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Pastoral Universitária propõe jovens evangelizadores e leigos dedicados

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Por Eduardo Gois – Jornal Santuário

Falar de pastoral universitária, primeiramente é perceber que o objeto de estudo ou de conhecimento é a pastoral, e mais concretamente, a pastoral que atua no mundo universitário ou no âmbito universitário. O conceito de pastoral apresentado no Concílio Vaticano II, na Gaudium et Spes, diz que pastoral consiste em se debruçar sobre as aspirações e as angústias dos homens para lhes propor, a partir dela, a mensagem cristã. Pastoral é “a condução como pastores”, não limitada a ação dos pastores, mas a ação de toda a comunidade, de toda a Igreja. Pastoral, em um sentido amplo, é “ a ação evangelizadora da Igreja e sua missão neste mundo, e por tanto, a pastoral universitária é a ação evangelizadora na Igreja neste meio. Sendo assim, a questão fundamental é que somos chamados a viver a fé nesse meio. E provavelmente a pergunta fundamental seja: como transmitir a fé nesse meio?

A assessora do setor Universidades da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Irmã Maria Eugenia Lloris, explica que ser presença do Evangelho, viver os valores do Evangelho e dar testemunho são os principais objetivos das Pastorais Universitárias espalhadas nos ambientes acadêmicos das faculdades e universidades por todo o Brasil. Ela tem o papel de incentivar, reunir e formar quem atua, estuda e trabalha na universidade. “É a ação evangelizadora da Igreja no âmbito universitário”, diz.

Evidentemente, iniciar uma pastoral, supõe para muitos, começar do zero.

As Pastorais Universitárias direcionam-se para o acompanhar da juventude. As pessoas que fazem parte são como pastores na comunidade acadêmica. “Pode-se dizer que a pastoral é a presença da Igreja nesse ambiente e contribui na formação de profissionais que façam a diferença na construção de um mundo mais justo e fraterno”, opina Irmã Maria Eugênia.

Segundo a assessora, os jovens, professores e fiéis nas paróquias, ao chegarem à Universidade, geralmente não conseguem viver e manter a sua adesão e pertença à Igreja. Por falta de tempo, pela mudança de cidade ou Estado, a mobilidade humana; ou porque a fé que viviam no seio familiar e nos ambientes que frequentavam não responde mais às novas questões que a realidade universitária lhes apresenta: a pluralidade, a diversidade, a reflexão. “A fé que até agora viveram de maneira espontânea ou tradicional, talvez sem levantar questionamentos e foi acompanhada na paróquia, agora enfrenta a cultura pós-moderna e é assaltada pelas dúvidas que os conhecimentos da ciência e outras visões de mundo apresentam. De fato alguns procuram o local da pastoral como referência nesse universo, porque estão sem família, fora da cidade, sem ainda amizades.”

Na avaliação de Irmã Eugênia, é preciso compreender, perceber e estar próximos da realidade que muitos universitários enfrentam, por alguns motivos: Primeiramente, por êxodo da escola para a Universidade; e este primeiro êxodo é acompanhado do êxodo da cidade natal para as cidades que lhes oferecem o estudo qualificado. Sair do aconchego familiar, das matrizes culturais e religiosas e ser lançado em um espaço novo: a Universidade. Lugar de criticidade e pluralidade de pensamentos, de autonomia e liberdade, no qual precisamos recorrer às nossas convicções (se as temos) e integrar não só os desafios da Universidade, mas também da mudança de endereço e costumes; o confronto intelectual, as responsabilidades com o trabalho e a sua manutenção, os custos de vida, e tudo isso com muito pouco tempo para participar de atividades extracurriculares. “A universidade é uma nova etapa no processo de amadurecimento humano e integral. ‘Crescer em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens’ (Lc 2, 52) torna-se um desafio em um ambiente marcado pelo agnosticismo e no qual as pessoas de fé são minoria”, afirma.

