Aos pés da Imagem, Vânia Aparecida Bellodi Sant’Ana Furlan, 53 anos, apresenta a Virgem de Aparecida um objeto de superação. Não é apenas uma peça de bordado. Aquela pequena bola de pano entrelaçada com linhas coloridas carrega um simbolismo singular para a devota. O trabalho manual é fruto das oficinas da Bola da Felicidade. Depois do contato com essa nova terapia, a moradora de Campinas (SP) teve a vida restaurada e pode encarar de frente as intempéries.
Foto de: Arquivo Pessoal
Oficinas contribuem para que as participantes tenham um encontro pessoal
A figura de Nossa Senhora, o rio Paraíba do Sul, três corações e a frase Dai-nos a benção reforçam um milagre da infância. Aos 7 anos, Vânia foi vítima de um acidente de charrete junto a avó. Ela foi lançada para longe, em um monte de areia. A avó ao cair sofreu uma fratura na clavícula. Quando as pessoas se aproximaram, para resgatar Vânia, ela já estava em pé, se limpando da areia. “ Não tinha nenhum arranhão. E ainda, linda e magnificamente iluminada, vi refletida a Imagem de Nossa Senhora Aparecida. A minha madrinha me segurou”, conta ao explicar o simbolismo da Bola da Felicidade confeccionada por ela.
A terapia na bola de meia surgiu como um resgate na história da mulher. Quando criança, ela havia ganhado um jogo de bordado da mãe, mas dizia que não queria bordar, pois naquela idade não gostava de linha e agulha, mas de brinquedos. Depois que a mãe enfrentou problemas de saúde e veio a falecer anos mais tarde, Vânia percebeu que o presente entregue a ela no passado foi a faísca para o trabalho motivacional.
“‘Brincar de bordar’ me faz tão bem e me faz acreditar na paz, na vida, na energia que pulsa, na esperança, no amor universal, na doçura e que eu posso construir. E ainda faz com que minha mãe, de certa forma, esteja comigo novamente”, acredita.
A criação dessa oficina que trabalha o bordado de forma peculiar foi idealizada pela artista plástica Tereza Barreto. É uma forma de fazer com que cada participante se encontre, se conheça e cresça como mulher. Ela explica que cada uma confecciona e borda a própria bola a partir de um par de meia esporte branca, um pedaço de manta acrílica, agulhas e linhas de diversas cores.
Para participar da oficina não é necessário saber nenhuma técnica. Longe dos celulares e dos componentes eletrônicos, a atividade se torna um detox digital, trabalhando a construção de uma abordagem motivacional apenas por meio do bordado.
Foto de: Allan Ribeiro/JS
Vânia Aparecida, ao lado do marido, veio a
Aparecida (SP) apresentar a Nossa Senhora o trabalho
da oficina da Bola da Felicidade
Entre agulhas e linhas, a proposta de criação do objeto traz a história de vida de cada participante, contemplando várias dinâmicas e abordagens, com exercícios respiratórios alongamentos e partilhas das experiências de vida. Tudo isso acontece dentro de um espaço com músicas, meditações e contato direto com a natureza.
Dessa forma, o fazer criativo de cada uma se transforma em uma experiência única de construção da própria felicidade. No processo de fazer a bola são trabalhados os medos e as resistências internas de cada um. O bordar é só um pretexto para abordar o ser interno e criativo, construindo assim, novos formatos de convivências e aprendizados onde as lembranças, recordações, recomeços e travessias da vida façam parte dessas vivências concebidas na arquitetura da felicidade da participante.
“Quando trabalhamos o pensamento coletivo de puro amor, não há nada na natureza que bloqueie o fluxo dessa energia positiva trabalhando em nós para que os nossos milagres se manifestem em nossas existências. Quando a gente tem um desejo ou um sonho, a gente entra em uma dança com Deus e com todo o universo”, explica a artista sobre os resultados da terapia.
Foto de: Arquivo Pessoal
Tereza Barreto conta que dezenas
de vidas foram renovadas por
meio da terapia
Com a técnica, Tereza, que é ex-freira, já passou por vários cantos do Brasil levando esse novo olhar terapêutico. O projeto nasceu ao acaso, em 2013. Ao encontrar o presente de uma amiga na cômoda do quarto – semelhante as bolas bordadas nas oficinas – teve a ideia de sugerir aos alunos que confeccionassem um objeto que simbolizasse o momento do sopro de Deus sobre a existência deles no mundo.
A experiência foi um sucesso. Cada participante fez um pequeno relato sobre a infância e as histórias de vidas, enquanto eram ensinados e praticados doze pontos do bordado livre.
Desde então Tereza não parou. A experiência de Vânia é só uma das muitas que a artesã tem para contar. São centenas de histórias milagrosas ao longo dos anos. Tanto que algumas delas viraram livro. Milagres Bordados foi a forma que a artista plástica encontrou para compartilhar e incentivar outras pessoas a encontrarem-se e serem protagonistas do próprio futuro. Para ela, todo este trabalho simboliza as sementes plantadas que floresceram.
A cada oficina da Bola da Felicidade, Tereza acredita que são plantadas novas sementes de fé e de esperança para dias melhores. “A gente começa a emitir uma energia que diz, ‘eu me amo, eu me aprovo dentro deste sonho de puro milagre!. Na medida em que a gente gosta deste sonho e se permite ficar entusiasmada com a perspectiva, o sinal que gente envia ao universo é forte”, expressa Tereza fazendo referência às percepções que foi tendo das oficinas ao longo do tempo.
Boleto
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