Por Elígio Junior Em Dica de Cinema Atualizada em 26 SET 2017 - 15H40

Dica de Cinema - O Mordomo da Casa Branca

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Em teoria um filme que aborda a intolerância racial norte-americana (argumento explorado por inúmeras vezes) e estrelado por Forest Whitaker (dono de um Oscar de melhor ator e de uma filmografia bastante oscilante), além de pop stars como Mariah Carey, Oprah Winfrey e Lenny Kravitz deveria ser, no mínimo, uma obra a se desconfiar. Felizmente as firmes mãos de Lee Daniels (Preciosa) guiaram O Mordomo da Casa Branca por um caminho certeiro e transformaram a real história de um simples mordomo em uma grande lição de vida.

Daniels conseguiu extrair excelentes atuações de um elenco questionável e a este vinculou nomes fortes como Robin Williams no papel do presidente Eisenhower, John Cusack como Nixon, James Marsden (o Ciclope da franquia X-Men) como John F. Kennedy, Alan Rickman como Ronald Reagan e Liev Schreiber como Lyndon B. Johnson.

O roteiro apresenta uma mensagem clara sobre as mudanças sociais e políticas ocorridas acerca da comunidade negra dos Estados Unidos ao longo de oito décadas, porém énas entrelinhas que o texto se sobressai e cresce. De forma precisa, delicada mas pouco amena, acompanhamos algumas lutas interiores de Cecil, um homem que deixou uma plantação de algodão no Sul escravista do país para crescer como pessoa, se tornar um pai de família honesto e provedor de relativo conforto, através daquilo que melhor sabe fazer: servir.

Dentro da casa mais poderosa do país (a branca) o protagonista vive um mundo paralelo de obediência, requinte e calmaria. Jádentro de seu próprio lar sofre: com o idealismo de seu jovem primogênito que luta contra a nação, o governo e a segregação racial que impede negros de beber água no mesmo lugar que brancos; com sua esposa (magistralmente vivida por Oprah), a dona do lar que cumpre seu papel àrisca, mas que na mesma intensidade em que apóia o marido e a ele égrata pela vida que possui, cobra um preço alto pelas constantes ausências do patriarca, descontando as angústias na bebida; por fim, com a necessidade de seu filho mais jovem em seguir o caminho oposto ao irmão para sentir-se útil e fazer alguma diferença, lutando cegamente pela "América".

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Tecnicamente o filme não deixa a desejar e seu roteiro consegue amarrar todas as pontas que vão se soltando ao longo da projeção. A caga dramática éconstante sem ser clichêe o ponto de virada na narrativa da personagem principal ocorre de maneira crível, no ato e no tempo certo. Debra Denson (Hancock) faz seu Departamento de Maquiagem ganhar os holofotes, com um excelente processo de envelhecimento de atores, ao melhor estilo A Dama de Ferro.

O Mordomo da Casa Brancaédefinitivamente um destes filmes que chegam ser muito alarde e repentinamente mexem com a nossa maneira de ver o mundo e compreender um pouco mais os sofrimentos ocorridos ao longo da história da humanidade, mesmo que não os tenhamos vivido, ou que os vejamos através de um prisma artístico particular que, obviamente, retratara aquele pedaço de história de forma poética.


Escrito por
eligio JM
Elígio Junior

Pós-graduado em gestão executiva da televisão

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