Por Eduardo Gois Em Notícias Atualizada em 18 MAR 2019 - 11H06

Signis Mundial realiza encontro em Aparecida (SP)

Após quatro anos de existência no Brasil, a Signis, que é uma associação católica de comunicação, recebe em Aparecida o 14º Seminário Internacional de TVs de inspiração católica.

Entre os dias 22 e 25 de agosto, representantes de televisões e produtoras de 15 países, como por exemplo, Estados Unidos, México, Brasil, Colômbia, Argentina, Porto Rico, França, Itália, Rússia, Índia, Croácia etc. mostraram que é possível aprender a partir da experiência das principais emissoras católicas brasileiras, como também os profissionais brasileiros puderam vivenciar de perto como é feita a comunicação com os católicos de outros países.

No evento, as emissoras de televisão de diversos locais do mundo discutiram o tema Conhecer a sua audiência: Chegar às periferias. O encontro realizado no Hotel Rainha do Brasil, reuniu cerca de 40 produtores de TVs de inspiração católica para apresentar como funciona seus respectivos trabalhos de comunicação e evangelização, como se comportam os públicos e o que se pode aprender com cada experiência. Entre as emissoras brasileiras, os trabalhos partilhados com outros países foram principalmente das TVs Aparecida, Século 21 e Rede Vida.

O cardeal arcebispo de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis, que participou da abertura do evento, citou que o trabalho dos profissionais de comunicação é de grande relevância para a caminhada da Signis como promotora de partilha e comunhão entre os comunicadores da Igreja. “Esperamos que a escolha do Brasil como sede desse encontro possa contribuir para os trabalhos que estão sendo realizados em várias partes do mundo. Desejamos que esse encontro produza frutos para a caminhada da Igreja no Brasil no campo da comunicação”.

 

Já o vice-presidente da Signis Brasil, padre Eduardo Dhougherty, sj, partilhou que teve a possibilidade de ir a quase todas as reuniões mundiais das TVs Católicas e percebeu que no Brasil há uma benção enorme em quantidade de canais católicos. “Agora, nós que somos Brasil, que somos grandes, temos de aprender com nossos irmãos. Existem experiências fabulosas das TVs católicas de outros países que podem nos ensinar muita coisa.”

A presidente da Signis Brasil, irmã Helena Corazza, frisou que o evento abre uma visão mais internacional na produção de conteúdos. “Os americanos sabem, mas os outros países não têm todas as tecnologias de levantar fundos que nós temos aqui. Creio que os desafios se colocam entre produção e a sustentabilidade. Quanto à produção um desafio é ter programações mais abertas que falem de valores e não necessariamente só de religião ou de temas religiosos”, exemplifica.

Na avaliação do diretor de produção da TV Aparecida e secretário da Signis Brasil, padre Evaldo César de Souza, os desafios seguem sendo os mesmos de sempre: pessoal, financeiro e de conteúdo. “As três coisas estão ligadas entre si. É preciso investir em pessoal, em profissionais de televisão, mas ao mesmo tempo isso custa dinheiro, e pensar na sustentação dos projetos ocupa muito tempo, pois nem sempre é fácil custear uma televisão de cunho religioso. O resultado é a busca de conteúdos novos, interessantes e esteticamente bem feitos, mas que também dependem de gente e de dinheiro para serem feitos. Como se vê, os desafios é que nos movem, e os sonhos nos alimentam”, aponta.

O secretário do departamento de televisão da Signis Mundial, o argentino Ricardo Yañez, disse que é uma oportunidade para formar um corpo produtor. “É muito importante para a comunidade de produtores de televisão conhecer o Brasil e a realidade da televisão católica local. A possibilidade de fazer o seminário no Brasil permite que os canais de televisão conheçam melhor a Signis, uma comunidade que tem presença em 100 países, e fazer parte desse intercâmbio é aprender o que está se passando em outros países e fazer perguntas sobre as diferentes realidades, isso é um pouco do sentido”, conta.

