A Igreja cultiva, por tradição recebida do próprio Jesus, o sacramento da Reconciliação. Esse sacramento, conhecido por muitos como confissão, consta, na verdade, de três momentos:
1) a tomada de consciência do pecado e o arrependimento;
2) a confissão propriamente dita diante do sacerdote;
3) o ato de louvor e reparação, que chamamos de penitência.
Foi Jesus mesmo que ordenou à comunidade que fosse a dispensadora do perdão, quando delegou aos seus apóstolos o poder de perdoar os pecados (Jo 20,23) e disse a Pedro que ligasse todos com o Reino dos Céus (Mt 16,19).
Jesus sabe que o pecado tem sempre um caráter social e comunitário e, por isso, é preciso ter coragem e humildade para abrir nosso coração diante da comunidade, representada pela pessoa do padre.
Porém, o mais importante, quando fazemos algo de errado e que machucou a vida de alguém, é nos arrependermos e fazer o propósito de não mais cometer o mesmo erro. Obviamente, o arrependimento completo supõe que o erro seja reparado.
Se você, por exemplo, inventou uma calúnia, não adianta arrepender-se simplesmente. É preciso, com coragem, retratar-se em público e dizer que aquilo que foi dito não é verdade. Esta é a parte mais difícil, não é? Mas é necessária!
Do mesmo modo, se você ofendeu alguém com palavras e gestos, arrependa-se e procure a pessoa para pedir perdão.
Leia MaisA partir de quando as crianças podem se confessar?Quando devo me confessar? O A12 responde!Por que preciso fazer o Ato de Contrição ao confessar?Ou seja, recomeçar significa refazer os laços com aqueles que foram ofendidos.
O arrependimento verdadeiro não pode ser só da boca para fora. Por isso não adianta confessar-se apenas com Deus. Seria muito fácil e descomprometido.
Quando eu vou me batizar, para começar minha vida eclesial, eu não conto com a mediação sacramental do padre para que eu possa receber a graça do Espírito Santo? Assim, quando peco, eu também busco de maneira concreta o sacerdote para me ajudar a encontrar o perdão sacramental de meus erros e pecados.
Deus se ofende com nossos pecados, justamente porque Ele está presente em nossos semelhantes e sofre quando fazemos algo errado. O padre, nesse caso, é o mediador entre a pessoa que pecou e a comunidade que foi ferida pelo pecado.
Não é o padre que concede o perdão, mas Deus. O padre é apenas um sinal visível de Deus e aquele que dispensa da graça sacramental em nome da Igreja.
O pecado é sempre algo concreto. Por que, então, queremos pedir perdão de forma abstrata? Não seria isso um pouco de covardia e medo de reconhecer nossas misérias?
Além do mais, os padres não estão querendo saber a vida íntima de ninguém. Tanto que, além de ser feito em sigilo absoluto, a confissão não é uma história que vá ficar na memória do padre. Ele ouve, aconselha e perdoa.
Enfim, não tenha receio de confessar-se. Confie na graça de Deus e deixe que ele realiza maravilhas em você.
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