O JS conversa, nesta semana, com a irmã Marta Barbosa, religiosa da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora do Calvário, que dirige o Instituto Santa Teresinha, escola especial para pessoas surdas.
Foto de: Arquivo Pessoal
Irmã Marta Barbosa é organizadora
do livro Catequesee especial para
surdos - Conhecer Jesus, lançado
no último dia 16 de maio, na
Livraria Santuário de Americana (SP)
Irmã Marta é integrante da Pastoral dos Surdos em São Paulo e organizadora do livro Catequese especial para surdos – Conhecer Jesus, lançado recentemente pela Editora Santuário.
Nesta entrevista, a religiosa detalha o trabalho de equipe da Pastoral dos Surdos com a Igreja Católica, aborda os principais avanços e desafios no trabalho com as pessoas com deficiência e fala o que espera sobre a publicação, lançada oficialmente em Americana (SP).
Jornal Santuário de Aparecida – A senhora tem um trabalho que é referência na Pastoral dos Surdos. Como avalia a presença dessa pastoral na Igreja Católica?
Irmã Marta Barbosa – O Instituto Santa Teresinha, escola especial para surdos, tornou-se referência para a formação da Pastoral dos Surdos, graças à iniciativa da irmã Maria Lúcia Marchini, também surda. Na época não havia uma atenção especial para com as pessoas surdas na Igreja. A evangelização e o acompanhamento ficavam por conta das escolas especiais católicas, apoiadas por monsenhor Vicente de Paulo Burnier, surdo, e padre Eugênio Oates, missionário redentoristas. A pastoral foi se organizando e chegando a outras cidades e estados. Eu sou uma continuadora desse bonito trabalhado, iniciado por pessoas apaixonadas pela missão com os surdos.
JS– A senhora escreveu um livro de catequese para surdos. Quais são os propósitos dessa publicação e que contribuição acredita que ela possa dar à Igreja no Brasil?
Irmã Marta – O livro de Catequese foi escrito em conjunto com catequistas surdas, com longos anos de experiência na evangelização e catequese com surdos. São elas Amélice Casalecchi Paque, Regina Botta, Marta Casalecchi de Matos Pimentel. Eu sou a organizadora e responsável pela sistematização dos conteúdos.
Essa publicação vem ao encontro das necessidades dos catequistas que atuam com os surdos devido à carência de material adequado para a iniciação aos sacramentos.
JS – Qual é o principal desafio do trabalho de catequese para pessoas com deficiência?
Irmã Marta – A catequese para pessoas com deficiência se depara com vários desafios. Um deles é ter catequistas devidamente preparados para a missão – com conhecimento na língua de Sinais Brasileira (Libras). Há também desafios no interior da própria Igreja: o acolhimento dessas pessoas, na comunicação adequada para com elas, favorecendo a sua participação na comunidade; além dos padres terem uma formação pastoral para acolher todas as pessoas com alguma deficiência em seu campo de missão e evangelização.
JS – Que avaliação a senhora faz do trabalho da Igreja no que diz respeito à evangelização e à inclusão das pessoas com deficiência? No que se avançou e onde é necessário avançar mais?
“É gratificante quando vemos pessoas deficientes participantes da vida eclesial e comprometidas com os seus irmãos”
Irmã Marta – Há várias experiências de inclusão e atenção às pessoas com deficiência em nível nacional e em várias dioceses. É gratificante quando vemos pessoas deficientes participantes da vida eclesial e comprometidas com os seus irmãos.
O Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) oferece cursos de formação em Libras para intérpretes católicos, a fim de desempenharem com qualidade a interpretação na Liturgia Eucarística e nas demais atividades da Igreja.
Há um esforço para a inclusão das pessoas com deficiência nas comunidades, porém ainda é uma ação muito tímida; há muito que avançar. A coordenação da pastoral para pessoas com deficiência tem sugerido aos seminaristas sensibilização e formação pastoral, também nas diversas formas de missão com as pessoas com alguma deficiência.
JS – Por que ainda existe discriminação em relação à pessoa com deficiência, inclusive na própria Igreja?
Irmã Marta – Acredito ser falta de sensibilização e conhecimento dessa realidade social. Também é necessário informação e formação de todos os agentes e da comunidade eclesial.
JS – O que cada um de nós pode fazer, enquanto cristão, para colaborar para o fim – ou ao menos pela diminuição – da discriminação contra pessoas com deficiência?
Irmã Marta – A palavra do Papa Francisco é iluminadora, quando ele convoca os cristãos a “sair” da zona de conforto e buscar novas fronteiras para o anúncio do Evangelho.
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