Para ele, depois desse encontro, haverá uma compreensão melhor da realidade brasileira, pois apesar das televisões brasileiras serem muito distintas todas podem fazer seu trabalho e fazer o seu público. “O que podemos aprender é quão diversa é a Igreja, na América Latina e quanto diversa é no Brasil. Creio que isso pode despertar descobertas.”

Cindy Cortés, do Canal 13, de Porto Rico, entusiasmou-se com a qualidade da TV brasileira. Ela partilha que é extraordinária experiência. “Havia tido a oportunidade apenas de ver as TVs católicas pela internet, mas vendo de perto o que está sendo apresentado, podemos nos indagar e conhecer um pouco mais como trabalha a Igreja católica no Brasil, e como se dirigem ao público católico.”

Cindy conta que o canal onde trabalha mantém não só a programação religiosa, mas também há um foco em conteúdos que transmitem valores e a cultura de fé.

Na avaliação da produtora do canal 13, todos têm algo a aprender e o que se produz no Brasil é um grande exemplo para o nível mundial. “Claro que temos de fazer um ajuste a nossa realidade no que diz respeito em nível econômico, porque temos limitações para produzir em grande quantidade, com grandes equipes, nós temos de nos adaptarmos à realidade de nosso país”, explica.

O diretor da Signis América Latina, César Arellano, veio do México. Para ele o mais importante é poder compartilhar. “Estar aqui abre uma janela para conhecer o que fazem os outros. Podermos somar e compartilhar projetos, pois mesmo estando em diferentes pontos do mundo, em vez de usar isso como barreira usar como uma fortaleza, na qual podemos ter uma espécie de corresponsabilidade”, opina.

Participantes partilham experiências em busca de unidade

Os participantes do encontro receberam informações estratégicas sobre medição de audiência e puderam conhecer as experiências vividas pelas emissoras católicas de vários países e partilhar conhecimentos.

Para o vice-presidente da Signis mundial, o norte-americano Frank Frost, o Seminário como um todo foi uma experiência extraordinária, sobretudo pelo contato com emissoras que possuem uma outra abordagem no dia a dia.

“Nos Estados Unidos temos apenas 25% de católicos e as emissoras não são muitas. No Brasil, há 130 milhões de católicos talvez, e é muito bom ver a vitalidade de emissoras como a TV Aparecida. Isso é muito diferente do que temos lá”, aponta.

Na avaliação de Ana Paula Provazi, da área de marketing da Rede Vida, o Seminário é uma oportunidade engrandecedora. “A gente tem a oportunidade de conhecer a realidade das outras TVs, de ver as dificuldades que eles têm e partilhar ideias para poder melhorar o trabalho prestado”, ressalta.

A opinião dela é a mesma de Nelson Henrique Batistote, representante da TV Imaculada Conceição, em Campo Grande (MS). “A gente vem aqui, conhece a realidade das outras emissoras e vê que, na diversidade, também é possível fazer a unidade”, opina.

A maior parte dos veículos participantes apresentou desafios parecidos, como conquistar mais audiência e encontrar novas formas de auto sustentação.

Os conteúdos veiculados pelas emissoras têm um viés parecido e convergem no seguinte ponto: a diversificação da programação, que vai além da abordagem religiosa.

Para o vice-presidente da Signis, embora a realidade seja diferente em cada país, o grande desafio vai para uma única direção, ou seja, as emissoras precisam aprender a ouvir as pessoas, antes de falar sobre a Igreja.

“As pessoas ouvem a mensagem católica de acordo com a realidade que vivenciam, pois há uma grande diversidade. Para sermos compreendidos, precisamos falar várias línguas e conhecer várias culturas”, conclui.

 

Painéis de discussão

A palestra do consultor da Gallup Organization, José Paulo Hernandes abriu a programação do domingo, dia 23. A organização norte-americana atua na área de pesquisas de opinião pública e possui vários índices de audiência das emissoras de TV no mundo todo.

Hernandes apresentou informações sobre audiência televisiva e destacou o fenômeno da convergência das mídias, que também afeta as emissoras de TV.

