Substituindo Pe. Vítor Coelho de Almeida, Padre Orlando Ricardo Gambi assumiu a direção geral da Rádio Aparecida em 1970, mas desde 1967 fez-se radialista. Em suas mãos, a Rádio alcançou consolidação definitiva com o término da construção da sede, grande renovação técnica, novas frequências, aumento de potência e programação enriquecida.
Ouça sobre sua história:
Despertar da vocação
A cidade de Machado (MG) foi a terra natal do menino Orlando. Nascido dia 17 de maio de 1925, era filho de Celso Gambi e Assunta Bartolomeu Gambi, um casal de emigrantes italianos que tiveram onze filhos. Para colaborar no sustento da família numerosa, Orlando desde garotinho vendia doces e salgados pelas ruas. Em novembro de 1937, com dez anos de idade, entusiasmado com as Santas Missões pregadas em Machado pelos Padres Vítor e Miguel Poce, entrou para o Seminário Redentorista Santo Afonso, de Aparecida (SP).
Atividades como redentorista
Fez o noviciado em Pindamonhangaba (SP), no ano de 1945, e professou na Congregação Redentorista no dia 2 de fevereiro de 1946. Estudou Filosofia e Teologia e matérias afins no Seminário Santa Teresinha, de Tietê (SP). Foi ordenado padre por Dom José Carlos de Aguirre, na igreja matriz de Tietê no dia 27 de dezembro de 1950.
Numa entrevista ao jornal Santuário de Aparecida, quando celebrava 50 anos de sacerdócio, ele assim resumiu suas atividades na Província: “Fiz diversos trabalhos, fui coadjutor na Basílica de Aparecida (1 ano); fui professor no Seminário de Sto. Afonso (6 anos); fui missionário itinerante (6 anos); trabalhei nas fábricas em São Paulo (3 anos); na Rádio Aparecida (14 anos); paróquia do Jardim Paulistano em São Paulo (6 anos); há 23 anos escrevo para o jornal Santuário e publiquei alguns livros populares. A experiência que mais me marcou em meu tempo de missionário redentorista foi o trabalho nas fábricas durante os anos da revolução de 1963 a 1965. Foi uma experiência fantástica sob todos os pontos de vista! Terminou com minha ida a Roma e Lovaina para um curso de pastoral operária. Muitos padres faziam esta experiência na Bélgica e na França. Estive em Liège para ver de perto como funcionava a dinâmica dos padres operários.”
Foi realmente uma iniciativa corajosa e vanguardista da Província criar nos anos 1970 uma pequena equipe missionária para evangelizar diretamente nas fábricas da cidade de São Paulo. Eram anos de grandes acontecimentos tais como a realização do Concílio Vaticano II e, no Brasil, a derrubada do governo republicano e a instalação do poder militar.
Para melhor se preparar para essa missão, Pe. Orlando foi para Roma, onde estudou no Instituto de Teologia Pastoral, e para Lovaina, na Bélgica, onde fez um curso intensivo de Sociologia Pastoral. Ficou famosa a viagem de estudos que pôde fazer até a União Soviética e países da Cortina de Ferro, naqueles tempos fechadíssimos. Tal viagem tornava seus realizadores suspeitos diante do governo militar brasileiro e, por isso, ele teve de eliminar todos os documentos que comprovassem sua aventura.
De 1967 em diante, Pe. Orlando fez-se radialista, assumindo em 1970 a direção geral da Rádio Aparecida. Em suas mãos alcançou a Rádio a consolidação definitiva com o término da construção da sede, grande renovação técnica, novas frequências, aumento de potência e programação enriquecida. Como diretor teve de contornar desentendimentos dentro da equipe e de resolver sérios problemas administrativos.
Depois de seis anos de paroquiato no Jardim Paulistano, em 1987 mudou-se para a comunidade do Seminário Santo Afonso de Aparecida. Passou em 2003 para a Comunidade das Comunicações. Nas duas comunidades, dedicou-se tanto a trabalhos pastorais de ajuda a párocos e institutos religiosos como pregador, conferencista e dirigente de retiros, como às atividades de escritor e compositor musical inspirado. Biografias, livros de oração, meditação e reflexões espirituais são devidos a sua pena. De grande sensibilidade e expressão poética, deixou muitos poemas em livros e CDs, além dos textos divulgados pela internet. Simples, comunicativo, divertido e brincalhão, era a alegria das comunidades. De personalidade entusiasta e emotiva, por toda a parte angariou inúmeros amigos e admiradores.
Nos últimos anos teve seus males circulatórios e ortopédicos agravados e sofreu bastante. Estava hospitalizado em São José dos Campos quando encerrou a peregrinação terrestre. Eram 7h30 do dia 22 de novembro de 2005. Sua missa de corpo presente foi no Santuário Nacional de Aparecida, cidade em que foi sepultado. Deixou escrito: “A vida começa com a morte. Mas que vida? A vida de participação do amor que Deus é!”
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- Foto: Arquivo Provincial
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