Uma celebração marcou a inauguração da Usina Solar São Francisco na manhã desta sexta-feira (11), em Aparecida (SP). O espaço, idealizado e construído pelo Santuário Nacional, vai gerar parte da energia consumida pelo complexo da Basílica de Aparecida, maior templo dedicado à Virgem Maria no mundo. A iniciativa celebra os 10 anos da Encíclica Laudato Si’ e os 800 anos do Cântico das Criaturas, escrito pelo santo que nomeia o local.
“Papa Francisco nos recorda que como ensina a Sagrada Escritura, a Terra pertence a Deus e todos nós vivemos nela como estrangeiros e hóspedes. Soma-se a isso a celebração dos 800 anos do Cântico das Criaturas, no qual São Francisco de Assis louvou a Deus pela beleza da Criação. Ao mesmo tempo, comemoramos os 10 anos da publicação da Carta Encíclica Laudato Si, que mais do que um ‘documento ecológico’, é um chamado a respeitar a criação com as suas leis internas, já que o Senhor fundou a terra com sabedoria”, descreve o ecônomo adjunto do Santuário Nacional, padre Adam Rapala.
Benção foi presidida pelo arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes
“Estamos diante de um grande abraço. O abraço do irmão Sol com a tecnologia, com a sabedoria humana”, afirma o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes.
“Todos juntos nos abraçamos corajosamente. Bispo, Santuário e Missionários Redentoristas. E esse foi um abraço de uma grande coragem”, complementa.
O prelado presidiu a cerimônia de bênção. Participaram também religiosos, além de colaboradores do Santuário e de empresas parceiras do projeto.
“Este não é apenas um ato técnico ou operacional, mas um gesto de fé, de esperança e de cuidado”, destaca o administrador-ecônomo do Santuário Nacional, padre Fábio Evaristo.
Dom Orlando Brandes abençoa a Usina São Francisco
A atividade integra a programação da 16ª Romaria da Família dos Devotos, que reúne fiéis que auxiliam, por meio de doações, a obra de evangelização do Santuário Nacional.
“A Família dos Devotos é aquela que cuida da Casa de Nossa Senhora como um todo, então também cuida do meio ambiente, cuida desta Casa, deste grande Santuário, que é a natureza”, explica o ecônomo.
“Toda a história de Nossa Senhora Aparecida está ligada à ecologia, à natureza. A própria Imagem foi feita de barro, da terra do qual também nós viemos, porque na origem da vida está sempre a graça e o poder de Deus. A imagenzinha de barro de Nossa Senhora foi tirada do fundo do rio Paraíba do Sul. Nesse contexto, o Santuário Nacional há muitos anos promove ações concretas ligadas à defesa e preservação da vida e da natureza”, recorda o reitor do Santuário Nacional, padre Eduardo Catalfo.
Mais de 12 mil placas solares compõem a Usina São Francisco
Tecnologia em favor da natureza
Durante a celebração, mais de 12 mil placas solares, de aproximadamente dois metros cada uma, foram acionadas. “Quanto mais irradiação solar esse material condutor receber, mais reações químicas vão acontecer e mais corrente elétrica sai da placa”, explica a engenheira eletricista, Rita Moraes.
Elas foram instaladas em uma área equivalente a 80.837,99m² da Fazenda São José, local escolhido para a implantação do projeto. A inclinação do terreno foi utilizada para garantir maior geração de energia, permitindo economia e sustentabilidade.
“Esse espaço que está bem próximo do Santuário, chamado Fazenda São José, está sendo aproveitado com esse intuito de servir de apoio para iniciativas relacionadas ao meio ambiente do Santuário Nacional”, explica o administrador.
O administrador-ecônomo do Santuário Nacional, padre Fábio Evaristo, diante das placas da Usina Solar
As placas fotovoltaicas, responsáveis pela captação da luz do sol, são ligadas a um sistema que envolve tecnologia de ponta. Por meio dele, será possível obter informações como potência, nível de geração em tempo real, além de dados sobre a Usina.
“Sabemos que essa técnica da produção de energia solar é algo que vem se consolidando nos últimos anos, então nós conseguimos aproveitar o aprimoramento desta técnica usando a tecnologia mais recente de inversores, placas solares e todo o recurso próprio de produção de energia. Usamos o que há de mais recente na produção de energia elétrica a partir da luz do sol”, detalha padre Fábio.
