A figura dos leigos volta a ser tema de reflexões durante a Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece de 6 a 15 de abril, em Aparecida (SP). Tendo como tema central Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade, a 54ª AG reunirá cerca de 320 bispos dos dezoito regionais da CNBB. O objetivo das discussões parte da importância dos cristãos leigos tanto na sociedade como na Igreja.
Os estudos buscam aprofundar a dignidade e pertença dos leigos nestes dois âmbitos. Desta maneira, visa-se a abertura e o reconhecimento para que o testemunho dos fiéis batizados atue conscientemente como Igreja e como agente transformador e dinamizador.
Foto de: Arquivo JS
Bispos discutirão de forma mais aprofundada a importância da participação efetiva dos leigos na Igreja
Para o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, dom Severino Clasen, ter essa questão como o tema central oferece grandes esperanças para que os estudos se transformem em um documento oficial da CNBB sobre a missão dos leigos. Ele afirma que os leigos não pertencem à Igreja, mas que são Igreja. Diante dessa realidade, a CNBB reconhece a riqueza e beleza do testemunho dos cristãos leigos, animando, revigorando e alegrando as comunidades de fé.
“Os cristãos leigos formam a beleza do corpo da Igreja e ao mesmo tempo a alma que anima e louva a Deus que tanto nos ama. Como Igreja, os leigos são agentes transformadores da sociedade, mudando as estruturas injustas e pecaminosas que produzem tantas doenças, mortes e tristeza numa ‘Casa Comum’, onde todos, com dignidade, possam viver como filhos de Deus”, sublinha.
Dom Severino lembra que Papa Francisco, ao proclamar seu governo para o futuro, fala da Igreja em saída. Para o bispo é preciso que os cristãos batizados vivam a dimensão cristã nas comunidades de fé, abastecendo dos sacramentos, da Palavra de Deus e da devoção. Mas, segundo ele, são poucas horas por semana em que os cristãos marcam presença na comunidade de fé. Ao se abastecerem internamente, são convocados para testemunhar a alegria do Cristo ressuscitado na família, no trabalho, nos estudos, nos esportes, enfim, em todo lugar.
O tema já foi levantado em outras edições da AG, mas não com a mesma dimensão e aprofundamento desta edição. O bispo explica que o primeiro ano foi um início em que se pôde perceber a consciência que se tem sobre os leigos na Igreja. Já no ano seguinte, não foi possível abordar o assunto como central, tendo em vista as eleições da presidência da CNBB, que determinam que as Diretrizes de Pastoral da CNBB se tornem prioritárias nas discussões.
Neste ano, a Comissão avalia que há tempo suficiente para amadurecer, mobilizar e provocar em todas as instâncias a causa dos leigos. O presidente destaca que o mais difícil não é elaborar e construir um documento, mas colocá-lo em prática, desenvolvendo uma rede de comunicação funcional. Uma vez impresso e colocado à venda, o material precisa ser disseminado e absorvido pelas diversas esferas da Igreja, para que todos aqueles que são batizados possam experimentar na vida concreta o que o documento reza.
“Na medida em que os documentos forem apresentados nas comunidades de fé, que se debruce sobre eles e extraia dos seus conteúdos o vigor necessário para que se criem e se mobilizem nas pastorais, nos movimentos, nas novas comunidades, nas associações; nas instituições laicais e sociais criando laços de ternura, e recuperando a esperança e a alegria de conviver”, apresenta.
De forma prática, a primeira mudança diante do que já vem sendo discutido ao longo dos anos é a de que os leigos entendam verdadeiramente a própria vocação cristã e o sentido do seguimento a Jesus Cristo no dia a dia. Outro objetivo é que o clero dialogue e reconheça a importância do papel dos leigos. Além disso, a expectativa é que se supere as dicotomias que geram conflitos e preconceitos nas comunidades de fé como clericalismo, mundanismo, secularismo, poder e outros.
Por meio da mobilização e divulgação deste futuro documento, a Igreja no Brasil parte para a realização do grande desejo de organizar e celebrar o Ano do Laicato em 2018. Crescendo na conscientização do papel transformador, afirma o bispo, será possível vislumbrar um futuro promissor e fazer acontecer esta celebração. Para ele, será um período de grande mobilização, fomentado com vigor, a busca da justiça, da paz e da alegria de ser cristãos na Igreja e na sociedade.
Entre outros temas abordados na 54ª AG também estão a 14ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, a conjuntura político-social, o projeto Pensando o Brasil e as mudanças do quadro religioso no país.
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