Sínodo sobre a Sinodalidade inspira-se no Concílio realizado há seis décadas para realizar maior escuta da história moderna da Igreja Católica.
Revista de Aparecida

Uma resposta concreta ao Concílio Vaticano II

Sínodo sobre a Sinodalidade inspira-se no Concílio realizado há seis décadas para realizar maior escuta da história moderna da Igreja

Escrito por Victor Hugo Barros

28 OUT 2022 - 10H10 (Atualizada em 10 JAN 2023 - 15H44)

Os sinos da Basílica de São Pedro, no Vaticano, soaram marcando às 8h30 daquele dia 11 de outubro de 1962.

Logo, uma grande procissão começou a tomar conta da Praça de São Pedro. Dela participaram sete patriarcas, 80 cardeais, 1.619 arcebispos e bispos, 975 superiores gerais de ordens religiosas e 400 teólogos, representando toda a Igreja. Começava ali o Concílio Vaticano II, que há 60 anos marcou a história da Igreja.

“Ele foi um ponto alto da vida da Igreja no sentido de colocá-la em sintonia com as pessoas que vivem na nossa época. Então o Concílio vai projetar uma Igreja de comunhão e participação”, ressalta o bispo de Santo André (SP), Dom Pedro Carlos Cipollini.

Durante os três anos de trabalhos, o Concílio contou com a participação dos papas João XXIII, responsável pela convocação e abertura do encontro, e Paulo VI, que concluiu as discussões em dezembro de 1965. O evento retomou aspectos do Cristianismo que eram pouco explorados, como a Sinodalidade.

“A sinodalidade é a essência da Igreja. É o modo de ser, de operar, de viver, de proceder da Igreja, como definiu a comissão teológica internacional”, afirma o secretário da comissão teológica do Sínodo, o teólogo Rafael Luciani.

Para manter vivo o espírito da sinodalidade e da colegialidade – marcas da reunião conciliar – o papa Paulo VI estabeleceu, em 15 de setembro de 1965, a instituição do Sínodo dos Bispos. A criação do organismo se deu a partir do Motu Proprio Apostolica Sollicitudo, onde o então pontífice afirmava que o órgão tinha por finalidade “proporcionar as informações diretas e fidedignas sobre os problemas e situações atinentes à vida interna da Igreja, e sua correspondente ação no mundo atual”.

Como parte dos trabalhos do Sínodo sobre a Sinodalidade, ao longo de 2022, fiéis de todo o mundo foram consultados em suas paróquias e comunidades. De acordo com dados da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em todo o país, 254 dioceses e oito organizações religiosas enviaram contribuições para o processo sinodal. Os dados foram contabilizados pela Conferência Episcopal e apresentados no Santuário Nacional, durante a 59ª Assembleia Geral da CNBB, no último mês de setembro.

A partir daí, foram realizados 16 sínodos. O último deles, aberto em 2021 pelo Papa Francisco, o Sínodo sobre a Sinodalidade. Por determinação do próprio pontífice, o momento ampliou a consulta sinodal – antes restrita aos bispos – a todos os fiéis. “Sínodo quer dizer caminhar juntos. A Igreja quer caminhar junto numa participação de todos”, explica Dom Cipollini. “É isto a proposta da sinodalidade que tem sua raiz no Vaticano II que, por sua vez, tem sua raiz na Igreja dos primeiros tempos, dos primeiros séculos, que era sinodal, de forma que é um resgate da sinodalidade que sempre existiu na Igreja, mas que por um grande espaço de tempo ficou esquecida”.

“Por isso este Sínodo é tão importante para definir o futuro da Igreja à luz do Concílio Vaticano II, especialmente desta eclesiologia do povo de Deus, que se concentra no capítulo segundo da Lumen Gentium”, completa Luciani.

Faltando um ano para o encontro no Vaticano, que culminará o processo sinodal, desenvolve-se agora a etapa continental, realizada em todo o mundo até março de 2023. O Brasil auxilia a construção da síntese do Cone Sul do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), que também conta com participações do Uruguai, Paraguai e Argentina.

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