“Vamos de fato agradecer muito, muito, muito essa decisão tomada há anos atrás e que agora com tanta sabedoria, com tanta dificuldade, com tanta tecnologia, estamos oferecendo à natureza, ao mundo, à Igreja. Um exemplo de modernidade, mas também de sabedoria, confiando num mundo bem melhor, usando humanamente, sabiamente, a beleza da tecnologia. Como disse o Papa Leão XIV, a revolução tecnológica que está acontecendo aqui e agora”, comemorou Dom Orlando.
Momento de inauguração da Usina
Os primeiros estudos para a implantação do projeto se iniciaram a partir do segundo semestre de 2018. Após a verificação da viabilidade, os projetos técnicos foram iniciados em março de 2022 e seguiram até o término da construção, entregue neste mês. A construção da Usina faz parte dos esforços realizados pelo Santuário Nacional pela preservação da Casa Comum.
“A Usina Fotovoltaica está totalmente inserida no projeto de preservação da Casa Comum, pois é uma fonte de energia limpa e renovável. Através desta fonte de energia, a solar, o Santuário reduz a dependência de combustíveis fósseis, e, consequentemente a emissão de gases do efeito estufa, como por exemplo a emissão de CO₂, principal gás responsável pelo aquecimento global”, afirma a gerente de Conservação do Santuário Nacional, Ana Luísa Taschetto.
“Quando comparadas a fontes como hidrelétricas e termelétricas, que necessitam de grandes áreas e recursos para sua utilização, a energia solar pode ser utilizada a partir de uma única placa conectada por cabos aos aparelhos que serão energizados. O impacto ambiental imediato causado por sua instalação é baixo ou irrisório”, complementa Rita.
Na Usina São Francisco, até mesmo os métodos de conservação do espaço foram pensados com respeito à natureza. Pontos de água foram disponibilizados nas proximidades das placas, evitando o desperdício durante a limpeza.
“A lavagem das placas será feita somente com água, evitando assim qualquer contato de produto químico diretamente no solo, sendo este também um processo sustentável”, adianta Taschetto.
Papa Leão celebra a missa pelo cuidado da criação, em Castel Gandolfo
O exemplo do Vaticano
A inauguração da Usina acontece na mesma semana em que o Papa Leão XIV celebrou, pela primeira vez, a Santa Missa com o formulário “pelo cuidado da criação”, apresentado no início de julho pelo Vaticano. A Eucaristia foi rezada na última quarta-feira (09) em Castel Gandolfo, na Itália, onde o Sumo Pontífice passa um período de férias.
Na homilia realizada durante a celebração, o Santo Padre recordou aos fiéis que “devemos rezar pela conversão de tantas pessoas, dentro e fora da Igreja, que ainda não reconhecem a urgência de cuidar da nossa casa comum”.
Ao lembrar que a Igreja é “o corpo do qual Cristo é cabeça”, Leão animou os fiéis ao trabalho pela ecologia integral. “A nossa missão de cuidar da criação, de levar-lhe paz e reconciliação, é a sua própria missão: a missão que o Senhor nos confiou. Nós ouvimos o clamor da terra, nós ouvimos o clamor dos pobres porque esse clamor chegou ao coração de Deus. A nossa indignação é a sua indignação e o nosso trabalho é o seu trabalho”, completou o pontífice.
O Santo Padre rezando a Missa pelo cuidado com a criação, em Castel Gandolfo
Além das orações, o coração da Igreja Católica também está empenhado em ações práticas em favor da Casa Comum. Em 21 de junho de 2024, o Papa Francisco promulgou o Motu Proprio Fratello Sole. Por meio deste documento, o pontífice – falecido em 21 de abril deste ano – ordenou a instalação de uma central de energia solar para o abastecimento energético da Cidade do Vaticano.
No texto, Bergoglio afirmou que “é necessário realizar uma transição para um modelo de desenvolvimento sustentável que reduza as emissões de gás de efeito estufa na atmosfera, consertando o objetivo da neutralidade climática. A humanidade dispõe dos meios tecnológicos necessários para afrontar essa transformação ambiental e suas perniciosas consequências éticas, sociais, econômicas e políticas e, entre elas, a energia solar tem um papel fundamental”.
