Por Mariana Mascarenhas - Redação A12 Em Redação A12 Atualizada em 24 JUL 2019 - 14H27

Quando a mentira atrai mais do que a realidade

Henryk Ditze/ Shutterstock
Henryk Ditze/ Shutterstock


Uma pesquisa divulgada pelo Kantar Media em 2018, constatou que as mídias sociais são a fonte de notícias com menor confiança do público: apenas 33% de aprovação. Apesar disso, em 2016, uma pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT) ressaltou que as informações falsas, as chamadas fake news, têm 70% mais chance de viralizar que as notícias verdadeiras.

Assim, embora muitos não confiem nas redes sociais, simplesmente repassam aquilo que recebem, apesar de não estarem certos de sua veracidade, nem ao menos de saber seu conteúdo. É o que afirma o resultado de outra pesquisa, também de 2016, divulgada pelo Instituto Nacional da França, segundo a qual 59% dos links compartilhados no Twitter não foram sequer clicados.

Leia MaisAparecida Debate: fake newsFake News: Veja quatro conselhos do Papa e se livre delasE o que faz alguém compartilhar algo, mesmo duvidoso de sua veracidade, ou ainda, certo de que se trata de uma mentira?

Vivemos um momento de intensa polarização na sociedade, o que intensifica discussões calorosas, especialmente nas redes sociais. Diante disso, muitos, na obsessão de estarem sempre certos, não estão abertos a ouvir o outro, mas apenas a rebatê-lo. Para isso, vale tudo, como compartilhar informações falsas. Cientes disso, muitos produtores de conteúdos elaboram fake news baseadas naquilo que determinado público acredita, dando-lhes a falsa sensação de detentores da razão.

Outra questão importante a ser considerada é que, tratando-se ou não de informações falsas, toda e qualquer notícia divulgada jamais será uma representação do fato ocorrido, pois há uma série de fatores a serem considerados, como a intenção de quem divulga a informação, o olhar de quem apurou a notícia, as estratégias de manipulação, entre outros fatores.

Todavia, embora sejam constatações óbvias, muitas vezes, nos esquecemos de tudo isso diante da nossa ‘ânsia’ em acreditar naquilo que é compartilhado. O mesmo ocorre com a fotografia, que é ainda mais difícil de ser desmascarada, pois trata-se de uma imagem. No entanto, da mesma forma que o escritor coloca suas impressões no texto, mesmo que implicitamente, o fotógrafo traz para a imagem registrada suas intenções e, assim, o público nunca terá contato com a realidade em si.

Georgejmclittle/ Shutterstock
Georgejmclittle/ Shutterstock


Mas engana-se quem pensa que fake news são algo da contemporaneidade, afinal a propagação de informações falsas ocorre desde os primórdios da humanidade. É evidente que a repercussão de tais informações possuía um alcance muito menor. Todavia, elas ganhavam força à medida que eram impulsionadas pelo chamado efeito latente. Assim, eu vou repetindo uma mentira até que ela se torne verdade. Por isso, uma simples legenda numa foto não é uma simples legenda. Afinal, se eu quero atrair o receptor para a imagem, eu preciso rotulá-la com a verdade que eu quero, utilizando a linguagem do público.

Percebe-se, dessa maneira, que conter a propagação de fake news é uma tarefa cada vez mais difícil, pois não se trata apenas de ser enganado, mas de querer acreditar e compartilhar a informação falsa, mesmo ciente de sua inverdade.

Escrito por
Mariana Mascarenhas
Mariana Mascarenhas - Redação A12

Jornalista e Mestra em Ciências Humanas. Atua como Assessora de Comunicação e como Articulista de Mídias Sociais, economia e cultura.

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