Por Allan Ribeiro Em Notícias Atualizada em 25 MAR 2019 - 11H16

Namoro sadio é fundamental para um bom matrimônio

O namoro é uma trajetória muito importante na vida de um casal. Hora de conhecer-se e dar-se a conhecer para um dia poder construir uma vida a dois. Esse processo de preparação futura do casamento se faz justamente na possibilidade de desvendar as qualidades e defeitos do outro, em um exercício de amor.

É nesse período que se inicia a construção da relação, que representa o compromisso de reconhecer e validar os sentimentos. Torna-se uma forma das pessoas se conhecerem melhor e terem certeza do que realmente desejam para o futuro. Nesse ambiente emocional vai sendo construída uma relação mais sólida, pautada na cumplicidade, reciprocidade, lealdade e fidelidade do outro.

Foto de: freeimages.com

Dia Namorados - freeimages.com

Abertura para o diálogo é primordial para
o convívio dos casais

Especialistas apontam que não existe modelo, nem receitas, nem qualquer tipo de molde. Nenhum relacionamento humano funciona engessado, tendo em vista que cada indivíduo tem características singulares. “Duas pessoas precisam se conhecer, amar-se e entender-se para construir um relacionamento que tenha a ver com a personalidade dos dois. Assim, poderíamos dizer que o melhor modelo é o que satisfaz a ambos” explica a mediadora de conflitos, Suely Buriasco.

É normal que as pessoas queiram se mostrar melhores e mais interessantes quando se conhecem e se dedicam à conquista, mas apenas no namoro, com o passar do tempo, é que passam a agir normalmente e assim é possível que o casal tenha uma visão mais segura do que aspiram.

Esse ambiente gera a capacidade de uma perspectiva conjunta, a dois, tão importante no cotidiano de uma vida conjugal. Dúvidas são tiradas, certezas são confirmadas, diferenças acertadas, afinidades fortalecidas, gerando maturidade emocional e psicológica.

No aspecto da fé, da religiosidade, as práticas de levar o Sagrado para esse contexto afetivo é de grande importância. O autor do livro Namoro sim, bagunça não (Editora Santuário, 2011), Claudio Rogério, afirma que a experiência religiosa proporciona equilíbrio nos afetos, adequação dos desejos, capacidade de entendermos a sacralidade do corpo, como templo onde Deus habita e precisa ser respeitado e a vivência da santidade e castidade, nos quais são opções saudáveis para viabilizar um namoro cristão.

Há quase seis anos juntos, os namorados André Somensari, de 30 anos, e Camille Prince, de 21 anos, conhecera-se na igreja em um grupo de oração. O casal de Taubaté (SP) considera que além do amor, da amizade e do companheirismo o pilar do relacionamento é a fé. “O sucesso de um casal ser feliz é superar seus problemas, tendo uma base religiosa. Um casal com fé resolve mais fácil seus problemas”, acredita André.

Os dois afirmam que o casal deve rezar juntos, seguindo como exemplo a Sagrada Família de Nazaré.Eles acrescentam que para trilhar um caminho rumo ao matrimônio é preciso que o casal tenha firme no coração o desejo de construir uma história juntos.

Convívio sadio

Foto de: Arquivo Pessoal

André e Camille - Arquivo Pessoal

O casal, André Somensari
e Camille Prince, considera
que saber ouvir um ao outro
é importante em um relacionamento

O namoro necessita possuir abertura para o diálogo, ou seja, fazer uma escuta profunda das necessidades do outro, e assim, gerar a cumplicidade para planejar e sonhar uma vida a dois. A fidelidade vai sendo construída ao longo da relação, juntamente com a lealdade. 

O grande desafio do namoro nos dias atuais é justamente sair das relações rasas e superficiais. Precisa-se romper com o individualismo de pensar sempre a partir de nós mesmos e conjugar os verbos, na primeira pessoa do plural, “nós”. “É preciso proporcionar felicidade ao outro, oferecendo o que há de melhor em nós na convivência”, reforça Claudio Rogério.

Segundo o psicólogo João Alexandre Borba, na primeira fase do relacionamento a paixão está em um nível elevadíssimo. Mas o especialista alerta que é comum as pessoas fazerem inúmeros projetos de forma desesperada, logo nos primeiros meses de relacionamento, com receio de não serem amadas ou serem abandonadas.

“É um desespero em querer adquirir segurança em alguém que você está tão encantado e conhece pouco. Quem é muito ansioso quer a garantia do futuro. Mas para que o casamento se realize, essa fase inicial tem que acontecer com calma”, frisa.

Os casais precisam gerenciar suas atividades e dedicar um tempo para algumas tarefas importantes. Segundo o psicólogo é importante que a pessoa tenha um bom funcionamento das quatro áreas da vida: trabalho, família, relacionamento afetivo e social. Quando o namoro se sobrepõe a uma dessas questões, ocorre uma sobrecarga e, muitas vezes, essa tensão pode ser descarregada no parceiro. “O estresse de uma área vai parar em outra. Vejo muitos namoros sendo destruídos porque uma área invade a outra”, conta.

Depois de oito anos como namorados, e, posteriormente noivos, o casal Ralphy Batista, de 25 anos, Thamyres Yumi, de 27 anos, subiram ao altar. Há um ano casados, eles comentam que muitas posturas durante o período de namoro foram importantes para a formação dos dois.

