Por Alexandre Santos Em Notícias

Evento reúne mais de 1 milhão de pessoas em Fortaleza

Já era quase meia-noite, quando cheguei, na quinta-feira (24). Foi uma longa viagem até Fortaleza (CE). Ao estacionar o táxi na entrada do evento, fiquei impressionado com o número de pessoas saindo. Estiquei a cabeça para fora do carro e perguntei: “Já acabou?” A resposta foi rápida: “Não, está começando agora. Seja bem-vindo!”

Foto de: Alexandre Santos / JS

Rosa de Saron_Halleluya_Alexandre Santos JS

O taxi só podia ir até ali. Era preciso seguir a pé. Enquanto caminhava percebi a imensidão da fazenda Uirapuru. Situadas bem ao lado do Estádio Castelão, aquelas terras hoje são ocupadas por casas missionárias de diversas congregações, comunidades e movimentos da Igreja Católica. Transformada em lugar de evangelização, a antiga fazenda virou o Condomínio Espiritual Uirapuru (CEU).

Após uma boa caminhada por uma estrada de terra, a surpresa foi ainda maior ao ver o público que permanecia na arena de shows. Cerca de 230 mil pessoas ocupavam os cerca de 80 mil metros quadrados do evento. Foi difícil conseguir passar por entre as pessoas até chegar ao palco, onde já haviam se apresentado Diego Fernandes, Ziza Fernandes e o forrozeiro Naldo José. A multidão esperava o último show da noite: a banda Rosa de Saron.

Antes de subir ao palco, o vocalista Guilherme de Sá expressou a alegria de participar do evento. “O Halleluya significa firmar compromisso. Aqui encontramos pessoas que apoiam o nosso trabalho e dão respaldo à música que fazemos. Tudo aqui é feito pela fé, com amor, com carinho. É por isso que o Halleluya está onde está”, afirma.

Cinco noites de festa

Promovido pela Comunidade Católica Shalom, o evento aconteceu entre os dias 23 e 27 de julho, na Capital Cearense. Nas cinco noites, mais de um milhão de pessoas passaram pelo local. O maior número foi registrado no sábado (26): 300 mil pessoas acompanharam os shows de Missionários Shalom, Alto Louvor, Ana Gabriela, Eros Biondini e Cosme. Recorde de público desde a primeira edição, em 1997.

Foto de: Alexandre Santos / JS

Comunidade Recado_Halleluya_Alexandre Santos JS

Nas outras noites, a média de público também foi alta. Numa quarta-feira, cerca de 180 mil pessoas participaram da abertura do evento e assistiram aos shows de Adriana Arydes, Batista Lima e Tony Alysson. Na sexta-feira (25) as atrações foram Nilton Júnior, Comunidade Recado, Banda Dominus e Davidson Silva, que lançou um CD Desperta para um público de 150 mil pessoas. Para o cantor mineiro, não foi apenas o lançamento do seu terceiro disco: “Eu lancei a minha vida ali no palco. Esse show foi um grito realmente para despertar. Um convite de Deus para mim e para todas as pessoas para despertarem para uma vida nova”, ressalta.

Já no domingo (27), o encerramento do evento contou com a participação de 200 mil pessoas, que assistiram aos shows do ministério Adoração e Vida, Dunga e da cantora cearense Suely Façanha. “Eu creio muito na força do Halleluya porque, a cada ano, a gente tem conquistado um número maior de pessoas. Isso mostra que o evento está no caminho certo e temos de aproveitar essa oportunidade para atrair sobretudo os jovens”, afirma.

Para aguentar as cinco noites de festa, valia de tudo para descansar as pernas ou dar aquela esticada quando batesse o sono. Por conta da experiência de outros anos, o estudante Albérico Távora resolveu, pela primeira vez, levar um colchão inflável. “É um evento muito importante. Infelizmente não dá para vir todas as noites, mas quando venho é para ficar até o final. Então vi que realmente precisava trazer alguma coisa para descansar”, explica. Já o também estudante Francisco Roniele foi além. Ele levou uma barraca de camping. “Quando venho, trago a namorada, a família, então foi a solução que encontrei para dar uma descansada e conseguir ficar até de manhã”, conta.

