Por Eduardo Gois Em Notícias Atualizada em 20 AGO 2018 - 12H24

Sistema político já não atende anseios do eleitor

Já são 19 anos de discussões sobre reforma política, mas nenhum resultado se concretizou. O que o brasileiro vê é um cenário grande de corrupção. Mas reformas interessam aos políticos? O JS convidou dois especialistas para discutir o tema: o economista especializado em política internacional Marcus Eduardo de Oliveira e a colunista de economia e jornalista Mariana Mascarenhas.


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Na avaliação de Marcus Eduardo de Oliveira, um dos principais motivos – se não o principal – por ainda não ter ocorrido uma reforma política é a total falta de interesse dos ocupantes dos cargos. “É uma vergonha, por exemplo, eleger um senador e, indiretamente, caso haja afastamento ou algum impedimento desse, eleger dois outros suplentes que, quase sempre, são desconhecidos do eleitor, pois sequer aparecem nas campanhas eleitorais”, comenta.

Para ele, o fato é um exemplo de que não há nenhum compromisso dos suplentes com as possíveis mudanças propostas. “Não há sequer clareza de responsabilidade. Há e sempre houve uma ideia corrente de que deputados e senadores representam, na essência, o povo. Isso nada mais é que uma falácia. Os parlamentares representam, num primeiro e único momento, os interesses de grupos próximos e, num segundo momento, os interesses exclusivos do partido.”

De acordo com Marcus, outro motivo que faz com que as reformas não saiam do papel é a falta de seriedade. “Se houvesse seriedade, não haveria, em primeiro lugar, uma gama de privilégios dos quais os parlamentares jamais irão abrir mão. Há alguns absurdos que são inconcebíveis. Por exemplo, parlamentares que contam com assessores quase que exclusivamente para fazer check-in's, evitando-se assim que os nobres parlamentares fiquem em filas”, acrescenta.

Uma sopa de partidos

Leia MaisVale a pena votar?Já são quase 40 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A título de comparação, por exemplo, no Japão, são três partidos. Na Suécia, sete. No Canadá, o total são cinco partidos. Temos ainda, oito partidos na Itália e dois nos EUA (Democratas e Republicanos), além de mais quatro que concorrem somente à Presidência.

Diante disso, o eleitor brasileiro questiona qual a solução, pois não sabe sobre qual seria a ideia melhor. Seria ter mais ou menos partidos? Ou o número não importa, mas sim o jeito como as coisas andam?

Segundo a jornalista Mariana Mascarenhas, mais grave do que o elevado número de partidos registrados no TSE são as estruturas de poder nas quais se encaixa cada um, denotando a grande desigualdade partidária. “Sempre que as eleições se aproximam, os partidos grandes se desesperam para conseguir apoio de outros partidos e, assim, aumentar o tempo de campanha nas mídias. Este é o grande problema: as coligações partidárias”, opina.

Já Marcus Eduardo acrescenta que o Brasil precisa de partidos com qualidade e representatividade. “Sou da opinião de que não há problema em se ter excesso de partidos. A questão mais proeminente, no meu entendimento, é a representatividade. É isso o que importa, é isso que faz toda a diferença”, diz.


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