Fachada Leste: Por Ele todas as coisas foram feitas
Por Wilma Tommaso – Doutora em Ciência da Religião
Thiago Leon
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A Fachada Leste, a terceira fachada do Basílica de Aparecida, é dedicada ao Mistério da Criação do céu, da terra e de tudo o que existe. O conhecimento da Criação para os cristãos é uma experiência, não uma teoria. O cristão conhece o Cosmo concretamente, por meio dos sacramentos e da liturgia. Saindo das águas batismais o cristão conhece a água, na Eucaristia não só se conhecem os frutos da terra -- o trigo e a vinha --, mas também o sentido do trabalho. 


1 Transfiguração do Senhor sobre o Monte Tabor com Santa Sofia (Lc 9,28b-36)

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A Transfiguração acontece oito dias depois que Jesus confidenciou aos discípulos que devia “sofrer muito, ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar” (Lc 9,22). Jesus sabe que seus discípulos não aceitam a realidade da cruz e da morte, então quer prepará-los para que saibam que este é o caminho pelo qual Deus Pai fará chegar à Glória o seu Filho, ressuscitando-O dentre os mortos. 

Cristo, verdadeiro Homem, mas Filho de Deus, é repleto de luz: a lei de Moisés e todas as profecias dos profetas, dos quais Elias é o representante, conduziram a isso. Quer dizer que a História da Salvação converge em Cristo.

A imagem também nos mostra os discípulos presentes: João contemplativo com o rolo do livro que manifesta o Apocalipse, que se soma como cumprimento da profecia dos profetas; Tiago cobre o rosto porque a luz que emana do Transfigurado é tão grande que o homem não pode olhá-la sem que dela participe; Pedro também não participa, se encontra embaixo, ao lado da Santa Sofia, a Sabedoria Divina. Atrás dele está o galo para recordar o pecado de ter negado Jesus três vezes.

A Santa Sofia

"E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom"
(Gn 1,31)

A Santa Sofia é aquela visão que Deus tem antes da criação do mundo, portanto pertence intimamente a Deus Pai.
“Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança” (Gn 1,26). O Pai cria o homem por meio do Filho (cf. Cl 1,16), primogênito de toda a Criação.

A visão do Pai ao criar o mundo, portanto, também pertence ao Filho, passa para a Criação e está presente na Criação. Toda a Criação é movida em direção aos novos céus e nova terra, em direção a Cristo morto e ressuscitado. Atrás de Cristo observa-se uma amêndoa de cor escura que significa que esse sol com essa terra passarão e emergirão em Cristo, verdadeira luz, a transfiguração da terra, da história, da humanidade.

A Santa Sofia é representada enquanto toca uma lira de 10 cordas. A santa Sabedoria move toda a criação em Cristo, onde aparecerá a Nova Criação e à qual se canta um cântico novo (cf. Sl 144,9). As dez cordas significam que dez realidades criadas por Deus, por meio de seu Filho, agora manifestam a plenitude da vida e a Glória de Deus. É o cântico do cumprimento de tudo em Cristo porque toda a criação aguarda a manifestação dos filhos de Deus, toda a criação aguarda a manifestação do Logos como uma sinfonia para ser libertada da escravidão da morte na qual foi colocada.

Da Transfiguração se estendem duas ondas de luz, uma à direita e outra à esquerda, de modo que seja ainda mais claro que as cenas da criação devem ser entendidas na visão da obra redentora que o Pai cumpre em seu Filho que se fez homem.


2
- Criação da Luz (Gn 1,3-4)

Thiago Leon
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“Deus disse: ‘Haja luz’, e houve luz” (Gn 1,3)

A imagem retoma três histórias da Sagrada Escritura. O Gênesis e duas passagens do Evangelho de João (Jo 3,1ss. e 9,1ss.).
Nicodemos era um fariseu conhecedor da tradição da aliança e da lei mosaica, mas estava aberto e desejoso de conhecer Cristo. Encontra Jesus à noite, dizendo-lhe que ninguém pode cumprir os sinais que Ele cumpre se Deus não estiver com ele, por isso sabe que Jesus é um Mestre (Jo 3,2).

Cristo responde a Nicodemos que para ver é necessário olhar de forma diferente, é preciso nascer de novo, referindo-se ao batismo, mas Nicodemos não entende. Na imagem, Nicodemos tem uma lâmpada na mão, justamente para mostrar seu esforço em ver Cristo, porque o encontra à noite. Mas na Transfiguração vimos Cristo, Filho de Deus – vivendo a vida divina da filiação que é Zoé, que é a Luz. Nicodemos vai ao encontro de Jesus à noite e leva uma lâmpada, mas a luz que vem de fora não ilumina.