Entre um show e outro, várias opções. Fazer uma boquinha na área de alimentação, dar uma volta pelos stands de artigos religiosos, conferir as competições de bicicross e skate, no Espaço Adventure, participar da gravação de um programa de TV e até assistir a um filme, no Cine Halleluya, uma sala de cinema montada num contêiner. O evento ainda tinha o Espaço da Misericórdia, com atendimento de confissões, aconselhamento, cursos e uma capela de adoração ao Santíssimo Sacramento. Aliás, um dos momentos mais marcantes do evento, é a passagem do Corpo de Cristo pelo meio da multidão. Na hora da bênção, um silêncio arrebatador toma conta da arena.

Mega estrutura

Foto de: Alexandre Santos / JS

Festival Halleluya - Foto Alexandre Santos_2

Ao entrar na área reservada à organização, outra surpresa: contêineres se transformaram em camarins, sala vip, redação, central de conteúdo, sala de maquiagem e até ateliê de costura. Enquanto o evento acontece, costureiras ajustam, consertam e dão os últimos retoques nos figurinos dos espetáculos de dança, teatro e nos musicais que abriram cada uma das cinco noites do evento. Ao todo, cerca de 6 mil voluntários estiveram envolvidos na organização evento, desde as áreas técnicas e artísticas até trabalhos operacionais e burocráticos. Tudo isso para dar conta da estrutura do maior festival de artes integradas do Brasil. 

Para um dos membros da Comissão Central de organização do evento, Tobias Cortez, o maior desafio é manter a harmonia do evento, lidando com um verdadeiro exército. “São muitos desafios, mas o maior de todos é fazer com que essa orquestra toque de uma forma harmônica. E, graças a Deus, temos conseguido isso. Há no meio de nós boas cabeças. Pessoas que conseguem organizar bem e aí as pessoas que estão, cada uma, na sua função, conseguem desempenhar bem o seu trabalho”, afirma.

Segundo Cortez, tudo aconteceu de acordo com o esperado. Ele se disse satisfeito com o saldo do evento e ressaltou a boa aceitação do público em relação às novidades deste ano. “As pessoas receberam as mudanças do evento de maneira muito positiva. Fizemos uma nova identidade visual, criamos a Arena Cultural, que foi muito bem avaliada, fizemos um novo camarote, também trouxemos novas atrações. Ficamos muito felizes de ver que o Halleluya continua agradando e atraindo públicos diferentes”, comemora.

A festa que nunca acaba

Criado em 1997, para ser uma opção ao carnaval fora de época de Fortaleza, o Halleluya se firmou, ao longo do tempo, como um dos principais eventos do calendário da cidade e o maior festival de artes integradas do país. Com o slogan A festa que nunca acaba, o evento é referência para outros do gênero no Brasil e já acontece em outras capitais, como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo.

Foto de: Alexandre Santos / JS

Irmã Maria Tereza - Foto Alexandre Santos

Irmã Maria Tereza: "O Halleluya é uma potência
de evangelização. Que bom seria se houvesse
vários, mas essa é uma grande pesca que o
Senhor nos proporciona uma vez por ano".

Para o fundador da Comunidade Shalom, Moysés Azevedo , mais do que estruturas, o sucesso do evento se deve ao desejo por Deus que habita no coração do ser humano. “Nós temos uma convicção: o homem de hoje tem fome e sede da Palavra de Deus, do Evangelho e do próprio Cristo. Muitas vezes eles mesmos não sabem, mas lá no fundo do coração essa sede do eterno, do definitivo, do Deus que é amor e misericórdia e que se revela em Jesus Cristo”, afirma.

Segundo ele, promover esse encontro é a principal missão do Halleluya. “Quando realizamos esse tipo de evento, pela graça de Deus, abrimos a oportunidade de sermos instrumentos desse encontro entre um Deus amoroso, apaixonado pela humanidade, e os homens, sedentos desse amor. Com criatividade, coragem e ousadia, vamos ao encontro dessas pessoas para anunciar, com a linguagem delas, a verdade eterna, que é Jesus Cristo, expressão plena da felicidade”, conclui.

Duas das principais características do Halleluya são a criatividade e a diversidade. Essas duas palavras se encontram nas diversas atrações do evento, que atraem pessoas de todas as idades, etnias e classes sociais. Caminhando pelo meio do público, encontra-se jovens, crianças, idosos, famílias inteiras que vão participar dos shows. Até religiosos participam das noites do Halleluya. É o caso da irmã Maria Tereza, da Congregação dos Filhos da Misericórdia de Jesus Salvador. Ela e mais duas irmãs curtiram os shows da terceira noite. “O Halleluya é uma potência de evangelização. Que bom seria se houvesse outras edições, mas essa é uma grande pesca que o Senhor nos proporciona uma vez por ano”, afirma.

