Foto: Thiago Leon
“Um pastor plenamente realizado”, assim define dom Raymundo Damasceno Assis os quase 13 anos de ministério episcopal, à frente da arquidiocese de Aparecida (SP). Às vésperas de completar 80 anos, o cardeal teve sua renúncia aceita por Papa Francisco. Durante a trajetória, o quarto arcebispo de Aparecida deixa um grande legado à comunidade local, ao Santuário Nacional e a toda Igreja no Brasil.
Ao fazer um retrospecto de toda a jornada, o sentimento do cardeal é de missão cumprida. As experiências que vivenciou, dom Raymundo as adjetiva como agradáveis e enriquecedoras, colhidas em todos os âmbitos com as pessoas com quem pôde conviver. Além disso, define-se como um bispo privilegiado por ter tido a oportunidade de receber dois Pontífices.
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Até o dia 21 de janeiro, quando passa o báculo às mãos de seu sucessor, dom Orlando Brandes, até então arcebispo de Londrina (PR), dom Raymundo será administrador apostólico. Durante esse período, o cardeal, ao lado do novo arcebispo, cuidará do processo de transição de governo. Após a data de posse, dom Raymundo se tornará bispo emérito.
O processo é comum a todos os bispos, previsto no direito canônico. Ao completar 75 anos, o prelado pode solicitar à Santa Sé o pedido de renúncia do cargo. Além disso, para ocupar qualquer função na Cúria Romana ou em uma diocese, o bispo deve ter idade inferior a 80 anos.
Em janeiro de 2004, dom Raymundo recebeu o comunicado do então Papa João Paulo II nomeando-o para a arquidiocese de Aparecida. Começava ali uma nova fase na vida episcopal do então bispo auxiliar de Brasília (DF). Surpreso, nunca imaginara que o Santo Padre o designaria a essa importante missão.
"Tive o privilégio que poucos bispos tiveram. Receber dois Papas nesse período de pouco mais de 12 anos é muito difícil"
“Aceitei, porém, o encargo em espírito de total entrega, pois sempre procurei acolher com fé, disponibilidade e alegria as surpresas que Deus me reserva, com a certeza de que quem ‘confia no Senhor não será defraudado (Rm 10,11)’”, relembra.
No período em que esteve à frente da arquidiocese, muitos foram os momentos que o bispo considera como “graças concedidas por Deus”. Uma delas foi a acolhida do Papa Bento XVI, em 2007, em sua primeira viagem intercontinental, para a V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho (Celam). Outro ilustre convidado foi Papa Francisco que, em 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), fez questão de visitar o Santuário Nacional.
“Tive o privilégio que poucos bispos tiveram. Receber dois Papas nesse período de pouco mais de 12 anos é muito difícil. Ainda mais Bento XVI, que só visitou São Paulo (SP) e Aparecida em toda América Latina. Foi uma surpresa agradável receber o Papa e hospedar a V Conferência no Santuário. Se não bastasse isso, tive a surpresa da visita do Papa Francisco, em 2013, antes de abrir a JMJ, que veio a Aparecida entregar a JMJ a Nossa Senhora”, recordou.
Outro momento marcante na história de dom Raymundo foi a canonização de Frei Galvão e a estruturação do Santuário dedicado ao primeiro santo Brasileiro, em Guaratinguetá (SP). Este ano, a arquidiocese teve a concessão do terreno no entorno do templo que será ampliado para acolher melhor os fiéis.
No Santuário Nacional de Aparecida teve a oportunidade de participar da preparação e abertura do Jubileu dos 300 anos, que teve início em outubro passado. A Francisco o bispo agradece essa benevolência, pois, apesar de ter solicitado a renúncia em 2012, o Santo Padre o manteve à frente da arquidiocese até este ano.
“Agradeço a Deus por tudo que ele me concedeu na Arquidiocese de Aparecida. Minha gratidão e louvor à Providência Divina, em especial por ter-me permitido estar aqui até este momento, depois de ter participado da preparação e início das comemorações do Tricentenário do encontro da Imagem da Senhora da Imaculada Conceição Aparecida nas águas do Rio Paraíba”, acrescentou.
Após a posse do novo bispo, dom Raymundo voltará a Brasília.
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Biografia
Mineiro, da cidade de Capela Nova (MG), nasceu no dia 15 de fevereiro de 1937. Em 1955, ingressou no Seminário Menor em Mariana (MG). Aos 24 anos foi designado para servir a Igreja, na nova capital do país, Brasília.
Depois de 7 anos atuando na estruturação no Distrito Federal, foi ordenado padre. Na capital federal, desempenhou diversas atividades como professor de Filosofia, na Universidade de Brasília (UnB), coordenador de catequese e chanceler na arquidiocese. Aos 49 anos foi nomeado bispo auxiliar da cidade.
Em 2004, recebeu a notícia que seria o quarto arcebispo de Aparecida, tomando posse em 25 de março do mesmo ano. Após 6 anos, foi criado cardeal por Papa Bento XVI, participando do conclave que elegeu o Papa Francisco, em 2013.
Entre os cargos que ocupou está a Secretaria-Geral da CNBB, por duas vezes consecutivas (1995-2003), a Presidência da CNBB (2011-2015) e a presidência do Celam (2007 – 2011). Na Cúria Romana, foi membro do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais e da Pontifícia Comissão para a América Latina.
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