“De certa maneira a gente vê a Usina como uma consequência, um desdobramento de todo este ensinamento que vemos presente na Igreja nestes últimos anos. Desde a Encíclica Laudato Si’, em 2015, a Igreja vem se empenhando bastante para trabalhar com o cuidado da Casa Comum, a consciência da ecologia integral. Então, esta Usina é fruto desta conversão ecológica. Temos a busca da conversão pessoal e aqui a gente vê a conversão ecológica que o papa Francisco se referia acontecendo. Essa iniciativa que o Papa teve no Vaticano também nos fez trabalhar e se empenhar em uma solução para uma iniciativa semelhante aqui no Santuário”, conta padre Fábio.
Muda de ipê amarelo foi plantada para simbolizar o cuidado com a Casa Comum
Uma contribuição para o mundo
A Usina deve gerar, anualmente, 10.200 megawatt-hora, segundo as estimativas iniciais. O valor é suficiente para o abastecimento energético de 5.600 residências ao longo de um ano com energia limpa, reduzindo a dependência de fontes poluentes. A geração representa, ainda, a redução de 5.100 toneladas de CO₂ lançadas na atmosfera a cada ano.
Os números inserem o Santuário em uma tendência global. Em 2024, 451,9 gigawatts (GW) de capacidade instalada de energia solar fotovoltaica foram adicionados no mundo, de acordo com o relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena).
“No cenário tecnológico atual, a busca por fontes de energia renovável está em destaque pelas principais potências mundiais como a China e Estados Unidos. A indústria tecnológica empenha-se fortemente em melhorar a eficiência desses materiais e reduzir seus custos para melhor usufruí-la e torná-la cada vez mais acessível. Esse esforço se motiva pela busca de práticas mais ecologicamente aceitáveis, reduzindo o impacto ambiental e contribuindo para a preservação do meio ambiente às gerações futuras”, contextualiza Rita.
O Brasil é o sexto colocado no ranking global de energia solar de 2024, ainda segundo o relatório da Irena. Em março deste ano, o país atingiu 55 GW. Destes, 37,4 GW foram gerados por sistemas de menor porte e 17,6 GW advindos de grandes usinas solares, como a inaugurada pelo Santuário Nacional.
“Os sistemas de geração distribuída, como chamamos as usinas de pequeno e médio porte conectadas ao Sistema Interligado Nacional, também trazem benefícios para o fornecimento de energia geral porque retarda parcialmente a necessidade de incrementar o fornecimento com outras fontes e diminui perdas de energia causadas durante a transmissão por fontes de geração mais distantes”, explica a engenheira eletricista.
Usina Fotovoltaica São Francisco
“Dei-vos o exemplo” (Jo 13,15)
Além da geração energética para o complexo da Basílica e o impacto ambiental, a construção da Usina Solar São Francisco pretende, ainda, motivar os devotos de Nossa Senhora Aparecida no cuidado com a Casa Comum.
“Esta iniciativa é de suma relevância, pois, vindo da Casa da Mãe Padroeira do Brasil pode inspirar os brasileiros e pessoas ao redor do mundo a também pensar em atitudes em prol do meio ambiente que vem sendo tão maltratado nestes últimos tempos”, exclama Ana.
Conheça estas e outras iniciativas do Santuário Nacional em favor da Casa Comum no site: www.a12.com/casacomum.
Conheça presentes de Aparecida recebidos pelo Papa Leão XIV
Presentes retratam o Santuário Nacional, a Família dos Devotos e a TV Aparecida e foram entregues em Audiência na Biblioteca do Palácio Apostólico, no Vaticano.
Santuário Nacional acolhe a 35ª Romaria das Missões Redentoristas
Aproveitando o período do Advento, os religiosos vêm ao Santuário realizar um trabalho pastoral para ajudar no atendimento aos peregrinos que por aqui passam.
Nossa Família sob o Manto da Mãe: Celebração especial encerra o mês da Padroeira com emoção e gratidão
A celebração aconteceu na Capela Reservada, espaço que abriga a imagem original da Rainha e Padroeira do Brasil, e contou com a presença dos Missionários Redentoristas, apresentadores da Rede Aparecida e participantes da Família dos Devotos.
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