Arquivo Pessoal
Buscar informação é um elemento fundamental
para uma escolha madura e autônoma;
a escritora Sofia Fada é a principal incentivadora
do filho, João Gabriel
De acordo com dados do último Censo da Educação Básica do Inep/MEC de 2012, há 8.376.852 alunos matriculados no ensino médio. Já no médio técnico, temos pouco mais de 1,3 milhão. Juntos, esses mais de 9 milhões compartilham uma mesma dúvida quando encerrado o ciclo escolar: “para qual curso prestar vestibular?” A questão foi tema da última pesquisa realizada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), com 4.812 participantes, dos quais, 37,5%, preferiam mais ler material sobre a carreira pretendida, do que conversar com amigos e profissionais da área (32,27%), fazer testes vocacionais (20,68%), pedir apoio a família (7,92%) e realizar acompanhamento com psicólogos (1,58%).
Para a coordenadora de Treinamento do Nube, Yolanda Brandão, buscar informação é um elemento fundamental para uma escolha madura e autônoma. “Optar por uma carreira envolve uma análise de dados e requer reflexão a respeito de quem você é e quem pretende ser; ou seja, sobre o seu projeto de vida”, explica.
Mas, de acordo com Yolanda, quanto mais referências tiver, maior é a chance de acertar. “A decisão é de responsabilidade do jovem, mas isso não significa ignorar a opinião de entes próximos e profissionais especializados. Caso opte por uma profissão diferente, é preciso ter paciência e defender sua ideia. Nenhuma escolha é definitiva. A carreira é um processo dinâmico ao longo da vida e, sendo não linear, pode ter mudanças e redirecionamentos”, finaliza Yolanda.
Descobrir-se requer reflexão
A orientadora vocacional da Colmeia – Instituição a Serviço da Juventude –, Maria Stella Sampaio Leite fala que escolher uma profissão implica refletir profundamente sobre interesses, facilidades e dificuldades, valores e pesquisas sobre as profissões e os cursos de formação. “Optar por uma carreira envolve possibilidades pessoais, financeiras e oportunidades.”
Para Maria Stella é importante fazer projetos: “Um projeto de vida é composto por escolhas ao longo da vida. Podem ser profissionais, filosóficas, valorativas, amorosas. Um projeto profissional, este é de suma importância”, afirma.
De acordo com a orientadora vocacional a perspectiva de carreira é justamente a ideia de que as escolhas vão ocorrer por toda a vida, a primeira escolha é somente o primeiro degrau. “A cada momento da vida profissional novas escolhas serão feitas, aspectos diferentes serão privilegiados, de modo a alcançar a realização”, explica.
Maria Stella aconselha que é preciso pensar muito no próprio jeito de ser, pesquisar sobre as profissões, faculdades e cursos tecnológicos disponíveis. “O processo de orientação vocacional ajuda o jovem com relação a todos os aspectos levantados”, declara.
Na avaliação do diretor da Superação Treinamentos e Consultoria, Marcos Sousa, feliz daquele homem que desde cedo descobre logo seu talento ou dom e toma a decisão de profissionalizá-lo, porque ele não mais trabalhará na vida. Simplesmente ele fará o que gosta e gostará do que faz. “A maioria das pessoas hoje não fazem o que gostam ou não gostam do que fazem, simplesmente trabalham e isso dá muito trabalho para qualquer pessoa desmotivada. Daí, a importância de se fazer testes vocacionais e claro se envolver com várias atividades e tentar despertar logo cedo algo de que goste e com que se identifique, pois quanto mais identificado com algo, menores serão as chances de desmotivações”, aponta.
É o caso do menino, João Gabriel Rodrigues Camargo, 12 anos. Ele desenha desde os dois anos e já sabe o que quer para a vida. Acabou de criar o projeto Um dragão por dia. Numa página do Facebook que já passou dos 7.000 seguidores, ele posta seus esplendorosos desenhos diariamente. “Antes eu queria ser biólogo. Depois que comecei a fazer a página, decidi mudar de área, porque vi que meu talento pode me levar a muitos lugares”, conta o garoto.
O adolescente sente-se muito incentivado pela receptividade do público na internet. “É o que faz querer me superar a cada dia e me motiva a desenhar, mesmo cansado, mesmo que seja 11 horas da noite, de um domingo ou feriado.”
A família também é a chave para o desabrochar a vocação, pois a mãe do menino, a jornalista e escritora Sofia Fada é talvez a maior incentivadora. “Mais do que o salário, é preciso levar em conta os nossos talentos e vocações”, comenta.
Diferente de João Gabriel que já identificou o quer para a vida, muitos jovens em idade de vestibular ainda não têm maturidade suficiente para decidir o que vão fazer no futuro, menos ainda aos 12 anos. Para Sofia isso leva a decisões precipitadas e a insatisfações. “Acho importante colocar na balança os talentos, as expectativas e o que gosta de fazer. Se é matemática, pesquise as profissões que utilizem o raciocínio lógico, se é talento para escutar pessoas e resolver conflitos, pesquise o campo de administração, recursos humanos e psicologia. O futuro se constrói a cada dia, e ele é feito de escolhas, por isso é tão importante fazer uma escolha consciente.”
Ela cita o seu próprio exemplo. “Eu sabia o que queria ‘ser quando crescer’ desde criança, porque sempre gostei de escrever e ler. Dessa forma, escolher a faculdade de comunicação e jornalismo foi uma escolha natural porque sempre quis ser escritora. Mesmo sendo um mercado de trabalho difícil e complicado, não me arrependi e consegui traçar um respeitável caminho profissional. Isso também está acontecendo com o meu filho. Ele ama desenhar e por isso o incentivo sempre, para que ele consiga transformar a sua arte e a sua paixão em uma profissão. No futuro acredito que ele terá um leque de escolhas à disposição, como designer gráfico, artes plásticas, desenho de animação, publicidade.”
Reprodução
Na fan page do João Gabriel é possível acessar
este e outros desenhos feitos pelo garoto
Marcos Souza conta que na condução da carreira é preciso ter o sentimento da melhoria contínua, do progresso nos estudos, no querer atingir desafios maiores, persistência e vontade para superar.
Segundo Souza, atualmente é difícil saber o que se quer, porque os jovens vivem num mundo cheio de tecnologia e informação. “Excesso de atividades gera indecisão, mas é normal ao ter muitas opções. Sem falar que no Brasil tende-se a querer sempre empregar os filhos em empresas, quando na verdade muitos deles têm talentos para empreender e abrirem seus próprios negócios. No mercado de tecnologia, crianças se tornam milionárias desenvolvendo softwares aos 15 anos. Falta também hoje maior acesso às universidades de qualidades”, opina.
Conheça a fan page do João Gabriel, acesse: www.facebook.com/umdragaopordia
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