Cristo é a luz do mundo, mas para ver essa luz, e ver a humanidade como uma lâmpada acesa, não basta sermos criados, mas gerados do alto. É necessário ser gerado pela água e pelo Espírito Santo. Na Eucaristia somos consanguíneos com o Cristo mais do que com nossos genitores, e por isso, regenerados pelo Espírito Santo em Cristo participamos da sua vida, aquela que é a luz. Só em Cristo nossa natureza humana pode manifestar a vida que é a luz.


O episódio do cego de nascença manifesta uma nova criação (Jo 9,1-38)

O homem foi criado da terra e do sopro de Deus Pai, por meio de seu Filho. Agora Cristo faz lama com a saliva – para os antigos a saliva era a condensação do respiro – , portanto, justamente a água e o sopro de Cristo dão novamente a visão ao cego. Na imagem vemos o cego segurar a lama nas mãos enquanto Cristo lhe abre os olhos. O cego vê e a partir daí a nova criação em Cristo.

Na verdade, essa passagem se conclui com a pergunta: “‘Crês no Filho do homem?’. Ele respondeu: ‘Quem é, Senhor, para que eu nele creia?’. Jesus lhe disse: ‘Tu o vês, é quem fala contigo’. Exclamou ele: ‘Creio, Senhor!’. E prostrou-se diante dele” (Jo 9,35-38).


3 - Criação do Firmamento e a Separação das Águas (Gn 1,6-8)

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“Deus disse: ‘haja um firmamento no meio das águas e que ele separe as águas das águas’” (Gn 1,6).

O que Deus viu de bom enquanto criava (cf. Gn 1,4.10.12.18.21) não se consegue transmitir adiante, ninguém o comunica. Só temos a visão da criação na sua verdade na perspectiva da Salvação, da Redenção, na ótica do corpo de Cristo ressuscitado que contém os novos céus e a nova terra.

O mosaico nos mostra a tempestade no Lago de Tiberíades (Mc 4,35-41), o mar agitado, os discípulos dominados pelo medo, Cristo dorme, mas mantém sua mão sobre o timão. A imagem é extremamente significativa: mesmo quando o mal agita o Cosmo, a Criação, por causa do pecado do homem, a direção é de qualquer forma garantida, pelo Corpo de Cristo, morto e Ressuscitado.

O Corpo de Cristo é a Igreja. A Verdade na sua Nova Criação nos é revelada nos sacramentos, para vivermos a nova vida enxertados em Cristo.

Observamos que um discípulo se coloca em oração, levantando as mãos de modo orante, chamando Jesus, mesmo assim os discípulos estão preocupados consigo mesmos. Cristo desperta do seu sono e realiza o exorcismo no Cosmos, de forma que acontece uma grande calmaria. Logo após, Jesus repreende seus discípulos pela pouca fé, isto é, pelo pouco acolhimento e pouca confiança n’Ele (cf. 4,38-40).

4 - Criação da Terra Firme e do Mar (Gn 1,9-13)

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Deus disse: “que as águas que estão sob o céu se reúnam num só lugar e que apareça o continente” (Gn 1,9).

No terceiro dia, separando as águas da terra, Deus também ordena à terra produzir brotos, ervas que deem semente e árvores frutíferas, segundo sua espécie. O mosaico nos apresenta a multiplicação dos pães.

Um menino oferta cinco pães. Qual o significado dessa oferta (cf. Jo 6,1-11)? Tudo aquilo que se entrega a Cristo muda de qualidade e de quantidade. De fato, do grão não se vive, é necessária a farinha, a água, e é necessário o fogo. Tudo isso deve entrar em Cristo e na sua Páscoa. O pão oferecido a Cristo na Eucaristia se torna alimento para a vida eterna. Nós vivemos a Criação de modo litúrgico, eucarístico, a Nova Criação.


5 - Criação das Fontes de Luz. Sol e Lua (Gn 1,14-19)

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Deus
 disse: “Que haja luzeiros no firmamento do céu para separar o dia e a noite; que eles sirvam de sinais, tanto para as festas quanto para os dias e os anos; que sejam luzeiros no firmamento do céu para iluminar a terra” (Gn 1,14-15).

O sol e a lua de alguma forma representam o tempo. O tempo marca o envelhecimento, ao nascer o homem começa a caminhar para a morte, que põe fim a tudo o que se tem, tudo o que se viveu. A morte cancela tudo.

O episódio escolhido para ilustrar o mosaico fala dos dois discípulos de Emaús que depois de terem ouvido, ou talvez, terem visto de longe a crucificação de Cristo estão convencidos de que seu Mestre morreu, tudo acabou. Com essa mentalidade, o próprio Cristo ressuscitado se aproxima dos dois viajantes, mas eles não O reconhecem.

O mosaico apresenta Cristo que estende o pergaminho do livro em que há uma imagem d’Ele crucificado, mas com os olhos abertos, porque a morte não tem poder sobre Cristo. Sua divindade se expressa na morte e, portanto, sai das coordenadas do tempo e mostra que o dom de si mesmo como amor ágape destrói a morte, porque em vez de ser o fim de tudo, na morte Cristo manifesta como que o início da verdadeira vida do homem na filiação, nasce a nova humanidade, somos herdeiros do Reino, somos filhos de Deus.