Para atrair públicos tão diferentes, é preciso caprichar e diversificar as atrações. Durante as cinco noites, tem shows de rock, pop, samba, pagode, forró, axé, reunindo grandes nomes da música católica. Além da música, o evento conta com apresentações de teatro e dança, espaços para confissão, aconselhamento, cursos, adoração, esportes, compras e muito mais.

Foto de: Halleluya

Participantes Halleluya - Foto Halleluya

Segundo Tobias Cortez, membro da comissão organizadora, a criatividade para criar novas atrações a cada ano vem da contribuição de todos que, de alguma forma, serviram no evento. “Ao final do Halleluya, cada equipe de serviço e cada setor faz uma avaliação. Esse resultado chega para nós, da comissão central, com sugestões. A partir daí, a gente avalia e decide o que precisa ser mudado, quais são as novas inspirações, tudo colocado em oração. As ideias surgem dessas sugestões, do que a gente percebe, das inspirações que brotam da oração e também acompanhando as linguagens pelas quais os jovens se sentem atraídos em cada tempo, para que, através daquilo que eles mais gostam, possamos trazê-los para o evento e proporcionar essa experiência pessoal deles com Deus”, explica. 

Celebrando 30 anos de fundação, a Comunidade Recado participa desde a primeira edição e faz parte da história do Halleluya. Segundo o fundador, Luiz Carvalho, a comunidade teve participação ativa na criação do evento. “Faz parte da nossa história. Inclusive eu que tive a ideia de um evento assim e passei para o Moysés . Graças a Deus ele teve coragem, assumiu e hoje a gente vê essa grandeza que é o Halleluya. Para nós, é o momento de encontrar com os amigos, encontrar com o povo de Deus e testemunhar o que o Senhor está realizando na nossa vida”, comemora.

Arena Cultural

Uma das novidades deste ano foi a Arena Cultural. A estrutura montada integrou vários espaços temáticos voltados para a juventude

Cine Halleluya – É isso mesmo. O Halleluya montou um cinema dentro de um contêiner. Durante os cinco dias de evento, o espaço recebeu mais de 1.300 pessoas em 17 sessões. O maior público aconteceu no sábado. Cinco filmes foram exibidos para 435 espectadores

Foto de: Halleluya

Participantes Halleluya_2 - Foto Halleluya

Festival de Artes – Em sua quarta edição, o festival reuniu um público de cerca de 10.600 pessoas para as eliminatórias das categorias Teatro, Dança e Música. Quase 30 grupos participaram das eliminatórias. Os vencedores foram o grupo Ritmo Soul’to, na categoria Dança, com a coreografia Fulgaz. Rogiane de Oliveira, venceu na categoria Teatro, com o monólogo Vende-se. Já a banda Lord Metal venceu a categoria Música com a canção Tua Luz. Eles se apresentaram no domingo, abrindo a última noite de shows no palco principal

Fazendo Barulho – Adaptação do programa de TV que a Comunidade Shalom produz, o espaço recebeu mais de 2.500 pessoas. Na arena montada, foram debatidos diversos temas, como Felicidade, Sentido da Existência, Santidade, Amor e Um ano da Jornada Mundial da Juventude.

Halleluya Adventure – O espaço teve 40 competidores de BMX (bicicross) e 30 de skate. Cerca de 20 mil jovens, por noite, assistiram às disputas. De acordo com a coordenação, colocar o Adventure dentro da Arena Cultural fez com que os participantes estivessem mais integrados ao restante do evento. Na sexta-feira, um ônibus estilo Walking Party atraiu quase 900 jovens para participar de um seminário sobre o Espírito Santo.

Construtores da Sociedade – O espaço contou com 33 estantes institucionais e vocacionais, com venda de produtos religiosos, divulgação de iniciativas, projetos, movimentos e carismas da Igreja Católica

Halleluya Kids – Voltado para os pequenos, o espaço recebeu cerca de 1.500 crianças durante as noites do evento. Além de música, brincadeiras, jogos, desenho e diversas outras atividades, o espaço contou com a animação da turma do Cantinho da Criança, da TV Canção Nova.

 

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