Por Alexandre Santos Em Notícias

Brasil tem pouco domínio de Inglês, diz ranking internacional

O jornalista Fábio Soares começou a estudar línguas aos 12 anos de idade, em 1997. Entrou num curso de Inglês na cidade natal, São Gonçalo dos Campos (BA), mas a primeira tentativa não deu certo. Em menos de um ano o curso foi fechado na cidade. Sete anos depois, retomou os estudos em Feira de Santana, onde cursou durante cinco anos. Durante esse período, aproveitou para fazer dois anos de Espanhol.

Foto de: Arquivo Pessoal

Fábio Soares - Arquivo Pessoal

Fábio Soares: "É preciso ter contato diário
com o idioma, desenvolvendo as quatro
competências: ouvir, ler, falar e escrever.
Para isso, é necessário dedicar ao idioma
um tempo muito maior do que o que é
oferecido nas escola de inglês"

Para alcançar fluência em Inglês, Fábio teve que vivenciar a cultura entre falantes de língua inglesa. Foi para Toronto, no Canadá, onde morou durante um ano e meio, num programa de intercâmbio. “Isso facilitou bastante, fez com que eu perdesse o medo de errar. Senti mais segurança para falar na medida em que ouvia o inglês no dia a dia”, afirma.

Apesar de ter morado fora do país, o jornalista acredita ser possível ser fluente numa segunda língua sem precisar morar fora. Contudo ele ressalta a dificuldade. “Tive um professor que era fluente sem ter ido uma única vez ao exterior. Creio que seja possível, porém acredito que seja muito difícil, porque é preciso ter contato diário com o idioma, desenvolvendo as quatro competências: ouvir, ler, falar e escrever. Para isso, é necessário dedicar ao idioma um tempo muito maior do que o que é oferecido nas escolas de inglês”, opina.

Fábio é uma exceção. De acordo com uma pesquisa de 2012, da British Council, uma organização internacional para relações culturais e oportunidades educacionais, apenas 5% dos brasileiros falam Inglês. Em outro levantamento, a organização internacional EF Education First classificou o Brasil em 38º lugar no Índice de Proficiência em Inglês 2014. Anualmente, o ranking internacional mede o domínio da língua inglesa em 63 países. A pontuação do Brasil foi de 49, 96. A Dinamarca, classificada como o país com maior nível de domínio da língua, lidera a lista com 69,3 pontos.

Não encontramos um estudo semelhantes em relação à língua espanhola, a não ser o Mapeamento de proficiência do idioma Espanhol no Brasil, realizado pela organização internacional PageGroup. De acordo com o estudo, em média 12% dos brasileiros são fluentes em Espanhol. Porém, a pesquisa é feita apenas com executivos ou profissionais em cargos de liderança, como diretores, gerentes, coordenadores e analistas.

Até o nível superior, o país enfrenta algumas dificuldades de proficiência. Em abril, cerca de 110 participantes do programa Ciência Sem Fronteiras, do Governo Federal, tiveram que voltar ao Brasil, por problemas com a língua. Para tentar diminuir essa defasagem, o Ministério da Educação criou o programa Idioma Sem Fronteiras, para ajudar alunos e professores a melhorar na capacitação e domínio de línguas estrangeiras. O programa Ciência Sem Fronteiras já distribuiu mais de 60 mil bolsas de estudo no exterior.

Para atestar o domínio de uma língua estrangeira, há diferentes tipos de exames. O mais conceituado é o da Cambridge English Language Assessment, o único definitivo. Os outros exames precisam ser renovados a cada dois anos.

Mas qual o motivo de um desempenho tão baixo do país no aprendizado de uma segunda língua? Quem responde é Fátima Trindade, ela é diretora de um centro autorizado pela Cambridge para aplicação de exames de proficiência da língua inglesa. Ela elenca alguns dos fatores. “Baixa valorização dada ao ensino da língua inglesa no passado, falta de estrutura para o ensino, carga horária reduzida, salas muito numerosas, falta de recursos audiovisuais, falta de docentes qualificados e falta de planos de ensino com maiores expectativas de aprendizagem”, aponta.

Segundo a professora, hoje é de extrema necessidade o domínio de uma segunda língua, principalmente para os jovens que se preparam para entrar no mercado de trabalho. “Hoje, no mundo globalizado, com fronteiras cada vez mais diluídas, ninguém mais questiona esta importância. Pesquisas mostram a diferença salarial de quem tem um segundo idioma e como, desde muito cedo esta competência abre portas para a carreira acadêmica e profissional”, defende.

Foto de: Arquivo Pessoal

Fátima Trindade - Arquivo Pessoal

Fátima Trindade: "A atual geração está nos mostrando
maior facilidade por causa da maior exposição que sofre
da língua inglesa, por meio das músicas, do cinema, da 
internet e dos games"

De acordo com Fátima Trindade, a exigência da língua inglesa já nem é mais a bola da vez. “Muitos profissionais de RH dizem que o Inglês tem que estar na ‘pele’, o diferencial hoje já é uma terceira língua”, afirma. 

A professora indica ainda que a juventude de hoje tem mais facilidade para o Inglês. “A atual geração está nos mostrando maior facilidade por causa da maior exposição que sofre da língua inglesa, por meio das músicas, do cinema, da internet e dos games”, esclarece. Por isso, ela acredita que hoje é ainda mais possível aprender uma língua na escola. “Está cada vez mais possível desenvolver essa competência no ensino regular, em função da maior conscientização por parte dos gestores escolares dessa necessidade e da consequente melhoria do currículo”, conclui.

Em relação à necessidade de sair do país dominar a língua sem sair do país, a professora concorda com o jornalista Fábio Soares. “É possível, mas exigirá disciplina e criatividade. Hoje há muitos meios on-line para estudar, fazer cursos a distância com professores locais ou estrangeiros. A oferta de revistas e livros em inglês também é grande e a exposição à leitura favorecerá em muito a ampliação de vocabulário. Definir metas de aprendizagem pessoais alinhadas, por exemplo, ao Quadro Comum Europeu (CEFR), e desafiar-se a prestar um exame de proficiência são meios de desenhar um processo de potencialização da fluência”, afirma.

Soares também dá dicas para conseguir alcançar o domínio da língua. “Mude o idioma dos seus aparelhos (celular, computador, tablet) para o idioma que você está aprendendo. Isso pode levar ao aprendizado de novos vocabulários. Assista a filmes estrangeiros com legenda em português. Caso tenha um nível de conhecimento avançado, tente assisti-los sem legenda, ou com a legenda correspondente ao idioma falado no filme. Com isso você exercita pelo menos duas competências”, aconselha.

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