6 - Criação dos Peixes e dos Pássaros (Gn 1,20-23)

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“Deus disse: “Fervilhem as águas um fervilhar de seres vivos e que as aves voem acima da terra, sob o firmamento do céu” (Gn 1,20).

Os peixes vivem na água e morrem fora dela. Na Sagrada Escritura, o mar representa um mundo escuro, impenetrável e, portanto, inacessível, cheio de monstros marinhos e coisas que se movem na água. O mar suscita medo, no entanto até mesmo o mar e seus habitantes são destinados a dar glória a Deus (cf. Dn 3,79).

Pelo Batismo, Cristo nos pesca e nos salva das águas escuras do mal, colocando-nos na Jerusalém celeste, onde o mar é cristalino (Ap 15,2). Se antes éramos criados, agora somos gerados da Jerusalém celeste, que é livre e é a Mãe de todos nós (cf. Gl 4,26).

Para a imagem da criação dos peixes, apresenta-se a “pesca milagrosa” (Jo 21,1-25) que narra o episódio em que Pedro salta do barco com a rede cheia de peixes, reconhecendo na praia o Cristo ressuscitado que já está esperando com o peixe no fogo. Os antigos cristãos reconheceram no peixe o símbolo de Cristo, servindo-se da palavra grega Ichthys (ιχθύς) para exprimir o acróstico “Jesus Cristo Filho de Deus Salvador”.

A rede cheia de peixes significa a Igreja, a nova humanidade que vive a natureza humana com ágape, em comunhão com Deus, Pai, Filho e Espírito Santo e com todos os irmãos e irmãs, porque “aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo” (Jo 17,24). “Eu neles e vós em mim, para que sejam perfeitos na unidade” (Jo 17,23).

Pedro leva a rede para a outra margem onde está o ressuscitado. Essa é a meta, o cumprimento, chegar ao Reino, à Jerusalém celeste. A troca de peixes, um vermelho e um azul, expressa exatamente esse mistério. O verdadeiro significado da existência é cumprido: o homem participa plenamente da divina humanidade.


7 - Criação de Adão e Eva (Gn 1,26 - 2,24)

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Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança, e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra” (Gn 1,26).

O homem foi criado a partir de todo o material dos primeiros seis dias da Criação, mas de um modo diferente. Deus moldou o material dos seis dias e sopra Seu Espírito que é Sua própria Vida. O homem recebe o sopro pessoal de Deus, isso significa que o homem não é simplesmente um corpo de material como as outras criaturas vivas, mas é feito à imagem de Deus, seu corpo está destinado à gloria.

No mosaico observa-se que no cinturão do Pai está o Cordeiro com o Alfa e o Ômega. Adão e Eva estão voltados um para o outro e ambos se voltam a Deus, que está vestido com um manto que é glória (cf. Ez 16), ou seja, a Sua manifestação. Com essa vestimenta, as criaturas dos primeiros dias expressam a beleza da Criação, formando quase uma decoração.

O rosto de Adão remete ao rosto de Cristo, e ele aponta para a ferida do seu peito pela sua costela removida. Essa imagem — de Adão que vai em busca da sua costela e Eva que está retornando ao lugar de onde ela foi tirada —, se refere a Cristo como a nova humanidade.

Na criação de Adão e Eva, o Pai cria contemplando o Filho e, assim, já prenuncia aquilo que será o cumprimento do homem no novo Adão, o Cristo.
Eva já prefigura a Igreja, ou seja, a humanidade, que acolhendo Cristo com o batismo passa a fazer parte e, assim, retorna ao lugar de onde foi tirada. O homem foi criado enquanto o Pai contempla o Filho e a humanidade retorna à filiação, como filhos de Deus.



8 - A Tentação de Adão e Eva (Gn 3,1-6)

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Mas a serpente disse à mulher: ‘Não, não morrereis! Mas Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão e vós sereis como deuses, versados no bem e no mal” (Gn 3,4-5).

O mosaico nos mostra Eva dialogando com a serpente que lhe apresenta Deus como alguém poderoso, mesquinho, que possui e quer tudo só para si mesmo. Um deus ciumento de suas criaturas, de suas árvores, ou seja, de si mesmo. É no coração da árvore do conhecimento do bem e do mal que a serpente, com sua cauda, manifesta a mão, como se fosse um deus, cheia dos frutos da terra. Observem que a mão está sobre um trono, cujo significado é o poder, como se o conhecimento do bem e do mal colocasse um poder na mão. No entanto, a questão é que esse conhecimento é separado da vida, é separado da árvore da vida e, portanto, não leva à vida, mas à morte.

