Por Jornal Santuário Em Notícias

Editora Santuário completa 115 anos

É difícil imaginar Aparecida, o Brasil, ou qualquer parte do mundo há 115 anos. A imprensa escrita era praticamente a única forma de comunicação existente e o país tinha a maior parte da sua população analfabeta. Também 90% das pessoas viviam na zona rural, ou seja, dos 17 milhões de brasileiros (população da época), 11 milhões tinham a roça como única opção de atividade. A expectativa de vida pouco ultrapassava os 33 anos, o país era uma república há muito pouco tempo, tinha pouca relevância ou representatividade para o resto do mundo e oferecia para a população condições muito precárias de vida e instrução.

O Brasil era quase nada. As únicas cidades com melhores condições e desenvolvimento eram São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Recife, fora disso, nas outras cidades só restavam a fé, a luta, o sonho e os ideais.

 

Por aqui, uma primeira turma de Missionários Redentoristas vindos da Alemanha, em 1894, começava uma história que dura até hoje. Eles chegaram a Aparecida para evangelizar o povo, com o intuito de propagar a devoção a Nossa Senhora Aparecida para todos os cantos do Brasil, mas perceberam que as pessoas não precisavam só disso. Elas precisavam ser cidadãs, precisavam de informação, de cultura e de conhecimento para se desenvolverem como pessoas. Era preciso construir algo novo.

Tiveram então uma ideia corajosa e ousada: fundar um jornal, iniciar uma editora, trazer máquinas da Alemanha e pôr uma gráfica para funcionar. De fato, iniciar um período de transformação.

Foto de: Acervo Jornal Santuário de Aparecida

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Jornal Santuário é filho primogênito e impresso católico mais antigo do Brasil

 

 

No dia 10 de novembro de 1900, é publicado o número 1 do Jornal Santuário d’ Apparecida, primeiro produto produzido pela Editora Santuário, que ensinava naquela primeira edição, ao devoto de Nossa Senhora, sempre praticar o bem.

Talvez os missionários redentoristas daquela época não fizessem ideia do tamanho da missão que acabavam de assumir, do legado que iriam deixar, das transformações que seriam capazes de incentivar.

Dentro desse contexto, a Editora associa-se de forma íntima à missão da Congregação do Santíssimo Redentor e, de certa forma, ao ser fundada somente seis anos após a chegada dos redentoristas alemães ao Brasil, acompanha passo a passo a missão redentorista no Brasil, sobretudo da Província de São Paulo.

São 115 frutuosos anos no sentido de ter expandido os meios de difusão do anúncio da Palavra, trabalhado conteúdos importantes para a humanização da cultura e contribuído para esclarecer e “catequizar” as devoções da religiosidade popular.

Daquele 10 de novembro em diante, nasceu a responsabilidade de sempre assumir a missão como norma de vida. O grande desafio é manter um equilíbrio entre as diferentes linhas de pensamento e de pastoral, de forma a contribuir para uma evolução positiva do processo de evangelização.

O que temos a comemorar?

De acordo com o diretor de periódicos da Editora Santuário, padre Ferdinando Mancilio, tudo deve ser comemorado: história, fatos, acontecimentos, perspectivas. “A Editora Santuário nasceu com um objetivo claro: comunicar, catequizar, formar o povo cristão em seus princípios éticos, morais e de cidadania, além do contato explícito com o peregrino de Nossa Senhora. Esse ideal continua, e hoje, ela continua a levar adiante seus propósitos e ideais. Por isso, temos tudo para comemorar o que nasceu na simplicidade de uma iniciativa missionária”, opina.

Para padre Ferdinando, se hoje temos um “volume maior” de presença e de ação, não se pode jamais deixar de voltar em seu início tão simples e humilde, mas com objetivo claro e empreendedor. “Lembro-me que, quando os eletrônicos como os computadores, começavam a se tornar mais comuns, ouvia-se dizer que o impresso estava com seus dias contados. Passou o tempo e continuamos a imprimir ideias, perspectivas e esperanças. Não imprimimos papel, imprimimos também formação e catequese, e outros mais”, afirma o padre.

Foto de: Acervo Jornal Santuário de Aparecida

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Primeiro Almanaque Ecos Marianos,
publicado em 1927

De acordo com o missionário redentorista o desafio é alcançar o coração humano com um projeto que o firme como criatura de Deus e o conduza à liberdade. “Nossa perspectiva é continuar nossa missão, idealizada em seus inícios há 115 anos, buscando compreender e ajudar os cristãos e todas as pessoas que querem construir a vida. O impresso, no sentido de formar a pessoa e firmá-la como criatura, é nossa perspectiva maior”, aponta.

