Fazer festa é uma realidade muito comum. Celebramos nosso aniversário, o fim de um período de estudos, o final do ano, e a lista pode continuar muito maior.
Mas no contexto atual, de isolamento social, foi preciso repensar o conceito e as formas de celebrar. E, se aprofundarmos, acaba ressoando a pergunta: sabemos realmente fazer festa?
Luzes, comida, cores, sons. Nos últimos anos aumentaram os atrativos. Hoje fazer festa é coisa séria, contrata-se um party manager. Mas, sabemos nos deter perante a maravilha da vida?
Reconhecemos o misterioso de uma etapa que acaba e outra que começa? Cantamos hinos que expressam profundamente nossa identidade? Não sei se consigo bem expressá-lo: aprendemos a costurar tantos detalhes que o principal ficou esquecido, postergado ao azar de uma boa lembrança na posteridade.
Há pessoas que criticam as religiões de introduzirem rituais suntuosos para verdades irrelevantes, mas na verdade várias das nossas festas hoje são esses rituais suntuosos que ficaram na irrelevância. Quão arbitrário não é apagar as luzes e trazer um bolo com velas em cima, enquanto todos cantam?
De novo, nada contra as festas de aniversário, gosto muito delas. Mas, não será que nossos rituais de celebração ficaram esvaziados de sentido? Pois, que sentido tem cantar e bater palmas por um ano completado, se nem sabemos o que essa pessoa vivenciou ao longo desse ano?
Eis o ponto ao qual quero chegar. O centro da celebração não é a festa, nem o bolo, nem a música. O centro são as pessoas, e parece que temos nos esquecido delas… e também de nós mesmos.
Eis uma verdade que pode nos iluminar: o cristianismo fez uma reviravolta no conceito de festa. Os verdadeiros cristãos são talvez os "escandalosamente festivos".
O centro da vida cristã é uma festa, a Eucaristia. O centro do ano de um cristão é a festa das festas: a Páscoa de Cristo. A cada domingo, não participamos apenas de um ritual, mas celebramos uma festa: Jesus fez a Passagem definitiva.
É tão importante festejar essa Passagem, que se torna uma obrigação fazer memória dela a cada domingo.
Agora, destaquemos o peculiar desta festa. Celebramos uma vitória, mas no meio de um fracasso: O Ressuscitado morreu, e entre bandidos! Talvez a nossa sensibilidade já tenha se acostumado... mas nós cristãos celebramos também a morte, e de forma particular o martírio!
O sem-número de mártires ao longo dos séculos testemunham esta verdade. E falam particularmente os mártires de hoje. Em pleno século XXI, pessoas morrem por celebrarem uma festa: a missa.
Talvez o problema do homem do nosso tempo seja ter esquecido como fazer festa de verdade. Não será este o problema que mergulhou alguns na monotonia, no sem-sentido e na depressão?
Talvez esta Páscoa, que será celebrada de forma tão diferente, nos ajude a dirigir nosso olhar para o acontecimento que é o centro da nossa Vida em Cristo. Talvez encontremos de forma renovada a capacidade paradoxal que temos, os cristãos, de celebrar em meio ao fracasso.
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