Ao serem criados, Adão e Eva estavam revestidos pela glória de Deus, agora Eva escuta segurando a cabeça da serpente perto de seu ouvido, e isso se torna sua auréola apagada. Adão começa a estender sua mão gananciosa para a criação a fim de entrar e possuir poder. As auréolas se escurecem, tudo fica escuro e a vida que é luz se apaga, porque eles mudaram o olhar que antes era voltado a Deus, fonte da vida, enfim, mudaram a relação de sua existência.


9 - Perceberam que estavam nus (Gn 3,7-8)

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“Então abriram-se os olhos dos dois e perceberam que estavam nus; entrelaçaram folhas de figueira e se cingiram”
(Gn 3,7).

Na criação de Adão e Eva contemplamos um voltado ao outro e ambos voltados para Deus, fonte da vida, e estavam revestidos por sua glória. Estavam em comunhão, porque Deus é amor.

No mosaico vemos exatamente o oposto, estão nus, aceitaram o engano e perceberam que a criação separada de Deus é incapaz de lhe dar a vida. No lugar de Deus encontra-se a árvore para dizer que o homem substituiu definitivamente o interlocutor de sua existência. Antes, a vida em Deus os acolhia como luz, como amor, como comunhão; depois do engano, percebem que a criação separada de Deus é incapaz de lhe dar a vida. Contrariamente, a árvore se torna o princípio da separação. A árvore está morrendo, as cores estão ficando acinzentadas, e eles se alimentam dela, portanto, se a árvore morrer, ao comer seu fruto eles também morrerão.

O umbigo aparece como uma ferida, lembrando-os de que eles não têm mais a fonte da vida, porque se desvincularam de Deus, portanto sabem agora que morrerão.

Adão e Eva estão virados de costas para o céu e para a árvore e com os rostos voltados para si mesmos, o que significa o fechamento total. Sob os pés, mesmo que eles se apoiem sobre uma pedra, abre-se um abismo de escuridão e noite. Pode-se ver esse precipício que é a boca escancarada da mansão dos mortos. E no fundo da boca do Xeol (Mansão dos Mortos) se vê o mesmo trono que a serpente estava segurando anteriormente no centro da árvore. O trono é imagem do poder que a serpente prometia e que o homem pensou em obter da criação. Agora, porém, se manifesta o poder da morte e o diabo tem seu poder precisamente da morte (Hb 2,14).


10 - A terra oferecida ao homem como domicílio agora é sepultura (Gn 3,9-17)

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"Maldito seja o solo por causa de ti!"
(Gn 3,17)

Esse mosaico nos mostra que a terra não é mais o jardim extraordinário em que Deus o colocou para ser seu guardião. De fato, o Senhor preparou cuidadosamente toda a criação precisamente para colocar o homem, rei e senhor de tudo o que foi criado na terra para governar e servir. Em vez disso, o pecado mudou o cenário. Ao invés de servir, o homem quer consumir e explorar, mas começa a experimentar a terra como algo hostil, que não favorece a existência -
"Maldito seja o solo por sua causa!" (Gn 3,17). Essa imagem nos apresenta uma outra consequência, a inimizade de Adão com os animais ferozes porque também a sua natureza mudou com o pecado do homem.

Antes, a vida na terra era o domicílio frutífero e saboroso, agora, porém, será de trabalhos forçados a caminho da morte. O homem começa a vivenciar a terra como a sepultura.
“Tu és pó e ao pó voltarás” (Gn 3,19).

O Senhor Deus fez para o Homem e sua Mulher túnicas de pele, e os vestiu (Gn 3,21-22)

Deus vê a fragilidade do homem, então o reveste com túnicas de peles de animais, para protegê-lo em sua vulnerabilidade. No mosaico vemos que com uma mão Deus reveste Adão e Eva com túnicas de pele de animal. A morte entrou na natureza como o fim de tudo, e o homem fará de tudo para evitá-la. Mas não há como superar a morte.

Em seus desígnios, Deus não abandona o homem, por isso, com a outra mão o Pai, segura o rolo do livro, isto é, a Palavra pela qual criou o mundo. E olhando para o Verbo, seu Filho, criou o homem. Aqui vemos a imagem do Filho no batismo no Jordão. Cristo se despiu de sua veste e a deixou no Jordão para que o homem, por meio do batismo na água e no Espírito Santo, possa se revestir com as vestes da salvação.

Adão receberá novamente sua veste, aquela de Cristo, Filho de Deus. De fato, Paulo nos afirma que todos os que foram batizados foram revestidos de Cristo (cf. Gl 3,27).

11 - Maldita seja a terra por tua causa (Gn 3,17-19 . 23-24)

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Com sofrimentos dele te nutrirás todos os dias de tua vida. Ele produzirá para ti espinhos e cardos, e comerás a erva dos campos. Com o suor de teu rosto comerás teu pão até que retornes ao solo, pois dele foste tirado. Pois tu és pó e ao pó tornarás!” (Gn 3,17-19).

