Por Allan Ribeiro Em Notícias

Jubileu da Misericórdia é convite à reconciliação com Deus

A pedido de Papa Francisco, os cristãos no mundo se unem em profunda reflexão sobre verdadeiro encontro com misericórdia de Deus. Depois de 15 anos, a Igreja volta a vivenciar um jubileu. O Ano Santo Extraordinário da Misericórdia trará a experiência viva da proximidade do Pai, para que a fé de cada crente se revigore e assim o testemunho se torne cada vez mais eficaz. No clima de preparação, o Santo Padre faz o convite aos fiéis para que o momento jubilar seja vivenciado à luz da Palavra do Senhor.

Foto de: Divulgação

Jubileu Misericórdia - Divulgação (1)

"Há momentos em que somos chamados, de maneira ainda mais intensa, a fixar o olhar na misericórdia,
para nos tornarmos nós mesmos sinal eficaz do agir do Pai", reflete Papa Francisco

 

O Ano Santo se abrirá no próximo dia 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição, e se encerrará na solenidade litúrgica de Jesus Cristo, Rei do Universo, em 20 de novembro de 2016. O tema da Misericórdia tem raízes profundas na Igreja e em Francisco. Já o lema traz o versículo retirado do Evangelho de são Lucas, Sede misericordiosos como o Pai.

“Há momentos em que somos chamados, de maneira ainda mais intensa, a fixar o olhar na misericórdia, para nos tornarmos nós mesmos sinal eficaz do agir do Pai. Foi por isso que proclamei um Jubileu Extraordinário da Misericórdia como tempo favorável para a Igreja, a fim de se tornar mais forte e eficaz o testemunho dos crentes”, afirma o Santo Padre na Bula de convocação para o Jubileu.

O início do Ano Santo apresenta um significado importante na história recente da Igreja. O momento é marcado pelo cinquentenário da conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II. A Igreja sente a necessidade de manter vivo este acontecimento. Há cinquenta anos começava um percurso novo da história, que a direcionou os trabalhos sobre a responsabilidade de ser o sinal vivo do amor do Pai no mundo.

A festa a Imaculada Conceição também motivou a escolha de Francisco para a data de início das celebrações. Nesse gesto, o Pontífice indica o modo de agir de Deus desde os primórdios da história. Depois do pecado de Adão e Eva, Deus não quis deixar a humanidade sozinha e à mercê do mal. Por isso, pensou e quis Maria santa e imaculada no amor, para que se tornasse a Mãe do Redentor do homem. Perante a gravidade do pecado, Deus responde dessa forma com a plenitude do perdão.

Foto de: Divulgação

Jubileu Misericórdia - Divulgação (1)

Logo do Ano da Misericórdia
apresenta o Bom Pastor com
extrema misericórdia carregando
sobre si a humanidade

O rito inicial do Ano Santo será marcado pela abertura da Porta Santa, na basílica de São Pedro, no Vaticano. Trata-se de uma porta que se abre apenas durante o Ano Santo, enquanto nos demais anos permanece selada. Na Igreja Católica ela é celebrada junto aos jubileus, em geral, a cada 25 anos, mas é possível que o Papa proclame um jubileu extraordinário, como é o caso deste ano jubilar.

No domingo seguinte ao início do Ano da Misericórdia, o terceiro Domingo do Advento, a Porta Santa na basílica de São João de Latrão, Catedral de Roma, também será aberta. Posteriormente, o gesto será repetido nas outras basílicas papais. Para este Ano Santo, o Pontífice faz o convite para que em catedrais e santuários pelo mundo também abram igualmente uma Porta da Misericórdia.

Com o gesto, Francisco acredita que cada igreja particular estará diretamente envolvida na vivência desse ano como um momento extraordinário de graça e renovação espiritual. O desejo do Pontífice é que o Jubileu seja celebrado como sinal visível da comunhão da Igreja inteira.

