eucarística das 8 horas, na Basílica. “Vamos fazer o possível para que todos nós, sacerdotes, até naquela hora, interrompamos todos os trabalhos que forem possíveis para estarmos, certamente com dom Damasceno, participando aqui no nosso Santuário”, detalha.
Foto de: Istockphoto

Época prepara para chegada do Natal com Cristo
Tempo de esperança
Ao falar sobre o Advento, padre Domingos cita também o profeta Sofonias, que anuncia Jesus com muita alegria e esperança. “É como se ele estivesse pedindo que a gente grite de alegria porque Jesus está vindo para o nosso meio”, justifica.
Isso deve suscitar nas pessoas a esperança de que existe um Deus que não se cansa de seu povo, por acreditar nele. Por isso, o sacerdote ressalta que o período aflora a disponibilidade para a conversão.
Com o reforço proporcionado pelo Ano da Misericórdia, a abertura de coração deve tornar-se ainda mais simbólica. “Para nós, esse Advento e o Natal deste ano vão ter essa cor desse apelo mais forte que o Papa está fazendo de nos convertermos à misericórdia. Sermos misericordiosos como o Pai do céu é misericordioso”, conclui.
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