Segundo o consultor, há uma forte tendência de que as emissoras criem maneiras para intensificar a presença nos dispositivos móveis, como tablets e smartphones. Ele ressalta que as emissoras que seguirem essa direção só tem a ganhar com esse tipo de estratégia.

Ao longo do dia, representantes de emissoras católicas no Brasil e países da América Latina, Europa, Estados Unidos e América Central apresentaram vários projetos em andamento e que serão implantados em breve.

Leslie Torres, da República Dominicana, destaca a experiência da TV Televida, que luta com dificuldade para levar ao ar uma programação voltada à família e aos valores católicos.

A representante da Televida também ressaltou a dificuldade de se conseguir anunciantes compromissados com os princípios da emissora. Como existe um público cativo e segmentado, grandes empresas manifestam em anunciar, mas nem sempre estão alinhadas com os princípios do catolicismo e acabam sendo descartadas.

O colombiano Juan Carlos Greiffenstein apresentou a história de 15 anos da Tele VID, que tem conquistado um público cada vez maior na TV a cabo, com uma programação focada não só em religião, mas em atrações de interesse do público feminino, que é predominante.

Cindy também abordou o crescimento da emissora, que oferece programação diversificada, com sinal digital distribuído por cabo e satélite.

Ana Paula Provazi, da Rede Vida, partilhou os desafios de fazer uma programação voltada para o público católico ante as dificuldades do mercado. Um dos desafios da emissora, segundo ela, é atingir o público jovem.

Outros destaques foram as apresentações de projetos audiovisuais no Leste Europeu, onde a porcentagem de católicos é pequena. Os participantes puderam conhecer a Noe TV, da República Checa, o festival audiovisual Golden Knight, que existe há 25 anos na Rússia, e Laudato TV, projeto da Croácia que será iniciado em dezembro deste ano.

Na segunda-feira, dia 24, houve uma visita ao complexo da Rede Século 21, na cidade de Valinhos (SP). As apresentações e debates foram retomadas na terça-feira, dia 25, data de encerramento do encontro.

Brasil acolhe encontro pela primeira vez

Desde o ano de 2003, o Seminário Internacional de Produtores de TVs Católicas já aconteceu em diversos países. Essa, entretanto, é a primeira vez que o evento acontece no Brasil.

Para padre Evaldo, a escolha da cidade de Aparecida para sediar o encontro mostra a relevância do Santuário Nacional para o mundo, também quando o assunto é comunicação social.

“Além disso, o Brasil tem uma ampla rede de emissoras e produtoras com viés católico cristão e talvez seja, no mundo, o país que mais tenha esse tipo de comunicação, seja com rádio, televisão, impressos e internet”, aponta.

Padre Evaldo lembra que a Signis é uma associação mundial que congrega instituições e pessoas envolvidas com a comunicação católica.

Segundo ele, a associação está presente no Brasil há pouco mais de quatro anos, mas já tem um trabalho significativo. “A Signis vem se estabelecendo como um grande ‘guarda-chuva’, sob o qual estão em comunhão as principais emissoras de rádio, televisão, impressos e internet ligados à espiritualidade católica”, justifica.

O missionário redentorista lembra que o trabalho da associação é justamente o de trabalhar pela união das mídias, pela partilha de projetos e pelos objetivos comuns da Igreja no Brasil.

Edições anteriores

Essa será a terceira vez que a América Latina acolhe o Seminário Internacional para produtores de TV. O primeiro foi realizado em 2008, em Buenos Aires e o segundo, em 2011, na Costa Rica.

A história do seminário começou em 2003, na Cidade do Cabo, onde aconteceu a primeira edição. O objetivo era formar uma rede de ajuda mútua, capaz de criar coproduções e desenvolver uma comunidade profissional.

A partir de então, outros seminários foram sendo realizados anualmente, nas seguintes localidades: Estrasburgo (2004), Praga (2005), Lyon (2005), Madrid (2006), Bucarest (2007), Buenos Aires (2008), Chiang Mai (2009), Luxemburgo (2010), Costa Rica (2011), La Rochelle (2012), Nairobi (2013) e São Petersburgo (2014).

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