Bula de convocação

Disposta em 25 itens, a Bula de Convocação Misericordiae Vultus traz as diretrizes para o Ano Santo. Além de indicar os tempos, com as datas de abertura e encerramento, e as modalidades principais de realização, é o documento fundamental que reconhece o espírito com o qual é convocado, as intenções e os frutos esperados pelo Pontífice para toda a Igreja.

O conteúdo documento jubilar traz a relação entre a misericórdia e a missão da Igreja. Condensado nos itens 12 e 25, o Papa ressalta que a Igreja tem a missão de anunciar a misericórdia de Deus, coração pulsante do Evangelho, que por meio dela deve chegar ao coração e à mente de cada pessoa. O Santo Padre assinala que testemunhar, anunciar e professar a misericórdia de Deus é uma urgência para a Igreja.

O perdão aparece na Bula como componente da misericórdia Divina e vértice da oração cristã. O apelo busca à prática do perdão e do sacramento de misericórdia, pedindo que os cristãos os vivenciem mais intensamente durante a quaresma do próximo ano, em especial por meio do sacramento da reconciliação. Recomenda-se a todas as dioceses a iniciativa das 24 horas para o Senhor a ser celebrada na sexta-feira e no sábado anteriores ao quarto Domingo da Quaresma.

Foto de: L'Osservatore Romano

Jubileu Misericórdia - L'Osservatore Romano (2)

Papa Francisco diante da Porta Santa, que foi aberta na solenidade da Imaculada Conceição

 

O texto também se volta a Maria como mãe do rosto da misericórdia que é seu filho Jesus. Ela é aos pés da cruz testemunha privilegiada da misericórdia. O documento expressa que a mãe do Crucificado Ressuscitado entrou no santuário da misericórdia Divina, porque participou intimamente no mistério do seu amor.

O termo bula indicava originalmente a cápsula metálica usada para proteger o selo de cera ligado por meio de um cordão a um documento de particular importância, a fim de atestar sua autenticidade e credibilidade.

Com o passar do tempo, o termo passou a indicar primeiramente o sigilo, portanto, o próprio documento. Hoje ele é usado para todos os documentos pontifícios de particular importância que levam, ou pelo menos tradicionalmente deveriam levar, o sigilo do pontífice.

Indulgência plenária

Para viver e obter a indulgência concedida por ocasião do Jubileu os fiéis são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta Santa, seja a aberta em cada catedral e santuários, ou as que estão nas basílicas em Roma, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão.

 

É importante que neste momento o fiel esteja unido, em primeiro lugar, ao sacramento da reconciliação e à celebração da Eucaristia como forma de reflexão sobre a misericórdia. Será necessário acompanhar as celebrações com a profissão de fé e com a oração pelo Papa e pelas intenções que ele traz no coração para o bem da Igreja e do mundo inteiro. 

Foto de: Diocese de Amparo

D. Cipolini - Diocese Amparo

O bispo referencial para a Doutrina da Fé
da CNBB, dom Pedro Carlos Cipolini, lembra
que a JMJ em Cracóvia será um ponto alto
do Ano Santo

Esta oração será, pelo menos, um Pai-Nosso, mas outras podem ser acrescentadas. Em particular, sugere-se a oração do Papa Francisco para o Jubileu e, para concluir o momento de oração, uma invocação ao Senhor Jesus Misericordioso. 

Nesse Ano Santo, o Papa dirige os pensamentos para que todos os fiéis em cada diocese, ou como peregrinos em Roma, possam vivenciar a graça do Ano da Misericórdia. A expectativa é que a indulgência jubilar chegue a cada um como uma experiência genuína da misericórdia de Deus, que vai ao encontro de todos com o rosto do Pai que acolhe e perdoa, esquecendo completamente o pecado cometido.

Aos que, por diversos motivos, estiverem impossibilitados de ir até a Porta Santa, sobretudo os doentes, as pessoas idosas e que estão só, Francisco sugere que vivam a enfermidade e o sofrimento como experiência de proximidade com o Senhor no mistério da sua paixão, morte e ressurreição.

Para que obtenham a indulgência jubilar, o Papa recomenda a esses cristãos viverem com fé e esperança jubilosa esse momento de provação, recebendo a comunhão ou participando na santa missa e na oração comunitária, inclusive por intermédio dos vários meios de comunicação.

