Por Deniele Simões Em Notícias

Irmã Irene Stefani deve inspirar novos missionários

A beatificação da irmã Irene Stefani, religiosa italiana que pertenceu à congregação das Missionárias da Consolata, pode ser considerada um marco no trabalho de evangelização no continente africano.

Irmã Stefani foi beatificada no final de maio e teve a vida marcada pela simplicidade nos atos, pela misericórdia e pela paixão pelo Evangelho. A religiosa, que viveu no século XIX, é símbolo da missionariedade que, na opinião do Papa Francisco, deve permear a Igreja.

Segundo a assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), irmã Dirce Gomes da Silva, o testemunho da religiosa recém-beatificada é de grande relevância. “Ela viveu em favor da vida e a missão é uma questão de vida”, opina a religiosa.

Foto de: Reprodução

Irmã Irene - Reprodução

Irmã Irene Stefani, jovem religiosa
italiana que se dedicou aos  pobres, 
abandonados, doentes desprezados
e enfermos. Com uma precariedade 
enorme de recursos acabou sendo
infectada pela peste, vindo a falecer
no Quênia, com apenas 39 anos.
Foi beatificada no dia 23 de maio,
após o reconhecimento de um
milagre raro: uma pia batismal com
restos de água não se esgotou, nos
três dias em que foi consumida por
cerca de 250 refugiados, escondidos
em uma igreja no Moçambique

A Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), através de sua presidente, irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, acredita que uma beatificação na Igreja tem um sentido profundo. “Em primeiro lugar, a pessoa sai do âmbito regional, congregacional e se torna um modelo para todos os cristãos e cristãs, enfim, para a Igreja”, aponta.

De acordo com ela, isso acontece a partir do momento que a Igreja reconhece oficialmente as virtudes e comprova a vida de testemunho heroico, a doação total e o serviço generoso de cada bem-aventurado, criando-se, assim, um estímulo a todos os cristãos.

Missionários brasileiros na África

Irmã Maria Inês acredita que exemplos como o da religiosa italiana motivam jovens de diferentes partes do mundo a abraçar a missão Ad gentes, conforme o termo do Vaticano II, cujo significado é “ao encontro dos povos”.

“É interessante observar como jovens, de diferentes países, se ligam a projetos missionários e dão parte de suas vidas, como voluntários. Muitos depois acabam se aliando ao instituto e consagrando sua vida à causa missionária”, detalha.

Irmã Dirce concorda com a presidente da CRB. Para ela, o que mais atrai os jovens, atualmente, é o testemunho. Ela ressalta que, quando o jovem abraça a evangelização, é possível perceber o quanto eles se dedicam, vibram e constroem causa missionária.

Em relação ao número de missionários brasileiros que partem em missão à África, tanto irmã Dirce como irmã Maria Inês afirmam que a quantidade não é muito grande, mas, tem aumentado de forma considerável.

“O número de missionários e missionárias que seguem do Brasil para o continente africano tem crescido, porém é ainda muito pequeno em proporção às necessidades e apelos”, explica irmã Maria Inês. De acordo com ela, cresce também o número de leigos e leigas que vão em missão à África.

Ainda de acordo com a presidente da CRB, cada instituto de vida consagrada, a partir dos apelos das igrejas, ou por iniciativa própria, avança para as áreas de missão, seja no próprio país, ou além-fronteiras.

Quanto ao perfil dos missionários, não é possível conhecer todos, até porque não existe um monitoramento detalhado dos números. Entretanto, irmã Dirce afirma ter contato com muitos que passam pelo curso Ad gentes promovido pelo Centro Cultural Missionário (CCM), em Brasília (DF). “São pessoas de profunda fé, fiéis ao seguimento de Jesus, que expressam uma paixão pelo Reino e amor aos pobres”, conta.

Aliás, o amor a Jesus Cristo e ao Reino é condição indispensável para quem se dispõe a ser missionário, além do respeito às diferenças culturais. “A pessoa que tem Jesus por modelo de vida e abraça uma causa missionária Ad gentes deve empenhar-se em colaborar com a ação evangelizadora da Igreja para a qual está sendo enviada, em atitude de entrega e grande capacidade de adaptação e enculturação”, explica irmã Maria Inês.

Ano da Vida Consagrada

O trabalho de pessoas que se doam à missão evangelizadora é enfatizado sobretudo neste Ano da Vida Consagrada e, por isso, oportunidade para que mais pessoas abracem essa causa generosa.

“A missão da vida consagrada é justamente estar presente onde a vida é mais ameaçada”, ressalta irmã Maria Inês. Segundo ela, há muito tempo se pede que a Igreja da América Latina abrace a missão além-fronteiras, mas os passos ainda são tímidos.

A religiosa cita o Documento de Aparecida, que cobra um compromisso mais significativo com a missão universal em todos os continentes, para que a Igreja não se feche em si mesma.

Por isso, a vida consagrada, ao longo de toda a sua história, tem dado exemplos marcantes de pessoas totalmente doadas a causa missionária.

Através da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionaria, a CNBB busca promover a ação missionária e evangelizadora, a formação e atividade dos missionários e a ajuda intereclesial, no Brasil, e especialmente manter viva a chama da missão além-fronteiras.

Irmã Dirce ressalta que outra prioridade da Comissão é a missão Ad gentes, por tratar-se de tarefa especificamente missionária confiada por Jesus à Igreja. “Para tanto, o que fazemos é, na medida do possível, visitar os missionários que estão em outros países e manter contato com alguns, principalmente de Moçambique e Guiné Bissau”, explica.

No sentido da cooperação missionária, a CNBB, através da articulação da Comissão, tem cooperado com a Guiné Bissau e Timor Leste, enviando professores para auxiliar na formação dos futuros presbíteros, assim como ao Haiti, via parceria com a CRB Nacional, no projeto de solidariedade entre as Igrejas do Brasil e de Porto Príncipe.

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