Com o pecado, desvinculado da fonte da vida que é Deus, o homem se submete às necessidades e às demandas de sua natureza. O trabalho se torna uma espécie de penitência, um tipo de punição.

A mulher permanece marcada pela dor do parto. “Multiplicarei as dores de tuas gravidezes, na dor darás à luz filhos” (Gn 3,16). No mosaico ela é apresentada com a criança, ela dá à luz, mas seu filho já caminha para a morte. Com o novelo nas mãos e uma cesta ao lado ela denota o cansaço ligado ao trabalho, à sobrevivência.

O homem está todo curvado sobre a terra e os túmulos já podem ser vislumbrados, com a cor preta, onde tudo se apaga, tudo acaba. 
Vemos também um querubim com a espada do juízo que os mantém fora do Paraíso, mas essa espada do juízo caiu sobre Cristo e a morte do Cordeiro de Deus abre novamente as portas do céu.

12 - Oferta de Caim e de Abel (Gn 4,1-7)

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“Foi pela fé que Abel ofereceu a Deus sacrifício melhor que o de Caim. Graças a ela foi declarado justo, e Deus apresentou o testemunho dos seus dons. Graças a ela, mesmo depois de morto, ainda fala!”
(Hb 11,4).

Os irmãos, Caim e Abel, fazem a Deus a oferta do fruto de seu trabalho: Abel, que era pastor, oferece um cordeiro; Caim, que cultivava o solo, oferece o que havia produzido. O que torna as ofertas deles mais ou menos agradáveis a Deus não são os produtos ofertados, mas o modo com que eles fazem a oferta. Caim está de cabeça para baixo, posição que mostra que ele foi seduzido pelo diabo, ele quer possuir e dominar, então fecha uma das mãos mantendo parte para si mesmo. Dominado pelo ciúme e pela inveja de seu irmão está envolto no mal, ou seja, na escuridão, enquanto Abel está envolto na luz. De fato, a oferta de Abel agradou a Deus pela fé, ou seja, pela entrega total, ele está com as duas mãos abertas: Abel não faz uma oferta, Abel vive a vida que se realiza como oferta. Em Abel, a fé opera e faz dele a imagem do Cordeiro, aquele Cordeiro que já se vislumbra na Fachada Norte, mas que se cumpre na Fachada Sul. Ou seja, Cristo e a sua Páscoa.


13 - O Dilúvio Universal (Gn 6,5-7 . 7,17-24)

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“Com efeito, como naqueles dias que precederam o dilúvio, estavam eles comendo, bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e não perceberam nada até que veio o dilúvio e os levou a todos. Assim acontecerá na Vinda do Filho do Homem”
(Mt 24,38-39).

Deus deixa que as águas, que havia separado, se unam novamente, pois viu que a maldade do homem era grande sobre a terra, e que era continuamente mau todo desígnio de seu coração (cf. Gn 6,5-6). O mal tinha dominado toda a criação pelo medo da morte, que faz o homem querer possuir, ter poder, leva ao egoísmo e à busca do prazer para tentar amenizar a dor e o sofrimento. A relação com Deus tinha sido perdida e o sentido que o homem criou para sua vida não se sustenta. O homem foi submerso pelas águas porque não era mais capaz de ver além da própria vontade envenenada pelo mal.


14 - Noé planta a vinha (Gn 9,20)

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“Noé, o cultivador, começou a plantar a vinha”
(Gn 9,20)

Depois do dilúvio universal Noé, que era agricultor, começou a plantar a vinha. Nasce de novo a relação entre Deus, o homem e a terra, vivida no amor. E é essa relação o sentido da própria criação – viver no amor com Deus. A vinha e o cálice que envolvem a cena nos fazem lembrar das bodas de Caná da Galileia (Jo 2), o princípio dos sinais de Cristo que anuncia, na última ceia, que o seu sangue será o cálice da nova aliança (Mt 26,26-29), (Mc 14,22-25), (Lc 22,19-20). Ou seja, da nova e plena relação do homem com Deus, de sermos seus filhos, em Cristo.

15 - A torre de Babel (Gn 11,1-9)

Thiago Leon
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“Vinde! Façamos tijolos e cozamo-los ao fogo! [...] Vinde! Construamos uma cidade e uma torre cujo ápice penetre os céus! Façamo-nos um nome e não sejamos dispersos sobre toda a terra” (Gn 11,3-4)

Vemos a construção da torre de Babel, com tijolos que são carregados para cima, que chegam até o cálice onde está Noé. O homem quer chegar aos céus, quer chegar a Deus, mas exprime o total individualismo. É por isso que não vemos os seus rostos, porque o verdadeiro motivo dessa construção é a busca pelo poder e pela autoafirmação. A relação entre Deus, o homem e a criação no amor foi perdida. No orgulho de chegar a Deus o homem rompe a comunhão. A competição entre os trabalhadores faz surgir a incompreensão e a confusão, na forma da criação de diversas línguas e dos pés virados, porque já não sabem mais para onde ir.

