Por Jornal Santuário Em Notícias

Valorizar positivamente a vida é tarefa importante

O ser humano moderno vive um momento privilegiado de nossa história. Nunca tivemos tanta facilidade de acesso à informação, ao desenvolvimento científico e tecnológico. Hoje as barreiras físicas praticamente inexistem com o mundo globalizado, dando-nos a possibilidade de comunicação instantânea e de intercâmbios de pessoas, países e culturas diferentes que jamais poderíamos imaginar.

No entanto, são justamente estes avanços conquistados pela sociedade moderna que colocam o ser humano atual diante de um desafio, pois a modernidade em si não é boa nem ruim, mas o que fazemos dela, como agimos e reagimos a tantos estímulos e novidades, isto sim faz com que possamos aproveitar este momento histórico da melhor maneira possível ou não.

Se utilizarmos a modernidade como um meio de nos desenvolvermos como seres humanos, aproveitando toda a facilidade de acesso à informação que temos hoje, para que possamos desenvolver o nosso autoconhecimento e viver com os outros com mais harmonia e equilíbrio, estaremos então no caminho certo.

O JS conversou com o psicólogo Gustavo De Lázzari. Ele acaba de lançar o livro O que na vida tem valor (Editora Pandorga) e também conta quede todos os atrativos que a vida moderna e consumista nos induz, se colocado como principal fim o sucesso material, intelectual ou social, esquecendo-se de valores humanos simples e profundos, essenciais para uma convivência pacífica e amorosa com o próximo, estaremos fadados a não resistirmos ao tempo, onde se tornará premente uma completa revolução interior para a nossa sobrevivência.

Para ele tudo é uma questão de escolha e o tempo dirá se a humanidade está se empenhando pelo caminho da reconstrução ou não. Veja a entrevista.

Jornal Santuário de Aparecida – O que falta as pessoas valorizarem na vida?

Foto de: Arquivo Pessoal

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"Podemos ter uma vida simples pela 
postura, pela forma como encaramosas
pessoas, com o respeito, a igualdade
e a dignidade, pois ninguém é melhor
que ninguém" 

Gustavo de Lázzari–Compreender que “valorizar” é um processo de aprendizagem. Assim como o ser humano pode adquirir e manifestar padrões negativos de pensamento, deixando de perceber o que a vida tem de bom a lhe oferecer, podemos, por outro lado, desenvolver em nós a gratidão pela vida, pelo momento presente, por pequenas coisas, gestos e acontecimentos. Pois na verdade, temos muito mais a agradecer do que reclamar, basta dirigirmos um olhar atento para nós mesmos e para cada situação que vivemos. Precisamos aprender a valorizar cada experiência, por mais simples que seja, pois são oportunidades de aprendizagem e superação que surgem em nosso caminho. Por vezes, só valorizamos algo ou alguém quando perdemos. Quando passamos a valorizar cada situação no momento presente, começa a despertar em nós um ser humano melhor e mais feliz.

JS –Para muitas pessoas não existe tempo para si mesmo, para a família, nem para o lazer, mas ao mesmo tempo elas precisam trabalhar e ganhar o seu sustento. Como encontrar o equilíbrio?

Gustavo de Lázzari– Esta é a palavra-chave: equilíbrio. Não há problema algum em se dedicar ao trabalho, lutar no dia a dia pelo próprio sustento e da família. Ao contrário, é importante valorizar e sentir gratidão pelas oportunidades que surgem para o desempenho de nossas atividades profissionais, sejam elas quais forem.

O que precisa-se entender é que o trabalho é uma parte de nossa vida, não é o que nos completa e nos basta, ele ajuda a desenvolver as outras partes que nos complementam como família, amigos, vida social, lazer etc.

Cada parte tem a sua importância e todas precisam ser alimentadas de forma constante e equilibrada. Mesmo quem tem uma carga horária de trabalho muito puxada, pode e deve disponibilizar horas de lazer e descanso, seja uma reunião de amigos, de familiares, uma brincadeira com os filhos ou netos, ou simplesmente disponibilizar um momento de reflexão, meditação, dando-se a chance do “não fazer”, do parar para se restabelecer física e mentalmente.

O que conta nestas horas é a qualidade da relação e não o fator quantidade. Vale muito mais uma hora que seja de troca genuína com um filho, um parente ou um amigo, que passar um final de semana inteiro sem uma atividade “presencial” com o outro. Pois, há pessoas que moram em uma mesma casa, mas são separadas por barreiras “invisíveis” de indiferença, intolerância ou falta de afetividade.

Tudo é uma questão de planejamento e disciplina. Precisamos também desenvolver uma rotina para atividades prazerosas, que nos enriqueçam como seres humanos e possam agregar mais valor às nossas vidas.

JS –Acredita que há uma cobrança da sociedade para um enquadramento em um padrão de vida que resume o sucesso no poder de consumo, na riqueza material, riqueza intelectual etc.?

Gustavo de Lázzari– Sim, um modelo de sucesso que nos remete à ilusão de que a riqueza material, o status, o poder, o intelecto ou a fama sejam determinantes para uma vida feliz e para que a sociedade possa nos valorizar. Estes são valores que permeiam a vida de muitas pessoas e muitas destas alegam que encontram a felicidade e satisfação no desenvolvimento destes atributos.

O fato é que podemos ter ou não riqueza material, ser famoso ou viver no ostracismo, ter ou não aprovação social, e mesmo assim podemos sentir uma alegria de viver, uma satisfação pela vida, pelas pessoas que nos rodeiam, enfim, os valores que realmente ficam e perduram são imateriais e podem ser conquistados e vivenciados por todas as pessoas que busquem isto.

JS – Qual a importância de se ter uma religião ou acreditar em algo?

Gustavo de Lázzari– Esta é uma questão importante debatida no livro, em um capítulo intitulado O valor do caminho espiritual. Pois, na verdade, a espiritualidade humana é um tema milenar e representa um dos pilares que pode auxiliar o ser humano a viver um equilíbrio maior e encontrar mais entendimento sobre a vida. Se admitirmos que somos seres espirituais em uma trajetória terrena, todos nós estamos de alguma forma trilhando um caminho espiritual.

Acreditar em “algo mais” é trabalhar a nossa transcendência, um olhar “além”, é despertar e compreender que a nossa vida pode ser vivida a cada dia com um novo sentido, através de uma percepção mais ampliada da realidade. É o vivenciar de uma fé e uma esperança que superam os momentos de adversidade e nos permitem sair mais fortalecidos após cada experiência.

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