O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e bispo da diocese de Caxias do Maranhão (MA), dom Vilsom Basso, conversa com o JS sobre Igreja e juventude.
Empossado durante a 53ª Assembleia dos Bispos da CNBB, dom Vilsom acolhe a missão de coordenar a Comissão com humildade, espírito de serviço e também com amor à juventude, a quem se dedica há 36 anos.
Jornal Santuário de Aparecida – Antes de assumir a presidência, o senhor já era membro da Comissão e bispo referencial da Juventude do Regional Nordeste 5 da CNBB. Como começou a sua identificação com os jovens?
Dom Vilsom Basso – Comecei a assessorar a juventude em 1979, quando ainda era estudante de filosofia. Depois, como sacerdote, aqui no Maranhão, assessorei a Pastoral Juvenil na diocese de Viana. Depois, na arquidiocese de São Luís e em todo o Maranhão. Isso, entre 1986 e 1993.
Em 1998, a CNBB me escolheu como assessor nacional do setor Juventude e, depois, continuei sempre trabalhando com os jovens.
Foto de: Arquivo Pessoal
Dom Vilsom Basso: "Temos de avançar
em quatro pontos: aprofundar a missão,
a formação de assessores e acompanhantes,
estimular ainda mais o diálogo entre as
diferentes forças juvenis e agora abraçando
também uma causa mais social e ecológica"
São 36 anos de trabalho e de serviço com a juventude e, nos últimos quatro anos, de 2011 a 2015, junto com o dom Eduardo, presidente da Comissão, e dom Dino, nós formávamos a Comissão Episcopal para a Juventude, que foi criada, aprovada pela CNBB em 2011.
JS – Os jovens vivem um momento de grande incentivo na Igreja, mas ainda existem dificuldade de exercer, de fato, o protagonismo. Quais são as principais conquistas do trabalho com a juventude e onde ainda preciso avançar?
Dom Vilsom – Todo o trabalho foi feito na perspectiva de que o jovem estivesse à frente, com os assessores e os bispos, exercendo o seu protagonismo. E assim se caminhou durante muitos anos. Lembro de projetos de ação, de formação e de espiritualidade que animaram a juventude no Brasil. E, em 2007, com o documento 85 da CNBB, foram apresentadas oito linhas de ação em diferentes aspectos do trabalho com a juventude.
A partir da Jornada Mundial da Juventude e da Campanha da Fraternidade de 2013, foram aprofundados aspectos como a missão, formação, assessores e acompanhantes para a juventude. Além disso, houve estímulo em cada diocese, ao trabalho conjunto entre as Pastorais Juvenis, as congregações religiosas que atuam com jovens, os movimentos juvenis e as novas comunidades.
Também, com os 300 anos do encontro da imagem de Aparecida, juventude e missão deverão caminhar com o projeto do Santuário Nacional, animados pela encíclica de ecologia que o Papa Francisco deverá lançar. Essa é uma vertente nova que vai estimular bastante o envolvimento social da juventude.
Temos de avançar em quatro pontos: aprofundar a missão, a formação de assessores e acompanhantes, estimular ainda mais o diálogo entre as diferentes forças juvenis e agora abraçando também uma causa mais social e ecológica.
JS – Que avaliação que o senhor faz do projeto Rota 300?
Dom Vilsom – Não vou avaliá-lo, mas divulgá-lo. O Rota 300 foi lançado agora na Assembleia dos Bispos do Brasil, para todo o país e ele abarca esses pontos essenciais que devemos avançar com a juventude.
Esse projeto tem esses quatro pontos fundamentais: estimula a missão dos jovens em todo o Brasil; a formação de assessores e acompanhantes de jovens para que possam dar condições a essa juventude de trabalhar; vai favorecer o diálogo e a comunhão entre as diferentes forças juvenis e o trabalho social, a ecologia, a preservação dos rios de cada diocese do Brasil, com debates com a sociedade civil.
JS – Como o senhor avalia o trabalho das Pastorais Juvenis, nos seus diversos âmbitos, e qual a contribuição para a juventude e a Igreja no Brasil?
Dom Vilsom – A Igreja, nos anos 1960, atuava com a Ação Católica Especializada. Com a ditadura militar, tudo isso desapareceu, mas, na década de 1980, começa a surgir novamente. Surgem, então, as Pastorais Juvenis do meio popular, do meio estudantil, rural e a Pastoral Universitária. A juventude católica estava presente nos diferentes âmbitos da sociedade e tudo isso trouxe elementos importantes para a Igreja e para a sociedade, mostrando também o lado do compromisso, do envolvimento com as causas sociais e do nosso povo. Por isso, as PJs tiveram e têm esse papel importante, sendo testemunho de Cristo e de esperança de uma vida melhor para todos.
JS – O Brasil enfrenta o grave problema do extermínio de jovens, sobretudo dos mais pobres e negros, que vivem nas grandes periferias. Qual o olhar da Igreja sobre a questão?
Dom Vilsom – Desde 2010, as Pastorais da Juventude no Brasil têm a campanha Chega de Violência e Extermínio de Jovens, levantando essa problemática vivida em todo o país.
Este ano, o próprio Congresso Nacional abriu uma CPI sobre o extermínio de jovens negros no Brasil.
A Igreja tem levantado essa questão, que é real. Temos 55 mil pessoas mortas todos os anos no Brasil, violentamente, e a grande maioria é de jovens. Por isso, as Pastorais da Juventude e a Igreja querem continuar esse debate com a sociedade, indo, de fato, às causas, que são a falta de políticas públicas concretas para a nossa juventude.
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