Para ela, dentro de tal contexto, o maior desafio é ser presença nos ambientes universitários, ou seja, manifestar a fé nesse meio e dialogar com aqueles que têm outras maneiras de ver a vida. “Ser aquilo que somos e, pela nossa vida, testemunho e maneira de ser, mostrar que a nossa fé continua sendo significativa para os dias de hoje.”

Ela também destaca que é preciso pessoas que dialoguem no ambiente universitário e consigam estabelecer a ponte entre fé e vida e fé e razão. “Termos agentes para que possamos articular nossas atividades e possamos fazer uma ação inculturada no âmbito universitário.”

Desafios em tempos de mudança

O Dc 56 da CNBB de 1988 apontava como causa da pouca representatividade dessa pastoral (0,08% da comunidade universitária) a “falta de lideranças formadas que não se dediquem a realizar atividades, mas que acompanhem as pessoas”. Para a assessora a maior dificuldade é iniciar, mas é preciso investir novamente, e sem medo, porque mesmo que afirme-se que o ambiente universitário é hostil, corroborou-se pelas respostas dos bispos e uma de suas pesquisas que a Universidade solicita a presença da Igreja para eventos, encontros, o que significa que querem esta palavra. A questão é que tipo de palavra oferta-se ou qual compreensão de evangelização temos.

Em sua pesquisa realizada em 275 dioceses ao perguntar como organizar esta iniciativa evangelizadora os bispos responderam: organizando a pastoral; sendo presença e preparando pessoas.

– 15% – Organizando a pastoral.

– 17% – Sendo presença.

– 15% – Preparando pessoas.

“Estamos sendo desafiados a investir de novo na formação de lideranças: jornalistas, políticos, economistas, que de dentro da pastoral universitária possam alimentar nosso sonho de uma sociedade mais justa e fraterna. A fragilidade da ação evangelizadora no meio universitário nos últimos anos e a aceitação da ruptura entre a fé e a razão, deixou um vácuo da presença da Igreja e do diálogo dela com a Universidade. Por isso, muitos dizem, ‘na minha diocese não tem nada organizado’.”

A religiosa ressalta a importância de ser testemunho no mundo universitário: “é poder continuar a amadurecer a fé e descobrir a maneira de viver as profissões com valores cristãos e humanos”, afirma.

Segundo Irmã Maria Eugênia, a Pastoral já existiu em outras épocas com uma ação significativa na Igreja e na sociedade, mas somente a partir de 2007 que a CNBB retomou sua organização e articulação para dar visibilidade a ações que estavam sendo realizadas de maneira isolada.

Pesquisa traçou cenário e dificuldades

Ano passado, Irmã Eugênia fez uma pesquisa com episcopado brasileiro, para adquirir mais dados da pastoral. A pesquisa buscava saber onde há ou está organizada; a importância desta pastoral para a Igreja, entre outros. À pergunta: Qual é a maior dificuldade ou necessidade da Pastoral Universitária? em 275 dioceses, obtive 146 respostas e trouxe o seguinte resultado.

– 90 % do episcopado acha fundamental a pastoral universitária.

Entre os motivos apontados (E por que)

– 14% acha que é importante pelo grande número de jovens que estão nas Universidades.

– 20%, porque nestas Instituições estão os formadores de opinião.

– 18% é importante a evangelização da cultura, o diálogo de fé e razão; fé e ciência.

– Para 20% é compromisso da Igreja evangelizar e estar neste ambiente.

Nestas respostas percebe-se como Igreja amadurece a sua compreensão da missão na Universidade. O DC 56 de 1988 (anterior ao do ano passado, 102) dizia que o fato de não ter uma pastoral universitária representativa, (0,08% da comunidade universitária) era: – pela pouca atenção dada à nucleação; e porque a pastoral na sua busca de identidade não se dedicou nem ao diálogo entre a ciência e a fé, e nem abriu um espaço suficiente para a reflexão sobre a Universidade. “Hoje entendemos sim que a Pastoral Universitária precisa dedicar-se ao debate de fé e ciência; fé e cultura; a questão é: quem se dedica?”, critica.