16 - O encontro em Mambré (Gn 18,1-19)

Thiago Leon
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“Iahweh apareceu no Carvalho de Mambré, quando ele estava sentado na entrada da tenda, no maior calor do dia” (Gn 18,1)

Segundo a tradição, o encontro de Abraão com os três homens em Mambré é o encontro de Abraão com o próprio Deus, em suas três pessoas, ou seja, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. À esquerda o Espírito Santo, em branco, que move tudo em direção ao Filho e está abençoando e consagrando as ofertas; no centro o Filho, divino humano, portanto, vermelho e azul e indica a ferida do lado; à direita o Pai, em vermelho, que acolhe tudo e do qual tudo provém e ao qual tudo retorna. Abraão não sabia que era o próprio Deus, mas acolhe, prepara um banquete com a ajuda de Sara, e nesse gesto demonstra que amadureceu na fé. “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque graças a ela alguns, sem saber, acolheram anjos” (Hb 13,2). Só quando somos acolhedores nos tornamos fecundos e criativos, e é por isso que vemos já Isaac, o filho prometido já na velhice, nas asas de Deus Pai.


17 - Caim mata Abel (Gn 4,8-16)

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“Que fizeste! Ouço o sangue de teu irmão, do solo, clamar para mim! Agora, és maldito e expulso do solo fértil que abriu a boca para receber de tua mão o sangue de teu irmão. Ainda que cultives o solo, ele não te dará mais seu produto: serás um fugitivo errante sobre a terra” (Gn 4,10-12)

A inveja e o ciúme fazem com que Caim mate seu irmão Abel. A cena mostra Abel morto sobre o altar, que do outro lado, quando os irmãos faziam suas ofertas, era onde ele tinha imolado o cordeiro. Assim Abel se torna a imagem do cordeiro e, portanto, imagem de Cristo – está imerso na luz. Já Caim corre em direção à escuridão e à morte, ao vazio que se abre sob seus pés, com o enorme peso da culpa que carregará consigo até o sepulcro.


18 - A arca de Noé (Gn 6,9-7,24)

Thiago Leon
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O Senhor disse a Noé: “Entra na arca, tu e toda a tua família, porque és o único justo que vejo diante de mim no meio desta geração”
(Gn 7,1).

A arca de Noé é um ponto de vida em meio ao dilúvio. As águas que submergiram praticamente toda a criação na morte, não a destruíram, pois Deus salvou a criação por meio da arca, Ele é o Senhor da vida. Por meio de Noé e de sua arca se inicia uma nova página da própria criação, que sabe que a meta é a outra margem, onde está Cristo. De fato, a arca está indo em direção às ondas de luz que brotam da oferta de Abel e em direção a Cristo, na parte frontal da fachada leste.


19 - Saída da arca (Gn 8,1-19)

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“Deus lembrou-se então de Noé e de todas as feras e de todos os animais domésticos que estavam com ele na arca; Deus fez passar um vento sobre a terra, e as águas baixaram” (Gn 8,1).

A arca parece ter saído de uma onda de luz, e agora, em terra firme, se abre para a saída dos homens e dos animais em direção a uma nova vida. A porta da qual estão saindo tem a forma da ferida do lado de Cristo. É a imagem que lembra a dimensão de uma nova criação, e por isso se liga com a criação de Adão e Eva na parte frontal da fachada. Os casais que saem da arca estão unidos porque, de fato, se encontraram no amor de Deus que os salvou. Assim como na cena da criação Adão e Eva vão um em direção ao outro e se encontram em Deus. É a imagem da aliança tendo o arco na nuvem como sinal.


20 - Sai da tua terra (Gn 12,1-5)

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O Senhor disse a Abraão: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que te mostrarei. Eu farei de ti um grande povo, eu te abençoarei, engrandecerei teu nome; sê uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem, amaldiçoarei os que te amaldiçoarem. Por ti serão benditos todos os clãs da terra”
(Gn 12,1-3).

Essa cena retrata a vocação de Abraão, o chamado de Deus para deixar sua terra a sua família e caminhar com Ele. Por isso vemos, ao fundo, a tenda de seus pais. Abraão se põe a caminho em relação, em diálogo com Deus. É o primeiro passo da humanidade para recuperar uma existência baseada na relação com Deus. Abraão acolhe as indicações de Deus e carrega no manto todos os povos que serão benditos por causa dele. Sara, ao seu lado, está voltada para ele, e ele para Deus. “Eu te mostrarei” diz o Senhor, ou seja, Deus quer dizer a Abraão que estará com ele.


