Por João Antônio Johas Leão Em Crescendo na Fé Atualizada em 03 ABR 2019 - 14H48

Natal é tudo isso mesmo?

Fui me confessar há alguns dias e o padre me deu como penitência sentar-me em frente ao presépio da minha comunidade e pensar: “O que esse acontecimento significa na minha vida”? Então, durante uns minutos, fiquei lá, pensando e rezando. Tentando interiorizar um pouco melhor o significado do Natal. Nessa época as cidades se enfeitam, existe um clima diferente no ar, a Igreja muda de cor em suas celebrações...

Mas, afinal de contas, porque tanta festa? É tão importante assim o Natal?

1_presepio:: Advento: o que você está esperando? ::

Uma das coisas que me lembrei nessa meditação foi de que mesmo que não se enxergue completamente a importância do Natal, ele é, de fato, um divisor de águas no mundo. A história está dividida em um antes e um depois de Cristo. Em nosso calendário, mesmo os que não são cristãos precisam levar isso em consideração. A expressão Anno Domini, ou Ano do Senhor, se popularizou como forma de expressar isso a partir do século VIII.

E quem é esse que veio até nós que é tão importante? Em Jesus vemos o próprio Deus que se aproxima da humanidade, encarnando-se como filho de Maria, pequeno para não nos assustar com sua infinita realeza. As palavras são muito insuficientes para expressar a centralidade e a novidade desse acontecimento. Talvez, por isso o padre me pediu para rezar frente ao presépio e não para escrever um texto. Porque é apenas na oração e no diálogo interior, ajudado pelo Espírito Santo, que podemos encontrar-nos de verdade com o mistério que aconteceu em Belém. Deus veio até nós.

 

É apenas na oração e no diálogo interior, ajudado pelo Espírito Santo, que podemos encontrar-nos de verdade com o mistério que aconteceu em Belém.

Mas, como diz o Evangelho de João, “Veio para o que era seu e os seus não o receberam”. Desde aquela época, muitos não conseguiram encontrar-se com o Cristo encarnado em Jesus. Uns viram nele um louco, outros viram que era um profeta poderoso, alguém que fazia o bem, mas poucos conseguiram perceber o Filho do Deus vivo, o Messias esperado a muito tempo para libertar Israel.

E mesmo os que começaram a entender que Jesus era o Messias, muitas vezes, entendiam que era um Messias político, que ia libertar Israel do julgo político que viviam. E como não entenderam que o Reino de Jesus não era desse mundo, ficaram atônitos com sua paixão e morte. Como não esperavam na Ressurreição, se perderam ao ver que Jesus “pereceu” na cruz. Para eles, o Natal acabou sendo o princípio de um fracasso.

Nos nossos dias, também é muito difícil reconhecer Jesus como Deus. E muitos são os que falam como os antigos. Que é um iluminado, alguém que faz o bem, um modelo de homem bom. Mas, se não chegamos a perceber que Ele é muito mais do que isso, todas as luzes natalinas não terão muito sentido. Se é para comemorar o nascimento de um homem bom, o natal realmente não é tão importante assim, porque poderíamos comemorar outros nascimentos de homens bons. Mas se é Deus que nasce em Belém, tudo muda, tudo é novo, tudo se enche de esperança e de alegria.

O meu outro pensamento, ao meditar frente ao presépio foi:

“Assim como Jesus dividiu a história em duas partes, Ele dividiu também a minha vida em duas. Existe um antes e um depois de Cristo na minha vida. Quero realmente assumir tudo o que isso implica”?

O nascimento de Deus tem o poder, se nós permitirmos, de mudar toda nossa existência, de dar novo rumo a nossa vida, um rumo que leve a vida eterna, a viver a vida como filho de Deus. Esse foi o rumo que o jovem rico não quis aceitar, porque possuía muitos bens. Mas justamente por isso ele saiu triste daquele encontro. E nós, como queremos sair desse encontro com Jesus? O que é o Natal para mim?


Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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