Por João Antônio Johas Leão Em Crescendo na Fé Atualizada em 28 AGO 2020 - 15H20

Qual o papel do leigo na Igreja Católica?

Em 2018, a CNBB instituiu o ano do laicato, ou seja, o ano de pensar o papel do leigo dentro da igreja, esse chamado de participar da vida eclesial.

O estudo nº 107 da CNBB, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade”, sai ao encontro desse tema e busca esclarecer um pouco melhor qual é esse papel.

Qual é, então, a vocação do leigo na Igreja? O que ele está chamado a fazer?

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Entender por que se faz essa pergunta atualmente já é um bom caminho andado na direção da resposta que buscamos. Parece existir na Igreja uma noção errada de que os clérigos (bispos, padres e diáconos, em oposição aos leigos, que são todos os demais fiéis) são os “mais importantes e os protagonistas” da Igreja, enquanto os leigos são “os que escutam”, que passivamente se alimentam daquilo que os clérigos possuem para dar. A esse clericalismo, o Concílio Vaticano II respondeu, voltando a afirmar a dignidade e a missão fundamental dos leigos na Igreja.

Por sua realidade de batizados, todos os leigos não apenas estão na Igreja, mas são Igreja, são parte do corpo que tem Cristo por cabeça, assim como os clérigos. Como tais, estão também chamados a ser discípulos missionários, participantes da missão da Igreja de anunciar o Evangelho a todas as nações. E, para isso, eles precisam experimentar renovadamente que o seu encontro com Jesus é verdadeiro, a fim de anunciá-lo em primeira pessoa. Isso acontece por meio de uma vida de oração intensa, onde se saboreia a mensagem de Jesus e se experimenta a sua graça sempre presente.

A partir desse encontro renovado, deve-se superar alguns antagonismos que hoje vemos muito presentes. Um primeiro antagonismo é o que se dá entre a fé e a vida, que faz referência a uma espécie de separação da vida de fé e da vida prática, como se as duas realidades não se relacionassem. Muitos vivem uma espécie de agnosticismo funcional, no qual a fé não interpela mais a vida cotidiana. São os cristãos de domingo e dias de festa, quando o verdadeiro chamado é a ter uma vida (completamente) cristã.

Outro antagonismo que precisa ser superado acontece entre a Igreja e o Mundo. Muitos podem pensar que a Igreja é uma espécie de refúgio, no qual se pode fugir do mundo hostil. Se bem é verdade que na Igreja encontramos esse espaço de paz verdadeira, precisamos reconhecer que é essencial que essa paz chegue aos quatro cantos do mundo.

Cristo, com sua encarnação, valorizou o mundo e os homens, e é por isso que não nos desentendemos do mundo, mas buscamos transformá-lo, de acordo com o máximo das nossas capacidades e possibilidades, fazendo com que seja cada vez mais conformado, de acordo com Cristo e o Reino de Deus que Ele veio anunciar.

Superados esses (e outros) antagonismos, o leigo percebe que está chamado a ser o que se dá o nome de Sujeito Eclesial, que significa reconciliar toda a realidade humana e divina em uma mesma pessoa, o cristão, à imagem daquele que é Deus e homem, Jesus.

Esse sujeito atua no mundo como cidadão, mas seu atuar é fruto de seu ser, e o seu ser é católico. Em outras palavras, o sujeito eclesial está chamado a fazer parte ativa da missão da Igreja de restaurar tudo em Cristo, sob a proteção e guia de Maria.


Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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