Ralphy diz que a sinceridade um com o outro ajudou a mostrar o que realmente sentiam, o que os ajudou a crescer como pessoas e casal. Já Thamyres ressalta que uma das coisas que eles trouxeram para o casamento foi a amizade. “Amor é decisão, por isso, em um relacionamento temos que estar dispostos a decidir, confiar, prestar atenção no outro, ser sincero, ser paciente, ser carinhoso”, afirma Thamyres.

Fim de um relacionamento

 

Foto de: Arquivo Pessoal

Letícia Guedes - Arquivo Pessoal

"Quando se termina uma relação
de forma dura e sofrida, esta 'perda'
pode fazer bem para nos valorizar
e aprender para não errar novamente",
ressalta a psicóloga Letícia Guedes

O fim de uma relação pode representar um momento difícil na vida muitas pessoas, mas, mesmo assim, é possível tirar aprendizados para os relacionamentos futuros. Aprende-se a ser forte, a superar perdas e, também, que às vezes o melhor é deixar a pessoa ir do que ficar sofrendo ou angustiado. O namoro existe exatamente para estes fins, como um momento de averiguação e análise em busca do companheiro ideal.

 

O autor do livro Namoro, o despertar do amor (Editora Santuário 2014), Sidnei Oliveira Telles Filho, afirma que essa atitude acaba sendo mais complexo quando apenas uma pessoa chega a essa conclusão, enquanto a outra continua a apostar tudo naquela relação, sem visualizar como está essa vivência a dois.

“Como não consegue enxergar, entrega-se sem ficar com aquele olhar que amor exige e acaba sofrendo muito. É preciso compreender que esse também é um exercício para o amor. Uma vez que o processo não avançou, tem que se ter tranquilidade. Esse é um tempo de observação, que depois vai ser repensado ou, às vezes, de fato, será preciso refazer a caminhada e reencontrar”, salienta.

Quando uma pessoa se decepciona com alguém num namoro que não deu certo, deve-se ter em mente que isso não significa que todas as demais pessoas que virão em namoros futuros serão semelhantes ou que nenhuma relação mais irá dar certo. Às vezes, fica-se com essa impressão ou trauma, até mesmo porque a frustração é consequência de situações ruins passadas. O melhor a se fazer é se permitir, fazer-se disponível e superar.

A psicóloga Letícia Guedes diz que com um namoro passado pode-se aprender a melhorar, para que os mesmos erros não sejam cometidos. Quando um relacionamento não dá certo, mas continua uma amizade entre ambos, isso se torna saudável. Mas, se termina de forma dura e sofrida, também pode fazer bem para que o indivíduo se valorize e aprenda a não cometer as mesmas falhas novamente.

Um item essencial no pós-namoro é que a pessoa consiga olhar os aspectos em que ela contribuiu para que o relacionamento não desse certo. Quando uma pessoa entra na posição de culpar o outro, começa a se isolar cada vez mais, tendo a perspectiva que o mundo é perigoso para relacionar-se. O fundamental é fazer uma boa investigação de qual é a participação pessoal para que aquilo não tenha obtido sucesso, para que esse problema não seja carregado para namoros futuros.

Ainda, é importante ficar atento para não comparar um relacionamento a outro, pois isso pode ser uma grande cilada, tendo consequências dolorosas. As mesmas pessoas, em outros relacionamentos, funcionam de formas distintas. O que se pode aproveitar é a experiência do que foi bom ou não, do que se deseja e do que se pode fazer diferente para alcançar outros resultados.

Sem compromisso

Foto de: Arquivo Pessoal

Ralphy e Thamyres - Arquivo Pessoal

Casados há um ano, Ralphy Batista e Thamyres Yumi
acreditam que a amizade é fundamental durante
o namoro para a construção de um matrimônio sólido

Muitas pessoas preferem o ''ficar'' para não ter todo aquele envolvimento do namoro. Isso é considerado como um passatempo que não é duradouro. Muitas pessoas preferem essa nova forma de se relacionar para não se comprometer a um relacionamento mais sério, estável e seguro. 

O “ficar” é como não estar comprometido, ao mesmo tempo em que não se está completamente livre. Os jovens, na maioria das vezes, são os que preferem manter esse tipo de contato. Homens e mulheres mais experientes e vividos preferem um relacionamento concreto, isto é, namoro.

Claudio Rogério apresenta que o “ficar” se torna mais fácil ou mais conveniente, por não haver comprometimento, por não ter que se responsabilizar pelo outro, por obter o prazer de forma imediata e por conseguir ter o maior número de pessoas nesse envolvimento emocional e até, às vezes, sexual.

No namoro, ao contrário, é necessário se comprometer e se tornar melhor do que se é a partir do momento que se inicia o relacionamento. A vinculação com o outro também perpassa por sua família e pelo contexto social. A maturidade passa a ser requisitada e as mudanças de atitude também.

Os jovens estão amadurecendo tardiamente e, por isso, não querem se comprometer e conhecer a fundo as pessoas, segundo pontua Sidnei Oliveira. Eles buscam apenas um experimentar sensorial. Com isso, acabam não conhecendo e descobrindo um amor verdadeiro. “Sem dúvida nenhuma, só vai descaracterizando o sentimento mais profundo do amor”, diz o especialista.

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