Por Deniele Simões Em Notícias

“Deixo a Conferência realmente agradecido”, diz dom Damasceno

O cardeal arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis, faz um balanço dos últimos quatro anos em que esteve à frente da presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Foto de: Deniele Simões / JS

Balanço Dom Damasceno - Deniele Simões JS

Dom Damasceno cita participação em dois Sínodos,
visita do Papa, Campanhas da Fraternidade e
envolvimento em questões sociais como destaques
nos últimos quatro à frente da CNBB

Dom Damasceno atendeu a imprensa durante coletiva no Santuário Nacional e conversou com o JS sobre as expectativas para a próxima gestão do organismo.

Na entrevista, ele também avalia a transferência em definitivo da Assembleia dos Bispos para Aparecida e rememora os mais de 30 anos que esteve envolvido com os trabalhos episcopais no Brasil e na América Latina e Caribe.

Jornal Santuário de Aparecida – Como o senhor avalia os últimos quatro anos à frente da presidência da CNBB?

Dom Raymundo Damasceno Assis – Acho que foi um período muito positivo, dentro de suas limitações. O ponto alto foi a visita do Papa a Aparecida e à Jornada Mundial da Juventude, em 2013, no Rio de Janeiro.

Em segundo lugar, tivemos dois Sínodos dos Bispos durante essa presidência. O Sínodo Ordinário sobre a Nova Evangelização para a Transmissão da Fé, em 2012. E um segundo Sínodo, no passado, em 2014. O Sínodo Extraordinário sobre a Vocação e a Missão da Família na Igreja e no Mundo.

Participei como presidente-delegado e a CNBB mereceu um destaque por parte do Papa, que me nomeou. Um Sínodo Ordinário em outubro deste ano vai ser a etapa conclusiva desse Sínodo e creio ser também destaque.

Chamaria a atenção também para as Campanhas da Fraternidade durante esse período. Foram campanhas muito importantes e abordaram temas de interesse da sociedade.

Na Conferência, continuamos a coletar assinaturas para o projeto de iniciativa popular pela reforma política democrática e eleições limpas. Essa é uma das propostas de reforma política e não pertence a nenhum partido político.

Outro aspecto importante foi o debate com a presença de todos os presidenciáveis aqui em Aparecida.

Durante esse mandato, mais de 200 declarações foram feitas pela CNBB, sobre os mais diversos temas de interesse da sociedade.

Tivemos também encontros com a presidência da República, com vários ministros para tratar de assuntos de interesse da Igreja e da sociedade.

JS  O que o senhor espera da próxima gestão da CNBB, que será eleita nesta Assembleia dos Bispos?

Dom Damasceno – Que paute seu trabalho evangelizador pelas orientações que vão surgir das diretrizes, que são aprovadas pela Assembleia. Portanto, é, de certo modo, um mandato para a nova presidência e dos presidentes das 12 novas comissões.

As diretrizes não são planos ou projetos de trabalho. Caberá ao secretariado nacional elaborá-los a partir das orientações das diretrizes. O mesmo deve acontecer com as dioceses e também com as paróquias.

O que a gente espera da nova presidência é que as decisões sejam cumpridas. As decisões da Assembleia são mandatos para a presidência, para o Conselho Episcopal Pastoral, para as Comissões Episcopais Pastorais. É claro que a Assembleia não pode previr tudo. Haverá sempre surpresas, porque a sociedade é dinâmica, ela caminha. Os problemas vão surgindo, os desafios vão aparecendo e caberá à nova presidência, responder a esses desafios, também, colegialmente, entre si, a presidência, com o Conselho Episcopal Pastoral e, quando se reunir com o Conselho Permanente.

JS  Quais são os principais desafios pastorais para a próxima gestão da CNBB?

Dom Damasceno – Os desafios estão no campo da formação, da educação dos nossos leigos, para que atuem com mais competência e responsabilidade na sociedade. O diálogo com a juventude, que tem características muito próprias. O problema da injustiça social, a questão indígena, a questão dos quilombolas, portanto, das populações mais frágeis. A Igreja muitas vezes é porta-voz dessas populações. Então, os desafios são inúmeros.

JS – O senhor sempre teve grande participação e presença na CNBB. Qual foi o aprendizado ao longo das últimas décadas e o que poderia partilhar conosco dessa experiência?

Dom Damasceno – Essa experiência foi muito rica porque Deus nos conduz pelos caminhos mais imprevisíveis. Ninguém pode prever o seu futuro, de como será a sua caminhada na vida.

Fui eleito bispo em 1986 e, em 1991, já me tornei secretário do Conselho Episcopal da América Latina e Caribe (Celam), vivendo quatro anos na Colômbia. Isso me deu uma visão da Igreja na América Latina. Depois, tornei-me secretário-geral da CNBB por dois mandatos, dando-me a oportunidade de conhecer melhor a Igreja no Brasil, seus desafios e, sobretudo, os bispos que conduzem as nossas igrejas particulares, nas nossas dioceses. Depois, voltei ao Celam como presidente, com uma nova oportunidade de conhecer ainda melhor a Igreja na América Latina, de criar maior comunhão com os demais bispos, admirá-los, conhecê-los.

Agora, como presidente da CNBB, veio essa oportunidade de poder admirar os bispos, pelo seu trabalho, pelo seu zelo, de conhecer essa realidade do Brasil mais complexa.

Acho que é uma riqueza extraordinária que não há nos livros, mas que se aprende vivenciando toda essa realidade. Tive essa oportunidade de estar aí nessas diversas funções por 20 anos, de modo que deixo a Conferência realmente agradecido por essa oportunidade que os bispos me deram.

JS  A Assembleia dos Bispos acontece em Aparecida pelo quinto ano consecutivo. Como o senhor avalia a transferência em definitivo para a cidade?

Dom Damasceno – Acho que muito boa, com estruturas muito adequadas, cada vez melhorando mais. A gente percebe uma satisfação, um contentamento de todos os bispos com a realização da Assembleia aqui em Aparecida. Sobretudo a possibilidade de eles poderem participar das celebrações litúrgicas, sempre em contato com os romeiros e os peregrinos aqui no Santuário. Eles sentem-se envolvidos com o povo de Deus, sobretudo nos momentos de oração.

 

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