Por José Eymard Em Crescendo na Fé Atualizada em 26 SET 2017 - 15H04

Um novo olhar a partir da visita do Papa

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Se alguém pedir para você contar algo sobre o Paraguai, o que você lembraria de falar?  Me lembro das aulas de história quando o professor explicou as consequências da guerra em que a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) derrotou as tropas paraguaias, matou mais de 80% dos jovens e gerou uma crise econômica. Lembro-me de muitos falarem da famosa Ponte da Amizade e dos preços dos eletrônicos lá do outro lado da fronteira. Porém, estar no país vizinho, pela primeira vez, me fez enxergar com outros olhos o Paraguai, chamado de o coração da América do Sul.

A Rede Aparecida enviou três profissionais para a cobertura da visita apostólica do Papa Francisco ao país. Estivemos uma semana por lá e o Paraguai estava em festa. Para os três dias da visita do pontífice, foi decretado feriado nacional. Pela capital Assunção, bandeiras  do país e do Vaticano coloriam a cidade.

Conhecemos o Campo da Força Aérea, onde seria a Missa de domingo. Por lá, foi erguido um altar de 25 metros de altura,  feito de 200 mil cocos pequenos, espigas de milho, abóboras e frutos do inverno. Em cada coco estava escrito à caneta preta o nome de uma família. Eram as intenções da Santa Missa e ali eu escrevi “Brasil”, colocando as intenções do nosso país.

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Mas, o que mais me marcou em nossa visita foi a tragédia do supermercado Yucá Bolaños. Em agosto de 2004, o Paraguai viveu a maior tragédia de sua história recente. Mais de 350 pessoas morreram, a maioria delas crianças e jovens, depois de uma explosão na praça de alimentação do supermercado. O proprietário do local mandou fechar as portas para que as pessoas não saíssem sem pagar. Muitos que poderiam ter escapado da tragédia morreram carbonizados ou asfixiados.

11 anos depois, Papa Francisco passaria pelo local para rezar pelas famílias. Infelizmente no dia da visita, a barreira de segurança foi rompida pelo povo que se reunia para ver o Santo Padre. Assim, Francisco passou apenas de Papamóvel,  sem parar no local da tragédia. Nós conhecemos uma das sobreviventes, a Rosana, que teve 41% do corpo queimado. Ela nos contou que hoje não tem traumas do incêndio e aprendeu a perdoar aqueles que fecharam as portas do supermercado e a impediram de escapar das chamas. 

Um outro Paraguai

O Paraguai fez uma linda festa de acolhida ao Papa Francisco com cantos e danças típicas. Foi nítida a alegria e emoção de todos,  não somente pela presença do Santo Padre, mas por amarem seu país e saberem o quanto ele é capaz de se organizar e apresentar riquezas culturais ao mundo.

Agora, se alguém me perguntar sobre o Paraguai poderei dizer algo a mais do que guerra e preço baixo de eletrônicos. Direi que o coração da América do Sul é acolhedor, rico culturalmente e de uma fé que impressiona. 


Escrito por
José Eymard (Foto José Eymard)
José Eymard

Jornalista e ex-apresentador da TV Aparecida

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