Por Deniele Simões Em Notícias

Mostra religiosa une expoentes do barroco e modernismo

Quem ainda não conhece o Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS) tem uma oportunidade única para ir a São Paulo e ter acesso a peças que dificilmente são expostas em conjunto.

A exposição temporária Rememoração: arte religiosa como documento histórico reúne obras da coleção do acervo artístico-cultural dos Palácios do Governo e do Museu de Arte Sacra de São Paulo e segue aberta ao público até o próximo dia 3 de janeiro.

Foto de: Iran Monteiro / Museu de Arte Sacra

MAS - Iran Monteiro Museu de Arte Sacra (1)

Mostra traz elementos da arte do período colonial, peças de cunho religioso e obras retratando a
religiosidade popular

 

Uma das curadoras da mostra, Maria Inês Lopes Coutinho, ressalta que as obras já têm uma vida pública de mais de 40 anos, mas nunca puderam ser vistas como parte de um mesmo conjunto.

“A mostra vai ficar no museu até o ano novo e fizemos um período um pouco maior de visitação para, justamente, as pessoas terem a oportunidade de ver”, salienta.

Segundo a curadora, a exposição é dividida em três núcleos e traz cerca de 80 peças. “São oratórios, mobiliário, peças que representam a religiosidade popular e que, juntas, montaram um conjunto de grande expressão artística e histórica”, opina.

O primeiro núcleo apresenta as chamadas “obras-ícones”, com peças de artistas como Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Nesse núcleo, um dos destaques é a imagem de Nossa Senhora das Dores, uma das obras mais expressivas do escultor. “Brinco que ela é a nossa Mona Lisa”, compara.

Outra peça do artista mineiro em exposição é a imagem de São José, que pertence ao acervo do Palácio do Governo do Estado de São Paulo.

O segundo núcleo traz peças de cunho religioso que eram usadas no cotidiano, durante o período colonial. Tem o cadeiral, uma cama do então bispo de Mariana (MG), várias cadeiras e antifonários”, explica.

O ambiente comporta dois antifonários, um do século 17 e o outro, do 18. “São peças raras aqui no Brasil, que fazem parte do acervo do Museu e estão sendo estudadas agora em Coimbra”, esclarece.

Já no terceiro núcleo, o visitante poderá conhecer objetos de arte que retratam a religiosidade popular, como as procissões. “Trouxemos alguns quadros de Tarsila do Amaral, já como representante do Modernismo”, acrescenta. O núcleo traz ainda oratórios, cadeiras, coroas de reisado e outros objetos enfocando esse tipo de manifestação.

Outro destaque da mostra são as obras de frei Agostinho de Jesus, artista a quem é atribuída a autoria da Imagem de Nossa Senhora Aparecida. De acordo com Maria Inês, tratam-se de peças com uma carga erudita muito grande.

“São peças com as feições e acabamento muito refinados – e essa é uma das características da obra dele”, explica.

Visitação

A curadora convida as pessoas que não tiveram a oportunidade de visitar a mostra que aproveitem a chance. “São peças realmente escolhidas, raras, de importância, de fé, que envolvem uma feitura artística de alta qualidade e representação histórica e que são raramente vistas juntas”, diz.

Foto de: Iran Monteiro / Museu de Arte Sacra

MAS - Iran Monteiro Museu de Arte Sacra (2)

Público confere exposição Rememoração, no MAS, em São Paulo (SP)

 

Especialmente em outubro, quando foi comemorado o dia de São Frei Galvão, a mostra recebeu um número expressivo de visitantes que frequentam o Mosteiro, anexo ao museu.

Serviço

Museu de Arte Sacra de São Paulo

Endereço: Avenida Tiradentes, 676 – Luz, São Paulo (SP)

Horário: quarta a sexta-feira, das 9 às 17 horas / sábado e domingo, das 10 às 18 horas

Evento internacional deu origem à mostra

A exposição, aberta no final de agosto, integrou a programação do IX Encontro Brasileiro de Palácios, Museus-Casas e Casas Históricas, evento que reuniu especialistas do setor e ministrou o curso piloto de treinamento DEMHIST-ICOM.

Trata-se do primeiro programa de formação oferecido pelo Comitê Internacional

“A partir disso, houve essa intenção e a possibilidade de o Museu de Arte-Sacra receber esse encontro internacional para discutir esse conceito que vem crescendo muito no mundo”, justifica.

O curso trouxe a participação de especialistas renomados de vários países, que ministraram aulas e também puderam conhecer o acervo da exposição Rememoração.

“Para, justamente, receber todo esse evento, foi pensada essa exposição, que une o acervo do Museu de Arte Sacra com o Museu dos Palácios, que têm uma característica comum e todos eles foram pensados na década de 1960”, justifica.

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