Revista de Aparecida

A diferença entre o culto à Virgem Maria e culto aos Santos

Escrito por Academia Marial

01 NOV 2023 - 00H05 (Atualizada em 01 NOV 2023 - 17H08)

Lorenzo Monaco - Wikimedia Commons

Por Pe. Rafael Augusto Linhares Pinto

A reflexão sobre a forma de culto à Virgem Maria está sempre vinculada ao próprio Cristo e à comunhão de participação da vida, isto é, dos mistérios, e da missão do Filho de Deus. A Virgem Maria, mais do que todos os seres humanos, santos e anjos do Céu, participa de uma união profunda da vida e da missão de Cristo, e é por isso que a Igreja, desde tempos antigos, conserva uma devoção e culto particular a ela.

A Tradição e o Magistério trazem para reflexão teológica e pastoral os termos Latria, Hiperdulia e Dulia. O termo latria significa adoração, culto dado somente a Deus; a hiperdulia significa veneração elevada ou acima da outras, que é dado à Virgem Maria; e o culto de dulia que significa veneração. Assim, para formar melhor a consciência do povo de Deus e conduzi-lo à prática da verdadeira fé, a Igreja vai nos proporcionar a reflexão sobre essa hierarquia de valores.

Essa concepção de diferença entre o culto dado à Virgem Maria e ao dado aos santos não é uma reflexão unicamente gradativa, que busca tornar um mais elevado que o outro, ou um melhor que o outro; mas é uma reflexão vinculada à justiça, que dá a cada ‘um’ o que lhe é devido, buscando reconhecer não méritos e privilégios, mas sim a participação de cada um na história da salvação da humanidade, a obra que o próprio Deus realizou em cada um deles, e também a capacidade de refletir da luz de Cristo, aquele que é a “imagem do Deus invisível” (Cl 1,15). Dessa forma, por Maria ter sido preservada do pecado, tendo sido nela conservada a imagem e semelhança da qual o ser humano foi criado, ela é aquela que mais perfeitamente expressa e reflete a imagem de Deus, ou seja, ela é aquela que mais manifesta Cristo ao mundo, por esse motivo, que à Virgem Maria é necessário, por justiça, elevar um culto particular, pois dentre os seres humanos, mesmo ela sendo humana como nós, não há nenhum outro que se iguala a ela.

Dessa forma, o culto de hiperdulia dado à Virgem Maria é uma exaltação do próprio Deus que realizou pelo seu próprio poder e força essa obra prima que é Mãe de seu Filho. Maria, como ninguém, é o exemplo humano mais próximo de Deus, que nos é dado pelo próprio Filho de Deus na Cruz: “Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: Mulher, eis o teu filho! Depois disse ao discípulo: eis a tua mãe!” (Jo 19,26-27). Maria é entregue, pelo próprio Cristo, a cada cristão como mãe, para que cada cristão pudesse se assemelhar mais ainda a ele, tendo Maria como mãe nesta terra. A devoção e reverência a Maria, precisam necessariamente ser diferentes das dos santos e anjos, e isso não é por um simples devocionismo, mas por pura justiça e gratidão, pois ela é o reflexo da perfeição da criação de Deus, refletindo a verdade da natureza humana, a bondade e beleza da obra feita pelas mãos do próprio Deus.


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