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Curiosidades da História: A origem da calça jeans

“Liberdade é uma calça velha azul e desbotada que você pode usar do jeito que quiser, só não usa quem não quer”

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

30 NOV 2022 - 10H15 (Atualizada em 12 JUL 2023 - 16H54)

Aqueles que são um pouco mais vividos hão de se recordar da propaganda de uma calça jeans que usava o verso colocado acima, em fins dos anos 1970 ou início dos anos 1980.

Sem dúvida alguma, se a humanidade já teve um uniforme trata-se do jeans. Hoje fica difícil imaginar um país ou uma ocasião em que ele não seja encontrado.

Serve para todas as idades e foi a primeira vestimenta usada por homens e mulheres, mesmo naqueles países mais fechados por causa do regime político.

O caráter quase que universal da vestimenta está no seu próprio DNA: Tendo por base a ideia de um alfaiate americano, um comerciante alemão criou o jeans como variação de um tecido francês, muito usado por marinheiros genoveses.

E a cor azul característica veio do índigo, uma tintura desenvolvida na Índia.

Antlio/ Shutterstock
Antlio/ Shutterstock

Inteligência alemã e praticidade norte-americana

A história começou por volta de 1847, quando um jovem germânico chamado Oscar Levi Strauss, que viveu entre 1829 e 1902, abriu uma loja de secos e molhados em São Francisco, na Califórnia, bem no auge da mineração no Velho Oeste norte-americano.

Antonov Maxim/ Shutterstock
Antonov Maxim/ Shutterstock

Mesmo sem falar direito o inglês, ele começou a vender rolos de lona que os garimpeiros usavam para erguer suas tendas ou cobrir os carroções puxados pela tração animal, usados nas longas viagens, como a gente vê nos filmes de faroeste. Um de seus compradores mais frequentes era um alfaiate chamado Jacob David Youphes.

Ele adaptou o tecido para fazer calças e os mineradores adoraram a novidade, pois agora tinham roupas bem mais resistentes do que as peças de algodão, que se rasgavam com facilidade.

Ao saber da aceitação da demanda, Levi Strauss contratou Youphes, começando a fabricar calças de lona. Só que o tecido era duro demais e as peças ficavam em pé quase que sozinhas.

Pesquisando materiais, Levi Strauss encontrou um tipo de brim francês já usado pelos marinheiros, também resistente, porém mais flexível. E começou a fazer importações da cidade de Nîmes - motivo pelo qual esse brim passou a ser chamado de denim, junção de “de nimes”.

Mas a peça chegava com variações de cor, entre o branco e o bege, o que atrapalhava bastante na hora de combinar as tonalidades. Então o alemão resolveu tingir o tecido com índigo, um colorante importado da Índia, para padronizar a cor.

Ao perceber que os mineradores precisavam de bolsos para guardar as pedras de ouro que encontravam, o inventivo alemão começou a pregar grandes bolsos nas calças, usando uma espécie de rebites de metal. Mais tarde, em 1872, ele patenteou o produto.


vkilikov/ Shutterstock
vkilikov/ Shutterstock

Modismo internacional

Com a praticidade do americano e o tino do alemão, estava criada a calça jeans, como hoje nós a conhecemos. Nas décadas seguintes, ela conquistaria os mais diversos públicos, até atravessar as fronteiras do planeta.

Com o passar do tempo, as calças jeans começam a ser usadas em ocasiões de lazer ou mais formais, passando a ser vistas como um símbolo de liberdade e revolução também para as mulheres que, até metade do século XX, só usavam saias e vestidos.

As calças também ganharam espaço no mundo da moda e da alta costura, aparecendo nas passarelas a partir da década de 1970.

O jeans nunca mais desapareceu, sendo usado nas mais diferentes ocasiões e maneiras, cortes, modelos e lavagens, conquistando desde celebridades até pessoas comuns. E quanto mais usada, mais gostosa e fácil de usar a calça fica!

(Agora mesmo, enquanto escrevia esse artigo que você está lendo, estou usando uma das minhas surradas calças jeans!)

Ouça também o podcast com o Pe. Inácio Medeiros, C.Ss.R.

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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Por Redação A12, em Mundo

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