O que me ficou dessas brigas polarizadas e apaixonadas do último período eleitoral? Em primeiro lugar, a insatisfação por não haver candidatos capacitados e que gerem confiança, e em segundo lugar, que precisamos aprender a dialogar, respeitar e ser tolerantes para com os outros.
Neste período extremamente intolerante de eleições, vimos com frequência nas redes sociais, católicos brigando entre si. Isto mexeu muito comigo, não só por eu também ser católico, mas porque eles utilizavam temas da nossa fé para defender seu ponto de vista e atacar o outro.
Penso que há uma virtude que é muito necessária e importante que faltou nas atitudes de muitos de nós. Essa virtude é chamada de tolerância.
:: O que é a virtude da obediência?
Não estou me referindo a uma tolerância relativista, na qual eu devo ser tolerante com a intenção de evitar o conflito ou de agradar aos demais. Se esse for meu motivo principal, eu estarei encaminhado para construir relacionamentos frágeis ou falsos. Eu penso que a tolerância tem que ter como base a duas faculdades humanas: a verdade e o diálogo.
A verdade é uma faculdade central do ser humano, pois este é essencialmente um buscador da verdade. O pior que poderia acontecer a uma pessoa é mentir e ser falsa, mas também é um problema quando, por falta de formação, ela relativiza a verdade ou fica argumentando com “meias verdades”.
Penso que muitas pessoas tentaram ser sinceras e colocar seu ponto de vista durante este último período eleitoral; o problema foi que a empolgação e as emoções os traíram, fazendo com que quase todas as pessoas virassem comentaristas políticos 'sérios e abandeirados'. Ou seja, a sua cosmovisão era a certa, porque se baseava numas quantas argumentações.
E quando digo que precisamos de mais diálogo, é porque quando uma pessoa está acostumada a dialogar e se encontrar com os outros de verdade, estará predisposta a poder conviver melhor e poder tolerar as diversidades e a aprender com as diferenças. Infelizmente, hoje em dia, as pessoas dialogam, isto é, se comunicam mais por meio das redes sociais. E isto sim é um problema, pois as pessoas não amadureceram no diálogo pessoal, então pensam que a melhor e mais confortável maneira de se expressar é por meio da web. Se a isto acrescentarmos a avalanche das fakenews, teremos ainda mais problemas para poder dialogar e conviver por meio das redes sociais.
O que eu recomendaria é que, durante o período eleitoral e também fora dele, não devemos cair num “politicocentrismo” que coloque no centro essa realidade boa que é a política ao invés da minha fé e dos meus valores mais preciosos como ser humano. Com certeza nós também somos seres políticos. Porém, como dizia um autor filósofo e psicólogo pouco conhecido, Eduard Spranger, na sua teoria dos valores, que aprece no seu livro intitulado “Formas de vida”, o ser humano tem seis valores que estruturam sua personalidade: teórico, social, estético, político, econômico e religioso. Sobre a preeminência de um valor sobre outro, o valor religioso deverá estar no ápice da pirâmide e também na base.
Por último, penso que devemos trabalhar na nossa identidade como cristãos católicos. Estudar melhor a nossa fé e o lugar da nossa Igreja no mundo, com todos os seus ensinamentos, especialmente os frutos do Concilio Vaticano II e também da Doutrina Social da Igreja. Termino com uma passagem que tem que nos fazer conviver e crescer nesta construção de um mundo melhor, e poder restaurar tudo em Cristo, todas as realidades sócio-políticas: “Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, toda vez que tiverdes queixa contra outrem. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai também vós.” (Col 3,13).
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