Por Allan Ribeiro Em Notícias

Evangelização faz resgate a primórdios da Igreja

Na biologia, a célula não é o corpo todo, mas traz dentro de si todas as informações necessárias para compor um ser inteiro. Com essa essência que grupos espalhados pelo mundo têm se inspirado para evangelizar. São reuniões com oito a 15 pessoas, que se unem semanalmente em oração uns pelos outros e para refletirem a palavra, assim como os primeiros cristãos.

Foto de: Acervo Pessoal

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Divididos em pequenos grupos, a evangelização em células consiste em oração e partilha

 

Logo após o Pentecostes, a Igreja organizou-se em pequenos grupos nas casas. Os cristãos se reuniam constantemente para partilhar a vida, para a eucaristia, para o louvor, para a oração, conforme narrado no livro do Ato dos Apóstolos. Tendo como referência os primórdios do cristianismo, a evangelização em células busca resgatar essas origens. No Brasil o sistema de células está presente em aproximadamente 30 dioceses.

A convivência dos irmãos é o que garante vida a essa nova forma de evangelização. Nela são gerados fortes vínculos de comunhão, de amizade e de aceitação. As células possuem grupos específicos, como o de mulheres, de adolescentes, de casais, assim como trabalha com outros que englobam sexo e idades diferentes.

A células não são apenas reuniões nas casas, mas uma comunidade com princípios enraizados em Cristo. O número pequeno de participantes por unidade se justifica pelo fato de que, dessa maneira, a comunicação se torna mais eficaz, garantindo tempo suficiente para que todas as pessoas compartilhem e recebam aconselhamentos. Essa dinâmica também permite um acompanhamento pessoal mais próximo dos membros.

Cada pessoa do grupo recebe uma meta, que é a de evangelizar outra pessoa, como uma cadeia de contatos. Nas células se vivenciam cinco propósitos de Deus para a Igreja: a comunhão fraterna, o louvor e adoração, edificação dos discípulos pela Palavra, anúncio de Cristo e o serviço uns aos outros.

Em São José dos Campos (SP), a paróquia Espírito Santo desenvolve há mais de 10 anos essa metodologia de evangelização. Na comunidade, cerca de 3 mil pessoas estão inseridas nessas unidades de evangelização. No início eram apenas 17. Hoje a paróquia conta com cerca de 250 grupos.

O pároco, padre Luis Fernando Soares, explica que ao longo do tempo o perfil dos grupos foi modificando-se. Nos primeiros anos, as células eram compostas por membros de pastorais e movimentos da comunidade. Posteriormente, pessoas afastadas ou que ainda não tinham tido uma experiência pessoal com Deus começaram a compor os grupos.

A metodologia de abordagem para a evangelização parece simples, mas é envolta de processos. “Ensinamos como chegar a uma pessoa sem fazer uma evangelização agressiva, obrigando a pessoa a ir à igreja. Começamos pelo serviço, abrimos ao diálogo, damos o testemunho, fazemos o anúncio de Jesus e, por fim, convidamos essa pessoa para participar do grupo”, explica o padre sobre a dinâmica na paróquia.

Nas reuniões nas casas, o primeiro passo é o quebra gelo, o momento de acolhida. Começa quase sempre com um café ou um lanche. Muitas das pessoas que chegam a Célula não estão habituadas com reuniões de Igreja, como explica o sacerdote. Depois, os membros dedicam-se à oração, à leitura da palavra e ao momento de partilha. Por último eles oram uns pelos outros e por aqueles que querem evangelizar.

E, com esse mecanismo, muitas vidas já foram restauradas. O casal Cibele Rodrigues de Souza Renó e Wyllian de Souza Renó encontraram sustento nas células durante duras fases da vida. Inseridos em um dos grupos da paroquia Espírito Santo, os dois acreditam que é possível ir mais longe e alcançar ainda mais bênçãoss evangelizando por meio de células.

Foto de: Acervo Pessoal

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Casal Cibele e Wyllian contam que tiveram inúmeras graças depois 
que começaram a participar do sistema de evangelização

O primeiro contato de Cibele e Wyllian com as células surgiu após o convite de um casal de amigos. De lá para cá, muitas coisas se transformaram na vida dos dois. O casal já havia tentado engravidar por dois anos e, quando começaram a participar efetivamente das reuniões, tiveram a notícia que seriam pais.

Ao nascer, o filho do casal foi diagnosticado com Lúpus, mesma doença do pai, mas, com a intercessão do grupo foi curado. Para Cibele e Wyllian esses milagres, assim como outros na vida deles, tornaram-se concretos por meio da fé e da oração dos irmãos de célula que oraram por eles inúmeras vezes.

“A célula não é um lugar para buscarmos milagres, mas unidos em oração e com a cumplicidade que temos uns com os outros, com o amor que descobrimos uns pelos outros, faz que alcancemos milagres e superemos qualquer obstáculo que a vida nos coloca”, acredita Cibele. 

Origem 

O sistema de evangelização em células teve início na década de 1980, com padre Michael Eivers, na Flórida. Depois foi assimilado pelo padre Pigi Perini, presidente do organismo internacional, que não somente o aplicou com êxito na comunidade que atuava em Milão, como sistematizou a ideia para servir dioceses, paróquias, novas comunidades e movimentos eclesiais de todo o mundo.

Em 2009 o Pontifício Conselho para os Leigos acolheu este método por meio do reconhecimento pontifício, tornando o Organismo Internacional de Células um caminho seguro para toda a Igreja viver a nova evangelização no contexto das pequenas comunidades.

Este ano, o modelo recebeu a aprovação do Vaticano. Uma cerimônia com o Santo Padre foi organizada para oficializar e tornar público a decisão da Santa Sé. Com o aval, o sistema de evangelização pode ser praticado em qualquer paroquia do mundo.

 

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