Francisco também se dirige aos encarcerados. O Santo Padre afirma que o Jubileu constituiu sempre na oportunidade de uma grande anistia, destinada a envolver muitas pessoas que, mesmo merecedoras de punição, todavia tomaram consciência da injustiça perpetrada e desejam sinceramente inserir-se de novo na sociedade.

Aos presidiários, o Pontífice coloca que nas capelas dos cárceres eles poderão obter a indulgência, e que todas as vezes que passarem pela porta da cela, dirigindo o pensamento e a oração ao Pai, o gesto significará a passagem pela Porta Santa.

Ainda, a indulgência jubilar poderá ser obtida aos que faleceram. Também se pode, no grande mistério da comunhão dos santos, rezar por eles, para que o rosto misericordioso do Pai os liberte de qualquer resíduo de culpa e possa abraçá-los na beatitude sem fim.

Ano Santo no Brasil

A Igreja do Brasil também se prepara abrindo o coração para o apelo do Papa em favor do perdão e da reconciliação. A CNBB já traçou um roteiro e está preparando subsídios para oferecer às dioceses do Brasil.

O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Doutrina da Fé da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e bispo de Santo André (SP), dom Pedro Carlos Cipolini, orienta os cristãos brasileiros de como podem vivenciar o Jubileu. “Devem buscar na oração e na escuta da Palavra de Deus aprofundar seu itinerário de conversão e estar aberto àquilo que Deus lhe indicar no sentido de realizar obras concretas em favor do Reino de Deus”, diz.

Foto de: AP

Jubileu Misericórdia - AP  (3)

Em 13 de março, Francisco afirmou que decidiu proclamar um jubileu extraordinário centrado na
misericórdia de Deus

 

O Jubileu representa para a Igreja do Brasil um apelo, um chamado à conversão. O Papa escolheu o tema da misericórdia porque este é o centro do mandamento do amor. Dom Pedro Carlos afirma que nossa sociedade pautada por uma economia sem coração está necessitada da misericórdia de Deus e de um para com os outros.

O bispo também recorda que no próximo ano os jovens terão uma vivência muito próxima com a misericórdia. A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Cracóvia, na Polônia, será um ponto alto do Ano Santo. Ele coloca que o jovem tem necessidade de amor e de ser amado, este amor somente será satisfatório se tiver como núcleo a misericórdia que ensina a acolher e a respeitar o mistério que envolve cada pessoa.

“Em uma sociedade líquida somente o amor misericordioso pode oferecer um chão para se caminhar com segurança. Penso que a JMJ será um ótimo momento para se refletir isso”, apresenta.

Origem do Jubileu

De origem hebraica, o termo Jubileu significa bode, que faz referência ao chifre de carneiro utilizado em cerimônias sacras. Para os povos hebreus, o jubileu era denominado um Ano Santo, que ocorria a cada 50 anos. Nesse período, o povo devia restituir a igualdade a todos os filhos de Israel.

Foto de: L'Osservatore Romano

Jubileu Misericórdia - L'Osservatore Romano (3)

Para receber as indulgências jubilares os cristãos deverão estar unidos ao Sacramento da Reconciliação

 

Posteriormente, a Igreja Católica iniciou a tradição com o Ano Santo, agregando um significado espiritual ao rito. Em 1300, Papa Bonifácio VIII planejou um jubileu por século. Desde 1475 – para permitir a cada geração viva pelo menos um Ano Santo – o jubileu ordinário foi cadenciado com o ritmo dos 25 anos.

O jubileu é denominado Ano Santo porque se desenvolve com solenes ritos sacros, mas também porque tem como objetivo a santidade de vida dos homens. Ao todo, 26 Anos Santos ordinários foram proclamados. O último deles foi o Jubileu de 2000 convocado por São João Paulo II. Já em relação a jubileus extraordinários, o último ocorreu em 1983, também instituído pelo santo polonês em decorrência dos 1950 anos da Redenção.

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