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Aparecida recebe 36ª Feira do Carreteiro

O caminhoneiro Marcos César Ferreira da Silva, que mora em Salesópolis (SP), viaja diariamente, há 12 anos, pelas estradas do Vale do Paraíba no interior de São Paulo, o sul de Minas Gerais e o Estado do Mato Grosso. Na carroceria do velho e companheiro caminhão carrega madeira e retira o sustento da família.

Foto de: Eduardo Gois / JS

Feira Carreteiro_1 - Eduardo Gois JS

Marcos César faz questão de homenagear o evento com
uma faixa amarrada ao caminhão que dirige

Animado e com um bom humor incrível, ele partilha sobre o quanto gosta de participar da Feira do Carreteiro, no Santuário Nacional. Já são quatro anos consecutivos de participação.

Ele conta que outras pessoas da família já participavam da grande festa, e ele resistiu em vir por várias vezes, mas depois que veio pela primeira vez não parou mais. “Participo todos os dias”, ressalta.

Marco César está alojado com 10 pessoas da família, que revezam o espaço entre um caminhão e um carro de passeio. São mulheres, crianças, que aproveitam as atividades do evento e visitam novamente a Casa da Mãe Aparecida. “O evento é uma oportunidade de estar na feira e estar em um lugar abençoado”, opina Marcos.

De acordo com o caminhoneiro o que mais gosta é do entusiasmo das pessoas, do respeito e da organização.

Características como essas descritas por Marcos, a Feira do Carreteiro traz há 36 anos. Uma longa estrada e muito sucesso.

Mais de três décadas de história

Desde que surgiu, o evento passou por muitas mudanças, em um processo de grande crescimento.

De acordo com o editor-chefe da revista O Carreteiro e organizador da feira, João Geraldo, as mudanças trouxeram a profissionalização do evento, com a participação de empresas e a prestação de vários tipos de serviços aos caminhoneiros e familiares.

Durante os três dias de feira, dezenas de empresas ligadas ao setor de transporte rodoviário de cargas apresentam novidades e esclarecem dúvidas do público.

Quando surgiu, na década de 1970, o evento era chamado de Semana do Carreteiro. Era uma festa com churrasco, sorteio de caminhões e ações de divulgação da revista. “Hoje o motorista vem aqui, assiste a palestras profissionalizantes, sobre legislação, economia de combustível, custo do transporte etc. Então, é uma feira”, conta Geraldo.

Pouco tempo depois, o evento ganhou o nome de Festa do Carreteiro e chegou a acontecer em várias localidades do país, como Guaratinguetá (SP), Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Curitiba (PR), entre outras.

Na época, os estandes dos expositores não tinham um tamanho fixo e aparecia mais quem estava disposto a investir em um estande maior.

Foto de: Eduardo Gois / JS

Feira Carreteiro_2 - Eduardo Gois JS

Jader orgulha-se da festa e não
pretende parar de participar nos
próximos anos

A parceria com o Santuário Nacional veio em 1996 e, segundo Geraldo, marcou uma nova fase do evento, com a padronização dos estandes e uma estrutura melhor, com sanitários para o público, praça de alimentação e segurança 24 horas. 

Hoje, milhares de motoristas participam de Feira e têm a oportunidade de trazer amigos e familiares para curtir as atrações, conferir as últimas novidades do setor e aproveitar para estar perto da Mãe Aparecida.

Atualmente a feira é o maior evento do país voltado ao segmento de estrada. Neste ano o evento foi realizado entre os dias 15 e 17 de julho e foi a 36ª edição da festa, que levou ao pátio das Palmeiras, no Santuário Nacional de Aparecida mais de 50 mil visitantes, em uma extensa programação, que contou com palestras técnicas, cursos profissionalizantes, testes de caminhões e atividades de lazer.

Participante há 18 anos, o carioca Jader Lopes de Magalhães, orgulha-se da festa e de sua participação na procissão durante todos os anos. “Depois do carro que carrega a Santa o meu é o primeiro da fila. Para mim é uma honra!”

O motorista conta que durante a semana do carreteiro a agenda já é reservada e não pega nenhum frete, porque a participação é prioridade. “Nem adianta querer pagar mais caro, porque Aparecida é mais importante nesses três dias, dispensei hoje um serviço para os descendentes da família Orleans e Bragança”, brinca.

Desafios

Promover um evento tão grande como a Feira do Carreteiro implica em alguns desafios. De acordo com Geraldo, o primeiro é chamar o expositor a participar. Ao todo, a feira traz todos os anos, cerca de 50 empresas participantes, que precisam dispor de tempo e pessoal para estar nos estandes.

Outro compromisso é atender as empresas, atraindo o público e oferecendo o espaço prometido. “Então, o desafio é esse: fazer com que o motorista de caminhão acredite no nosso trabalho mais uma vez, mais um ano e venha. E que ele confie tanto que não venha sozinho, que ele traga a esposa, o filho, e que chegue aqui, essa é a nossa preocupação.”

Para Geraldo, o resultado obtido ao longo dos últimos anos tem sido muito satisfatório e dá mostras que o público tem muito interesse em participar. Afinal, os carreteiros têm uma rotina muito puxada e, para participar da feira, é preciso sair da rota do trabalho e muitas vezes adiar compromissos diários.

Sob o ponto de vista dos expositores, o organizador da feira também enaltece o esforço das empresas em participar. “Os fabricantes de caminhões, por exemplo, são montadoras com matrizes fora do Brasil. Elas vêm todos os anos. Então, isso é um termômetro de que a coisa está funcionando”, conta.