Encontro de paróquias universitárias em 2013 motivou reflexões e amadurecimento

O texto de estudo 104 da CNBB, Comunidade de comunidades: uma nova paróquia, motivou reflexões no 1º Encontro Nacional de Paróquias Universitárias, realizado no final de setembro, do Ano passado,em Goiânia (GO). Desafios da evangelização no espaço universitário e na cidade foram partilhados pelos representantes das dioceses que possuem paróquias universitárias.

O bispo referencial do Setor Universidades, dom Tarcísio Scaramussa, ressaltou na ocasião a importância da formação dos agentes de pastoral. “O aspecto principal é a presença da Igreja no espaço universitário, não somente por meio de uma paróquia, mas também por meio de grupos e de pessoas”, afirma.

Ela também destacou a necessidade do investimento no protagonismo do leigo, considerando a dificuldade atual do clero em atender às necessidades das comunidades. A formação de universitários para evangelizar outros universitários foi considerada pelo bispo como um fator importante para o fortalecimento dessa ação evangelizadora. “A conversão da paróquia em comunidade de comunidades supõe o empenho e a participação dos leigos”, lembra.

Irmã Eugênia acrescenta que, por outro lado, é positivo um acompanhamento dos jovens, pois a universidade é o espaço da pergunta, do crescimento na fé. Para tal, o que mais precisam são companheiros, amigos, que, ao estilo de Jesus, possam ajudar a iluminar de forma renovada a fé que até agora professaram, integrando fé e razão, fé e vida.

A religiosa esclarece também que as Paróquias Universitárias são uma das experiências de articulação e presença no meio universitário, mas existem dioceses onde a presença da Igreja articula-se por meio da própria Pastoral Universitária ou das Universidades Católicas. “O nosso esforço é que a pastoral articule as diferentes iniciativas de evangelização presentes nas dioceses: movimentos, pastorais de universidades católicas, grupos de universitários nas paróquias, paróquias universitárias”, conclui. Nas férias escolares, período de viagem e descanso, um grupo de universitários fez uma escolha bem diferente. Eles irão participar de missão em comunidades indígenas na Amazônia.

Comissões realizam 1ª Experiência Missionária com universitários

Dez jovens embarcam no dia 22 de junho e, durante vinte e um dias, irão percorrer várias regiões como a diocese do Alto Solimões, província eclesiástica de Manaus (AM), regional Norte 1 da CNBB. A região é cortada pelos rios Negro e Juruá.

Os universitários têm a oportunidade de conhecer a realidade, costumes e cultura da comunidade dos índios Ticunas, localizada na fronteira da Colômbia, Peru e Brasil. No dia 15 de julho, os universitários retornarão para suas casas.

Vivência

A 1ª Experiência Missionária Universitária é promovida pela Comissão Episcopal para a Amazônia e Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação, por meio do Setor Universidades da CNBB. De acordo com a organização, a proposta da missão é motivar os estudantes para o conhecimento da realidade da Amazônia, seus desafios, cultura e perspectivas.

Os universitários foram acompanhados por Irmã Irene Lopes, Irmã Eugênia Lloris, e por um sacerdote. Participam da experiência estudantes de diferentes áreas como teologia, jornalismo, ciências políticas, fonoaudiologia, no período em que estarão em missão, os jovens ministrarão oficinas de leitura, atividades em grupos e reflexões.

Sobre o Autor
Eduardo Gois é jornalista desde 2009 pela Fatea – Faculdades Integradas Teresa D ‘ Ávila, escreve para o Jornal Santuário de Aparecida e Yahoo! Brasil. Também é especialista em Assessoria, Gestão de Comunicação e Marketing (Unitau) e Gestão e docência em EaD (UniSanta). Em 2011 foi vencedor do Prêmio Dom Helder Câmara de Imprensa promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

Acesse: https://jornal.editorasantuario.com.br/

 

 

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