Orientar o povo brasileiro, especialmente os cristãos católicos, para votar conscientemente, escolhendo candidatos dignos e merecedores de confiança, no pleito eleitoral deste ano.
Esse é o objetivo central do documento Pensando o Brasil: desafios diante das Eleições 2014, lançando pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante a 52ª Assembleia Geral. O documento ressalta a responsabilidade que cada cidadão tem, na escolha dos seus representantes, e defende que, para os cristãos, essa decisão deve ser iluminada pela fé e pelo amor, o que exige a universalização do acesso às condições necessárias para uma vida digna.
Foto de: Alexandre Santos / JS
Dom Joaquim Mol: "Não posso votar numa pessoa cujos princípios
e valores eu não conheço. O que mesmo essa pessoa defende? O
que pensa sobre todos os assuntos importantes da vida? Não basta
falar que tem princípios, é preciso ter uma história que confirme
esses princípios"
Segundo o texto, o Evangelho anuncia que todos devem ter vida em abundância, mas na sociedade atual o valor da vida tem sido desrespeitado. “Irmãos nossos têm sido maltratados e muitos perderam a vida à espera de serviços públicos. Enquanto isso, outros se corrompem e enriquecem com recursos que deveriam ser destinados a políticas que atendam às necessidades do povo”, denuncia o documento.
O texto valoriza ainda a Lei da Ficha Limpa, que impedirá candidaturas de pessoas condenadas na Justiça em segunda instância. Segundo o documento, trata-se de uma importante conquista para a democracia brasileira.
Os bispos também destacam as manifestações de junho e julho do ano passado, como expressão clara da insatisfação da população. O presidente da CNBB, cardeal dom Raymundo Damasceno, esclarece que o texto não se refere a um partido ou governo específico. “A esperança é que o eleitor exerça o seu direito de votar com liberdade e responsabilidade. É um dos meios para renovar a política, escolhendo pessoas competentes e comprometidas com o Brasil”, afirma.
Cristãos na política
No documento, os bispos defendem a participação ativa dos cristãos nos processos políticos da sociedade. De acordo com o texto, não basta o voto, é preciso acompanhar rigorosamente o trabalho dos eleitos. Nesse sentido, os bispos recomendam a criação de grupos de acompanhamento legislativo, conselhos de fiscalização de políticas públicas, formados de modo apartidário e não confessional.
O documento defende ainda o combate à corrupção, a defesa de valores éticos, a inviolabilidade da vida humana, a unidade da família, o direito dos pais de educar os filhos de acordo com suas convicções, entre outros princípios.
Os bispos pedem o envolvimento dos jovens no processo de renovação contínua da Igreja. “Essa pedagogia do engajamento na comunidade deve motivar um envolvimento real dos jovens na construção de uma sociedade mais justa, impulsionando-os a uma participação mais efetiva nas decisões políticas”, afirma o documento.
Três pontos chave
Segundo o presidente da Comissão para a Educação e Cultura e representante da CNBB na Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas, dom Joaquim Mol, o texto vai além de uma simples mensagem. “É uma reflexão para ajudar a pensar o Brasil e inspirar a elaboração de outros materiais de conscientização nas dioceses”, afirma.
Dom Mol destaca três pontos do documento. O primeiro é a participação consciente de todas as pessoas no processo eleitoral. “Um voto consciente faz, de fato, uma grande diferença no resultado das eleições”, diz o bispo auxiliar de Belo Horizonte.
O segundo ponto destacado pelo prelado diz respeito aos candidatos. O documento orienta para que os eleitores escolham pessoas cujas virtudes são conhecidas. “Não posso votar numa pessoa cujos princípios e valores eu não conheço. O que mesmo essa pessoa defende? O que pensa sobre todos os assuntos importantes da vida? Não basta falar que tem princípios, é preciso ter uma história que confirme esses princípios. Não é só dizer o que defende, é olhar a vida dela e ver o que ela anda praticando na sua existência”, orienta.
Para dom Mol, um bom candidato também deve ter boas ideias. “É preciso ter bons projetos, bons programas e apresentar à população aquilo que, de fato, pretende fazer, para que, se eleito, possamos acompanhar”, declara.
O terceiro aspecto que o bispo destaca no documento é a necessidade de uma reforma política no Brasil. “Precisamos de muitas reformas. Em primeiro lugar, na Educação, que é de baixo nível. Também necessitamos de reformas tributária e fiscal, mas também da reforma política, porque essas outras reformas são feitas com a participação dos políticos. Sem políticos bons não conseguimos fazer boas reformas no nosso país”, defende.
O bispo também convida os cristãos a engajarem-se na campanha de assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular para a Reforma Política. Para que possa ir à discussão no Congresso Nacional, o projeto precisa reunir 1 milhão e meio de assinaturas. “Quem sabe não conseguimos 10 milhões de assinaturas, para dizer, de fato, que não estamos satisfeitos com o tipo de político que temos hoje no Brasil, com bonitas e honrosas exceções”, afirma.
Para o cardeal dom Raymundo Damasceno, o documento também quer contribuir com a renovação dos programas de governo partidários. “Infelizmente, nossos partidos políticos não têm um programa. Ou, se têm, são todos, de certo modo, parecidos uns com os outros. Gostaríamos que os partidos fossem fortes e tivessem um programa que o distinguissem uns dos outros, para que o eleitor possa decidir de maneira mais consciente, livre e fundamentada”, conclui.
Para assinar petição da Reforma Política, acesse:
https://www.reformapoliticademocratica.org.br/
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