Espiritualidade, troca de experiência e lazer

O evento também chamou atenção inclusive de quem não é caminhoneiro, mas por algum motivo precisa de caminhões. É o caso do produtor rural de soja, milho e trigo, Luíz Bagio Neto. Ele mora em Ivaiporã (PR) e conta que desde que nasceu trabalha com lavoura, maquinários de diversos tipos, para o auxílio na produção rural, e também caminhões. “Participar da feira do carreteiro é oportunidade de agregar conhecimento, porque são muitas opções de lançamento no mercado. Coisas que você não sabe que existe, mas que podem auxiliar muito no trabalho diário. Estar aqui é também uma troca de experiência e uma oportunidade ímpar de atualização”, explica.

É muito provável que motoristas e caminhoneiros de todo o Brasil orgulhem-se em participar da feira do carreteiro, pelo motivo do evento ser capaz de ter um tripé de sustentação, formado por momentos de espiritualidade, troca de experiências e lazer.

Vanderlei da Silva, de Sumaré (SP), está na estrada há 24 anos e conta que se apaixonou pela profissão. “Comecei trabalhando em oficina mecânica, e peguei gosto pelos caminhões.”

Foto de: Eduardo Gois / JS

Feira Carreteiro_4 - Eduardo Gois JS

Momento de fé, reflexão e espiritualidade foi reservado aos caminhoneiros

 

Para ele o que mais chama atenção são as novas tecnologias em modernos modelos de caminhões que são expostos no evento, os shows, que este ano contaram com a participação da dupla Ataíde e Alexandre, Tonho Prado e mais uma apresentação de motocross e os momentos de espiritualidade e fé. “Para mim ser caminhoneiro é gostar do que faz e ter paixão, tem de estar no sangue, não é para qualquer um”, conta.

A Romaria de São Cristóvão e de Nossa Senhora Aparecida já é uma tradição na Feira do Carreteiro e uma grande demonstração de religiosidade dos caminhoneiros e familiares.

A história da romaria começou em 1996 com três amigos que desejavam trazer algo de diferente para a Festa do Carreteiro. A ideia agradou tanto que já chegou a reunir mais de 80 caminhões.

Neste ano, como de costume, um caminhão levou as imagens do padroeiro dos caminhoneiros, São Cristóvão, e de Nossa Senhora Aparecida. O comboio partiu do quilômetro 82 da Rodovia Presidente Dutra, em Roseira (SP), e seguiu em direção ao Pátio das Palmeiras, no Santuário Nacional.

Foi possível ver durante a celebração que o caminhoneiro não esconde sua fé. Olhando nos caminhões como um meio de trabalho e sustento de muitas famílias, não foi difícil encontrar uma fitinha ou mesmo uma pequena imagem da Senhora Aparecida. Eles passam dia após dia na estrada enfrentando todo o tipo de perigo. Acreditam fielmente que a Virgem intercede por eles a Deus e os guarda debaixo de seu manto sagrado, pedindo ao Pai que livre seus filhos de todos os males e perigos.

Logo após a chegada do comboio, um grupo de caminhoneiros carregou a Imagem de Nossa Senhora Aparecida em um andor até a Tribuna dom Aloísio Lorscheider, onde foi celebrada a missa dos caminhoneiros e grande momento religioso da feira.

O presidente da celebração, padre Claudio Anselmo, passou uma mensagem de incentivo aos caminhoneiros e familiares.

Foto de: Eduardo Gois / JS

Feira Carreteiro_6 - Eduardo Gois JS

Vanderlei da Silva gosta da diversificação
das atividades

Durante a homilia, o padre desejou que a palavra de Deus pudesse preencher, a vida e o coração dos caminhoneiros presentes e que eles pudessem sair do Santuário fortalecidos e renovados, pois sabe-se que a lida do caminhoneiro não é fácil. “O que sustenta cada um é a graça de Deus, a família, o amor que se tem pela estrada. A gente sabe que o trabalho realizado por vocês tem carinho, por mais que a gente saiba das dificuldades das nossas estradas, leis que muitas vezes desanimam o caminhoneiro, mas o que deve mesmo sustentar a vida é a palavra de Deus, é a família, como é bom depois de uma longa jornada chegar e encontrar a família em casa”, disse o padre.

Padre Claudio Anselmo também observou que Deus quer libertar, cada dia mais, as pessoas das amarras e ciladas do mundo. “O Evangelho nos diz que o Cristo é o cordeiro imolado e sem mancha. Nas Sagradas Escrituras Ele fala da partilha, da ajuda, isso é Páscoa é vida nova, partilhar a vida, é isso que diz a Palavra, pois então não vamos sozinhos nessa caminhada, estamos juntos, o Evangelho toca num pronto crucial. Jesus Cristo fala que não somos escravos do trabalho, nem dos dias e devemos servir o Senhor com alegria.”

Ao final da homilia, o padre também aconselhou a toda a classe dos trabalhadores que estão nas estradas de todo o Brasil. “Dê um tempo para você para o seu descanso, porque a sua família espera por você; repouse.”

Ao final da celebração houve a Consagração Solene a Nossa Senhora Aparecida. Logo após, o sacerdote abençoou as chaves e documentos dos veículos dos caminhoneiros presentes no palco e do público que acompanhou a celebração.

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