Na avaliação do diretor editorial, padre Fábio Evaristo Resende Silva, sem dúvida nenhuma, temos muitos motivos para celebrar esta ocasião. “Nestes seus 115 anos de existência, a Editora Santuário vem conseguindo realizar seu objetivo de evangelizar e difundir valores humanos e cristãos por meio de seus impressos. Muitas pessoas em tantas partes do Brasil são alcançadas por nossos materiais e pelos conteúdos oferecidos por nossos autores. Temos muito orgulho de ter entre nossos títulos livros muito populares voltados para a formação cristã, como o nosso livro Fé e Vida, que em breve alcançará quatro milhões de unidades impressas. Temos também de reconhecer que os bons frutos colhidos são resultados dos inúmeros esforços dos missionários redentoristas do passado e do presente e dos colaboradores que trabalharam e trabalham na Editora Santuário. Temos hoje mais de 300 colaboradores que se dedicam na preparação, produção e distribuição dos nossos livros. Somos muito gratos a todos eles pelo trabalho que realizam”, detalha.

Padre Fábio também ressalta que entre os desafios está sobretudo a nova realidade do mundo digital. “Cada vez mais as pessoas usam os meios digitais para leitura e formação. Temos procurado caminhos para tornar a Editora Santuário mais presente neste universo. Um outro desafio é também a juventude. É necessário fazermos uso de linguagem e recursos literários apropriados para alcançar os jovens de nosso tempo”, explica.

Um dos produtos mais conhecidos da Editora Santuário, a Família Deus Conosco, é uma expressão muito feliz para os periódicos litúrgicos. “Família significa sedimentação, perspectiva, casa construída sobre a rocha. Desde 1970, exatamente no mês de setembro, quando foi impresso o primeiro periódico, ou seja, o folheto com a liturgia dominical, essa família foi crescendo. Crescer é próprio da família, não é mesmo? Essa família é tratada com muito carinho pela Editora, e envolve muitas pessoas, desde colaboradores e sacerdotes redentoristas, e outros sacerdotes que nos ajudam”, conta padre Ferdinando.

Ele relembra que é interessante quando é solicitado algum trabalho para essa Família, nunca se encontra recusa. “Isso é um bom sinal, sinal que é Família séria e que não está brincando em serviço. Nosso objetivo é ajudar os cristãos e as Comunidades a celebrarem bem sua fé, sua vida, sua esperança. Bom, essa Família continua sua missão, fazendo crescer seus laços missionários, e esperamos que avance.

Jornal Santuário de Aparecida é o mais antigo impresso católico em circulação ininterrupta

O Jornal Santuário surgiu numa época em que menos de 10% da população do país era alfabetizada e quando ainda não existiam rádios ou outros meios de comunicação. “O Jornal foi em sua origem uma ousada e pioneira inciativa evangelizadora dos missionários redentoristas alemães, que haviam chegado ao Brasil apenas seis anos antes de sua fundação, em 1894. Ao longo de todos estes seus 115 anos, o Jornal Santuário passou por inúmeras mudanças em sua linha editorial, mas nunca perdeu de vista o seu objetivo missionário-evangelizador como órgão oficial de comunicação do Santuário Nacional de Aparecida. Portanto, sua história está profundamente ligada à devoção a Nossa Senhora Aparecida, sendo um importante difusor da fé e dos valores humanos e cristãos pregados pelos missionários redentoristas”, acrescenta padre Fábio.

Para ele, o Jornal cumpre um papel desde sua criação, com o objetivo de oferecer aos seus leitores formação humana e cristã como uma continuação da reflexão e da pregação realizada pelos missionários redentoristas em Aparecida. “O Jornal, nesse sentido, continua a mensagem de Aparecida refletindo-a na vida social e eclesial das pessoas e da sociedade em geral”, reflete.

Foto de: Acervo Jornal Santuário de Aparecida

JS115 - Acervo Jornal Santuário de Aparecida (1)

Ao longo de 115 anos, o Jornal Santuário passou por inúmeras mudanças na linha editorial, mas
nunca perdeu de vista o objetivo missionário-evangelizador como órgão oficial de comunicação
do Santuário Nacional de Aparecida

 

Padre Fábio ainda acrescenta que apesar da grande presença da mídia digital em nosso mundo, a mídia impressa ainda possui importância ao alcançar sobretudo aquelas pessoas que não possuem acesso ou não estão familiarizadas com o universo digital. “Todavia, é preciso reconhecermos que cada vez mais os jornais impressos têm perdido lugar na sociedade. A televisão e a internet estão ocupando significativamente esta função comunicativa e informativa que pertencia aos jornais e revistas. Temos estudado e discutido caminhos para revitalização e adequação do Jornal Santuário às novas demandas do tempo presente. Em breve teremos novidades neste sentido”, conta.

Na afirmação de padre Ferdinando Mancilio, o Jornal Santuário, mesmo diante de suas dificuldades, como a da velocidade comunicativa de nossos dias, pois ele é um semanário, não deixa de ter sua importância na história da Editora e, certamente, no coração de muitas pessoas que o conhecem. “Seu valor intrinsecamente é sua própria idade, ou seja, em 115 anos ininterruptos levou sua mensagem ao povo de Deus. Isso é extremamente valioso e não pode ser desconsiderado. Seu valor, sua história, seu objetivo e o carinho que se tem por ele, continuam, e isso é muito bom”, finaliza.

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