A religião está inteiramente ligada à saúde física e metal. Pode parecer paradoxal unir Ciência e fé, mas estudos comprovam que a religiosidade é sim capaz de colaborar na recuperação dos enfermos. Acreditar em uma relação superior faz com que o indivíduo encontre forças e assim consiga superar uma doença.
Foto de: Arquivo pessoal
Autora do livro “Medicina e Espiritualidade:
A importância da fé na cura de doenças”,
Valdelene Nunes de Andrade Pereira aborda
na obra a relação entre a fé e a ciência
A médica e farmacêutica-bioquímica, Valdelene Nunes de Andrade Pereira, traz uma análise profunda desse cenário. Há 15 anos atuando com pacientes do Programa Saúde da Família, tem como base um estudo realizado em 2013 que aborda a relação entre espiritualidade e saúde.
Autora do livro “Medicina e Espiritualidade: A importância da fé na cura de doenças”, da Editora Santuário, Valdelene explica ao JS de que maneira a religiosidade pode impactar na qualidade de vida e longevidade de um indivíduo:
Jornal Santuário de Aparecida – Como a fé é capaz de auxiliar questões físicas?
Valdelene Nunes de Andrade Pereira – Existem inúmeros trabalhos internacionais demostrando a importância da religião no tratamento de diversas doenças. Os trabalhos demostram que as pessoas que têm um maior envolvimento espiritual toleram mais a dor, enfrentam melhor as doenças de maior gravidade, recuperam-se mais rápido quando estão hospitalizadas, inclusive em pós-operatório de cirurgias cardíacas, recuperam-se melhor em doenças como câncer e até Aids. Estudos mostram que a religiosidade aumenta o sistema imunológico do ser humano.
Geralmente, as grandes religiões cultivam bons sentimentos, como o otimismo em relação aos acontecimentos, a gratidão, a confiança, a alegria e o amor. Todos esses sentimentos melhoram a resposta imunológica do corpo humano, inclusive ajudam na produção das células de defesa. A defesa orgânica é importante em qualquer doença, não só doenças de caráter imunológico como a Aids. O próprio câncer surge como uma falha do nosso corpo. Manter uma atividade religiosa melhora o estado geral e isso influi na saúde.
JS – Manter hábitos religiosos, como frequentar a igreja, pode ser preventivo de doenças e estimulante de longevidade?
Valdelene – Na minha pesquisa de mestrado dividi os indivíduos que estudei entre os que iam pelo menos uma vez por semana à igreja e os que iam. Teve uma melhora no quadro de saúde o grupo que frequentava mais a igreja.
Existem trabalhos nos EUA que demonstram que a frequência é o que mais determina o efeito sobre o organismo. A pessoa que vai uma vez no ano apenas não obterá esses efeitos. Os estudos mostram que só se tem efeito sobre o organismo se ela frequentar ao menos uma vez por semana.
JS – Ciência e Religião historicamente foram colocadas em polos opostos. Hoje em dia é possível associar uma abordagem espiritual na consulta clínica?
Valdelene – É possível, mas temos de ter certos cuidados. No livro falo que temos de ver o perfil do doente, porque, às vezes, é uma pessoa que não dá margem para isso. Geralmente, esse tipo de abordagem é mais adequada para pacientes que consultamos com mais frequência.
Em países como os EUA foi mostrado em pesquisas que a maior parte das pessoas gostam quando o profissional de saúde aborda o seu lado religioso. Isso demonstra que o profissional é preocupado com a pessoa, com o que ela está sentindo. Também demonstra que o médico é um ser humano igual ao paciente. Quando o médico aborda o doente nessa espiritualidade ele se aproxima do doente.
JS – A religiosidade afeta o comportamento e, consequentemente, a qualidade de vida do indivíduo?
Valdelene – A religiosidade influencia o humor das pessoas. Existem trabalhos demonstrando que a pessoa mais bem-humorada, mais alegre, estimula o sistema imunológico e, consequentemente, ela reage melhor a uma doença, muito melhor que um indivíduo que vive triste.
JS – A obra aborda o aspecto da meditação. De que forma essa prática é aconselhada?
Valdelene – A meditação é uma das práticas que eu considero mais importantes no campo da religiosidade. Existem meditações de várias formas, tanto na cultura oriental quanto na ocidental. Existe a meditação que é relacionada com a religiosidade e a que é desassociada. Estudos comparativos mostram que quando a meditação é associada à religião ela tem mais efeitos positivos.
Um dos benefícios que a meditação tem para a saúde é quanto ao estresse. Estudos mostram que 20 minutos por dia seriam suficientes para um bom benefício. A meditação tem também algumas restrições, segundo alguns autores. Não é uma serie totalmente inócua. Vale chamar a atenção que ela não pode ser feita sem acompanhamento médico quando se trata de doenças como esquizofrenia e depressão maior.
No geral, a meditação tem essa propriedade de acalmar o corpo, a mente. Vivemos com excesso de tarefas, com pensamento trabalhando o tempo todo, isso cansa o corpo. A meditação induz ao relaxamento, reduz o cortisol e várias substâncias envolvidas no desencadeamento do estresse. O estresse influência negativamente no nosso corpo, baixando as defesas. Com isso, pegamos mais resfriados e viroses. Reduzindo as defesas ficamos mais propensos a ter um câncer.
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