21 - O sacrifício de Isaac (Gn 22,1-18)

Thiago Leon
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“‘Meu Pai!’ Ele respondeu: ‘Sim, meu filho!’ – ‘Eis o fogo e a lenha’, retomou ele, ‘mas onde está o cordeiro para o holocausto?’ Abraão respondeu: ‘É Deus quem proverá o cordeiro para o holocausto, meu filho’. E foram-se os dois juntos” (
Gn 22,7-8)

Em Mambré, do outro lado da fachada, Deus prometeu um filho a Abraão, Isaac, que foi muito desejado e esperado. Mas agora pede para oferecê-lo em sacrifício. Abraão já tinha se confiado plenamente a Deus e, por isso, se encaminha para o local do sacrifício com a certeza de que Deus proverá – como o fez. Deus se faz ouvir e mostra um cordeiro preso num arbusto, que Abraão oferece em holocausto em vez do seu filho. O único sacrifício foi o de Nosso Senhor Jesus Cristo, o cordeiro imolado, que nos deu a vida eterna.


22 - Parte interna da Fachada

Thiago Leon
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À frente da arcada da Fachada Leste, observa-se o mosaico nas duas colunas da entrada da Basílica, que praticamente desenha os capitéis. No primeiro capitel, à esquerda, está escrito Ômega e à direta Alfa. O fim que é Ômega no início, por quê? Porque essa linguagem, essa palavra que é Cristo, só pode ser compreendida a partir do fim. Só entendemos a Criação pela Redenção.

Sobre os capitéis vemos peixes que já aparecem na fachada, mas aqui nos remetem imediatamente à graça de Aparecida, à graça que Deus deu por meio da Mãe venerada em Aparecida.

Ao centro, um pergaminho estendido do vitral ao arco dos capitéis: a Palavra se fez visível e nós vemos o Filho de Deus com as mãos abertas apontando para baixo porque por meio d’Ele o mundo está se criando, mas o Filho tem o olhar voltado para o Pai. E sob as suas mãos se encontra o Espírito Santo que paira sobre as águas.

Abaixo do vitral está escrito em vermelho o versículo do evangelho de João que completa o início de Gênesis:
“No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus” (Jo 1,1). Em seguida, em letras douradas, um trecho da Carta aos Colossenses que nos diz exatamente o que contemplamos na fachada: “Ele é a imagem do Deus invisível, Primogênito de toda criatura, pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis: majestades, domínios, soberanias e autoridades: tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas; o universo é mantido por ele. Ele é também a Cabeça do Corpo, que é a Igreja. Ele é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para ter em tudo a primazia” (Cl 1,15-18).

Ao longo de toda a arcada a partir de baixo, à esquerda, passando pelo ponto mais alto e descendo pela direita até embaixo lemos a continuação da carta aos Colossenses:
“pois nele aprove a Deus fazer habitar toda a Plenitude e reconciliar por ele e para ele todos os seres, os da terra e os dos céus, realizando a paz pelo sangue da sua cruz” (1,19-20) e em seguida se completa com a carta aos Efésios: “Tudo ele pôs debaixo dos seus pés, e o pôs, acima de tudo, como Cabeça da Igreja, que é o seu Corpo: a plenitude daquele que plenifica tudo em tudo” (1,22-23).

Essa palavra escrita mostra que no sacrifício de Cristo, por meio de seu sangue derramado na Cruz, foi realizada uma pacificação universal, não há mais separação nem mesmo entre as coisas do céu e as coisas da terra.


23 - A Mão do Pai (Jo 3,16)

Thiago Leon
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No alto, no ângulo à direita da Jerusalém celeste que desce, encontramos a mão de Deus Pai – que vimos anteriormente, o Filho volta seu olhar –, o Verbo que existia antes da criação do mundo.

Desde o período mais antigo da arte cristã, a mão de Deus Pai está sempre totalmente aberta. A mão, manifestação da pessoa porque se conhece uma pessoa pelo que ela faz, por sua obra. A mão de Deus Pai está totalmente aberta, é um dom absoluto: Porque “Deus amou tanto o mundo, que entregou seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Tudo o que sai de Suas mãos é marcado pela relação com o Filho. 


24 - A Jerusalém Celeste (Ap 21,1-27)

Thiago Leon
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No alto, ao centro do interior do arco da Fachada Leste, está a Jerusalém celeste, a cidade que desce: “Vi então um céu novo e uma nova terra pois o primeiro céu e a primeira terra se foram, e o mar já não existe. Vi também descer do céu, de junto de Deus, a Cidade santa, uma Jerusalém nova, pronta como uma esposa que se enfeitou para seu marido. Nisso ouvi uma voz forte que, do trono, dizia: ‘Eis a tenda de Deus com os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo, e ele, Deus-com-eles, será o seu Deus” (Ap 21,1-3).

João vê o céu novo e a nova terra, Cristo morto e ressuscitado. E complementa:
“Vi também a Cidade santa”, como uma esposa que se enfeitou para seu marido. Os novos céus e a nova terra acolhem a Jerusalém celeste, que é a cidade da Aliança, imagem da humanidade redimida por Cristo, portanto, os novos céus e a nova terra são Cristo que acolhe a humanidade redimida.


