Por Allan Ribeiro Em Notícias

Dom José Luiz comenta trabalho pastoral na CNBB

Criado em 2003, o Setor Mobilidade Humana da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem favorecido o aprofundamento do tema ao longo dos anos. Sete movimentos compõem esse conjunto pastoral. Toda essa integração tem como objetivo envolver todas as atividades que a Igreja desenvolve neste âmbito, contribuindo para uma nova sociedade na qual o estrangeiro ou migrante não venha a se sentir excluído.

Foto de: Divulgação

Dom José Luiz Salles - Divulgação

Dom José Luiz Salles ressalta
que as comunidades devem
construir uma Igreja sem fronteiras

Muitos foram os avanços desse trabalho pastoral, mas muito ainda pode ser acrescentado. O bispo de Pesqueira (PE) e referencial do Setor, dom José Luiz Salles, ressalta que as comunidades devem construir uma Igreja sem fronteiras, mãe de todos, familiar, peregrina e atenta ao fenômeno crescente da mobilidade humana em seus diversos setores.

Em entrevista ao JS, o bispo conta como tem sido as atividades ao longo dos anos e a relevância do trabalho do Setor para a sociedade e para a Igreja no Brasil.

Jornal Santuário de Aparecida – Quais são os frutos e avanços ao longo dos anos?

Dom José Luiz Salles – O setor tem ganhado reconhecimento dentro das pastorais sociais e demais comissões da CNBB, ajudando a dar solidez e visibilidade a pastorais que antes tinham pouca expressão no país. Tem também aumentado o interesse e a articulação entre as pastorais da mobilidade humana entre si e os demais âmbitos de atuação da Igreja no Brasil, havendo outras comissões que procuram se interessar pelos temas da mobilidade humana.

JSHoje, o Brasil acolhe milhares de refugiados e migrantes que buscam melhores condições de vida. Como tem sido o trabalho de acolhimento e conscientização?

Dom José Luiz – O setor tem mantido contato e feito um esforço para acompanhar o trabalho de inúmeras organizações católicas, mas também de outras confessionais e não confessionais, que se sensibilizam e atuam ativamente na promoção dos direitos dos refugiados e migrantes. Nesse sentido, o setor não exerce propriamente um controle sobre essas iniciativas, mas busca ser um serviço de Igreja, visando articular, apoiar e animar essa grande quantidade de iniciativas e organizações que procuram se fazer solidárias aos migrantes e refugiados.

JSO setor tem ganhado visibilidade principalmente por esse trabalho com os migrantes, mas as atividades são bem mais amplas. Como se divide e qual o critério para a inclusão dessas pastorais no Setor de Mobilidade Humana?

Dom José Luiz – A composição do setor, como assinalado anteriormente, demonstra como é ampla e variada a realidade da mobilidade humana atualmente. O Brasil reflete, nesse sentido, o campo vasto e móvel dos fluxos da globalização, no que tem de positivo e negativo. A mobilidade humana representa aquilo que existe de mais desafiador para a ação evangelizadora da Igreja no mundo atual, bem como, no Brasil. Apesar das grandes diferenças entre o serviço prestado aos trabalhadores do mar e aos trabalhadores da estrada; entre os nômades e o imenso campo da pastoral do turismo; entre a situação dos refugiados e dos migrantes temporários, ou mesmo os estudantes internacionais, todos esses grupos são fortemente marcados em seu modo de vida e em sua fé pela condição de mobilidade em que vivem permanentemente. Acompanhá-los em suas necessidades, fazer comunidade e ser presença de Igreja entre eles constitui o grande desafio para a Igreja, e as pastorais articulados no setor buscam os caminhos de resposta a esse imenso desafio.

JSNo ano passado, a Campanha da Fraternidade (CF) refletiu a questão do tráfico humano. A sociedade mudou a perspectiva diante dessa realidade?

Dom José Luiz – Na verdade, a percepção sobre a realidade do tráfico humano já vinha aumentando há muito tempo, não só na sociedade brasileira, mas também no mundo todo. O fato de a Igreja com suas pastorais terem assumido uma Campanha da Fraternidade é que representou uma grande novidade, não só porque trouxe esse tema para dentro de nossas liturgias e encontros de formação, mas também fez com que os cristãos se sentissem chamados a ter uma postura mais proativa diante dos problemas que giram em torno da questão do tráfico. Dessa forma, mais pessoas se sentiram com coragem para denunciar e muitas outras começaram a perceber a gravidade desse problema que sempre esteve presente na sociedade brasileira, atingindo as pessoas mais pobres.

JSO documento de Aparecida abordou a questão da mobilidade humana. Isso foi importante para reafirmar a relevância desse trabalho pastoral?

Dom José Luiz – Foi muito importante que os bispos delegados tenham tomado a iniciativa de apresentar elementos tão significativos para orientar a ação da Igreja na América Latina no sentido do acolhimento e acompanhamento dos migrantes em suas necessidades materiais e espirituais. Mas, é preciso dizer que essa sensibilidade vem aumentando já há muito tempo, dentro e fora da Igreja, e são incontáveis os documentos e pronunciamentos dos Pastores da Igreja na defesa dos direitos dos migrantes e na exortação pela solicitude de toda a Igreja com respeito a eles. Maior representante dessa postura nós temos no próprio Papa Francisco.

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