Toda vez que uma loira alta adentra o palco do programa Terra da Padroeira ou do Aparecida Sertaneja com o seu violão cor de rosa a plateia explode de euforia e entusiasmo. Muitos que não são fãs da música sertaneja de raiz podem ainda não a conhecer de nome, mas se admiram com a voz forte e singular que tem. Estamos falando de Mariangela Zan, filha do saudoso acordeonista Mario Zan. Ela bateu um papo com o JS sobre a carreira e explicou que os últimos anos têm sido muito importantes para a consolidação do seu trabalho, principalmente após as constantes aparições na Rádio e TV Aparecida. O público tem se identificado muito com o trabalho da cantora que resgata de modo respeitoso a música sertaneja de raiz e a cultura popular brasileira.
Foto de: Eduardo Gois / JS
Mariangela Zan: "Sempre contem comigo para manter acesa
a chama da música raiz caipira, as obras de nossos grandes
mestres compositores. Cantar é o que mais amo fazer na vida
e espero poder fazer isso por muito tempo"
Jornal Santuário de Aparecida – Quando você sentiu que nasceu para ser cantora?
Mariangela Zan – Desde criança sentia vontade de cantar, de ser artista, era daquelas crianças que pegava o vidro de shampoo fingindo ser um microfone. A primeira vez que subi num palco foi em junho de 1993 no programa do Raul Gil cantando festas juninas. Eu tinha 13 anos de idade. A partir daí, consegui participar da banda de meu pai, fazendo o “corinho” como o meu pai falava. Em 1995 comecei a cantar com ele, quando a cantora da banda dele saiu, e assim o fiz, até o final de 2006, quando meu pai nos deixou.
JS – Ter um grande nome da música como Mario Zan na qualidade de pai pode representar o que para um artista
Mariangela – É uma grande responsabilidade. Meu pai deixou um nome muito limpo e honrado no mercado musical, além de grandes sucessos como Chalana (em parceria com Arlindo Pinto), Os homens não devem chorar (em parceria com Palmeira), Festa na roça (em parceria com Palmeira), Quarto centenário (em parceria com J.M. Alves), considerado o hino da cidade de São Paulo, Ciriema (em parceria com Nhô Pai), entre outros sucessos. Um artista já deve ter uma conduta impecável por ser um formador de opiniões. Sendo eu artista e filha de uma pessoa de tanto crédito como Mario Zan, devo ter uma conduta mais impecável ainda, pois não somente tenho meu nome a zelar como também o de meu pai.
JS – O público da Rádio e da TV Aparecida tem grande afinidade com o seu trabalho. O que podemos destacar sobre esse aspecto?
Mariangela – Posso definir minha carreira em antes e depois da TV e Rádio Aparecida. O primeiro convite foi para o Terra da Padroeira, em 2013, fazendo o quadro Rancho da saudade. A audiência foi algo absurdamente extraordinário, eu nunca tinha visto um programa com tamanha repercussão. Nas redes sociais foram milhares de postagens, solicitações de amizade, comentários. Nas ruas, nos shows, todos comentavam sobre minha participação no programa do Kleber. Aí vieram novos convites, novas participações para o Terra da Padroeira e também outros programas da casa. Minhas participações na Rádio Aparecida são uma honra, pois meu pai frequentou por anos a rádio e sempre era uma das atrações do Dia do Sertanejo. Deixa-me muito feliz o respeito com que todos os funcionários da TV e da rádio tratam a nós artistas, todos saem felizes após suas participações. Não tem felicidade maior do que sair de minha casa para fazer uma participação na Rede Aparecida, pegar um estradão e chegar ao portal da cidade, a capital da fé, avistando a majestosa basílica. Sou tomada por uma energia, uma força superior que envolve minha alma, que parece que meu coração vai saltar do peito de emoção e felicidade.
JS – É notável sua admiração por Inezita Barroso. Qual o legado dessa grande artista?
Mariangela – Inezita me conheceu menina. Meu pai faleceu no final de 2006 e em abril de 2007 eu retomei a carreira como cantora solo. Vários desafios eu enfrentaria: Ser mulher na música raiz, ser cantora e não sanfoneira como meu pai, recomeçar do zero a carreira. Fui procurar apoio entre as pessoas que já me conheciam por meio de meu trabalho com Mario Zan: contratantes, apresentadores, radialistas, e Inezita foi uma dessas pessoas por quem procurei e pedi uma participação no Viola minha viola, programa que ela apresentou por mais de 30 anos na TV Cultura. Ela foi maravilhosa comigo, levando-me não somente naquela ocasião, mas em outras vezes. Conversar com Inezita era muito agradável, ela tinha uma cabeça muito jovem, porém com a sabedoria de muitos anos no meio artístico. Logo após o falecimento de Inezita, os dirigentes do Circuito cultural Paulista me propuseram criar um tributo a Inezita Barroso, percorrendo o interior de São Paulo em oito apresentações, o que muito me honrou, pois era uma forma de homenagear uma amiga que tanto fez por mim.
JS – O que é mais desafiador e o que é mais gratificante em sua carreira?
Mariangela – Sou uma artista independente, isso é um desafio. Eu mesma gerencio minha carreira, tenho minha empresa produtora, comando a equipe de shows, organizo tudo, das vendas à documentação, negocio valores, enfim, tudo passa por mim, do anúncio do show à logística de viagens, de palco, além de ser a atração do show. Outro grande desafio é ser mulher cantora de música raiz. No início alguns viravam a cara, palpitavam para eu formar dupla e até para eu desistir. Mas aí pensava: ‘Inezita Barroso deu certo, As Galvão, Nalva Aguiar e tantas outras também, porque eu haveria de não dar certo? Gratificante, sem dúvida, é subir no palco, ouvir o público cantar comigo, dançar, curtir o show. As pessoas se aproximarem dizendo que amavam meu pai e que agora me amam também. Isso não tem preço. É a maior recompensa para nós artistas.
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