25 - A Mulher Vestida de Sol (Ap 12,1-6)

Thiago Leon
Thiago Leon


O capítulo 12 do Apocalipse descreve um sinal grandioso que aparece no céu: “...uma Mulher vestida com sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas; estava grávida e gritava, entre as dores do parto, atormentada para dar à luz. Apareceu então outro sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres e sobre as cabeças sete diademas; sua cauda arrastava um terço das estrelas do céu, lançando-as para a terra. O Dragão postou-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho, tão logo nascesse. Ela deu à luz um filho, um varão, que regerá todas as nações com cetro de ferro. Seu filho, porém, foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono, e a Mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe havia preparado um lugar em que fosse alimentada por mil duzentos e sessenta dias” (Ap 12,1-6).

Essa passagem revela o mistério do nascimento de Cristo, como verdadeiro Homem, aos batizados em Cristo Jesus. Na Bíblia, a mulher se completa pela maternidade física ou espiritual. Também simboliza a humanidade como esposa (Os 2,21-24) e Deus é o esposo fiel. 
A mulher está vestida de sol porque vestir-se quer dizer proteger-se. Mas não é apenas proteção, é também a manifestação de quem somos: “pois todos vós, que fostes batizados em Cristo, vos vestistes de Cristo” (Gl 3,27).

Ao pé da cruz, quando Maria, a mãe de Jesus, é levada por João, ela se torna a mãe da Igreja, a noiva que desce. Maria de Nazaré está vestida de sol, significa que também a Igreja está vestida de sol. Mas o sol é luz e Cristo diz: “Eu sou a luz” e na Transfiguração do Senhor a Sua face brilha como o sol.

A lua gerencia o tempo, o trabalho e a liturgia. 
Essa mulher, Maria, Mãe de Deus e da Igreja, está sobre o tempo e o domina, não depende do tempo porque já está envolvida pelo ressuscitado, na luz que não tem fim. A Igreja vive na história, mas tem suas raízes no céu. Os cristãos são como uma árvore de ponta cabeça, com a copa na terra e as raízes no céu.


26 - O Dragão com 7 cabeças e 10 chifres (Ap 12,3-12)

Thiago Leon
Thiago Leon


E aparece essa fera, esse dragão que tenta engolir a criança. Essa criança que nasce é Cristo, o pastor que pastoreará todas as nações.

O dragão é vermelho, a antiga serpente que ilude Adão e Eva com a promessa “sereis como deus”. O mal, o diabo, tornou-se grande, é um dragão enorme, aproveita-se do “eu”.

O Apocalipse mostra que o mal tem suas raízes no mundo espiritual. Acontece essa batalha e nós a colocamos no altar, a ofertamos na Eucaristia porque a mulher dá à luz e o filho é levado ao céu, a Igreja dá à luz homens e mulheres para o céu, para a Jerusalém celeste, para nossa Mãe (cf. Gl 4,26)


27 - Com a coroa de 12 estrelas, a Mulher é levada ao deserto (Ap 12,13-17)

Thiago Leon
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A mulher tem uma coroa de 12 estrelas que só nós vemos pois, as estrelas só podem ser vistas da terra, no céu elas não podem ser vistas. Ela não vê a coroa pois está vestida de sol, não precisa das estrelas, que são um reflexo do sol. Como estamos nas trevas da história, é na noite que vemos as estrelas. É na terrível provação da história que a Mãe de Deus permanece para nós como uma indicação, como um apoio em nosso caminho. Maria é para nós o sinal da esperança segura.

É na terrível provação da história que a Mãe de Deus permanece para nós como uma indicação, como um apoio em nosso caminho. Maria é para nós o sinal da esperança segura.

A Igreja gera para a eternidade, porque, caso contrário, ela geraria os filhos deste mundo e não os filhos da ressurreição. Os batizados são ressuscitados. A Igreja está onde está a Mãe de Cristo.

No céu, o dragão foi derrotado por Miguel, que o destrói. O mosaico nos apresenta Miguel com uma lança muito fina, mas com a força de Deus ele faz o dragão precipitar sobre a terra e a batalha é na terra. 
À frente do Dragão está o deserto, porque onde há o mal não há a vida. A mulher voa para o deserto, onde será provada, mas Deus proverá.

A mulher que é levada para o deserto é a imagem da Igreja, que nos oferece a cada eucaristia pão e vinho para nos fortalecer na batalha que continua contra o dragão e seus anjos. Mas o mal do mundo é vencido (cf. Jo 16,33). 
De fato, logo atrás desse mosaico da Mulher levada para o deserto está o sacrifício de Isaac, no qual, de fato, Abraão, pela fé, sabe que Deus proverá.

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Por Redação, em Revista de Aparecida

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